Castigado, setor de combustível do Brasil vê incertezas, mas não mudança de rumo
O setor viu quedas de 50% no consumo de diesel, 65% na gasolina e 75% em etanol nos piores momentos da crise (Imagem: Reuters/Jamil Bittar)
Diante de projeções oficiais de que as vendas de 💥️gasolina e 💥️etanol só voltem ao patamar pré-crise em 2022 na melhor das hipóteses, e de que o mercado de 💥️diesel obtenha essa paridade com 2023 apenas no ano que vem, o 💥️setor de combustíveis do Brasil deve se preparar para um tempo de muita incerteza e volatilidade de preços.
Mas a abertura do mercado, incluindo um processo de venda de refinarias pela 💥️Petrobras (💥️PETR3; 💥️PETR4) e a chegada de novos investidores, deve seguir seu curso, ainda que a crise possa atrasar a velocidade das mudanças, disse a presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), Clarissa Lins.
O setor viu quedas de 50% no consumo de diesel, 65% na gasolina e 75% em etanol nos piores momentos da crise, e o mercado melhorou significativamente com a reversão de muitas medidas de isolamento. Mas ainda há um longo caminho para percorrer até que o país possa voltar a vender os mesmos níveis de 2023, e ainda há nesta equação o imponderável, que diz respeito, por exemplo, aos hábitos da população e seus deslocamentos.
“Estamos observando o comportamento do consumidor. Ainda que levantem as medidas de isolamento, a gente ainda não sabe exatamente qual será o comportamento do consumidor em termos de deslocamento e de opções de transporte. Esses são fatores que temos de olhar com muito cuidado”, disse Clarissa Lins, eleita conselheira da recém-criada Associação Brasileira de Downstream (ABD), que nasceu dentro do IBP para abrigar 💥️empresas da logística de distribuição e futuros refinadores, além da Petrobras.
A dirigente do IBP citou alguns cenários traçados pela estatal 💥️Empresa de Pesquisa Energética (💥️EPE), que indicam queda de no mínimo 2,4% no 💥️consumo de diesel em 2023 ante 2023, e de no máximo 8%, enquanto nos combustíveis do ciclo Otto (etanol e gasolina) os recuos este ano seriam entre 8% e 17%.
No melhor cenário da EPE, o ciclo Otto voltaria a ter consumo de 54,7 bilhões de litros em 2022, no pior seguiria amargando queda de mais de 10% nos próximos dois anos.
Para o diesel, o combustível mais consumido do país, no melhor cenário haveria crescimento até 2022 (Imagem: Reuters/Paulo Whitaker)
Para o diesel, o combustível mais consumido do país, no melhor cenário haveria crescimento até 2022 ante os níveis pré-pandemia, e no pior uma leve redução, disse a conselheira da ABD, também é integrada por representantes da 💥️BR Distribuidora (💥️BRDT3), 💥️Raízen, 💥️Ipiranga, 💥️Braskem (💥️BRKM5) e 💥️Transpetro, entre outras.
“As principais variáveis são o período de distanciamento social, se tiver uma segunda onda de contágio… Mas além disso tem a reação do consumidor… será que continuaremos optando por trabalhar remotamente, será que vamos continuar optando por comércio digital e entregas domiciliares?”, ponderou.
Ela comentou, por outro lado, que o mercado de combustíveis “responde muito rápido aos movimentos”, no caso de uma retomada dos deslocamentos, assim como costuma acompanhar a economia.
“O que se deve esperar é mais volatilidade, vai ter um mercado respondendo a movimentos de reaberturas e retração de maneira instantânea.”
Abertura
A pandemia pegou o setor em momento de mudança, com a Petrobras em processo de venda de oito de suas refinarias, um desinvestimento que deve envolver cerca de metade da capacidade de refino do 💥️Brasil.
A pandemia pegou o setor em momento de mudança, com a Petrobras em processo de venda de oito de suas refinarias (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)
Mas a presidente do IBP não acredita em retrocesso nesse processo, ainda que o ritmo dos desinvestimentos da estatal possa ser atrasado.
“A direção dessa mudança está dada. A velocidade da implementação das mudanças pode sofrer impacto da crise econômica… A Petrobras não interrompeu o processo e os interessados continuam analisando”, disse ela, destacando que o mercado no Brasil é enorme, o nono do mundo, com cerca de 2,4 milhões de barris/dia.
“O tamanho do nosso mercado é a grande âncora dessa abertura.”
Desde que a Petrobras passou a adotar preços de mercado para os combustíveis, já há dois governos, isso ajudou a atrair mais investidores, não somente em refino, mas também em distribuição, infraestrutura e logística & algo que poderia ser ampliado com uma simplificação tributária que possa evitar sonegação, defendeu a presidente do IBP.
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