M. Dias Branco busca recompor margens após disparada do câmbio

Farinha

Fizemos a primeira precificação do portfólio no início do ano e a segunda em junho, o que minimiza um pouco o efeito do câmbio (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Na expectativa de um segundo semestre economicamente afetado pela pandemia do 💥️coronavírus, a companhia de alimentos M. Dias Branco, uma das maiores produtoras de farinha de 💥️trigo, massas e biscoitos do Brasil, adotou estratégias para recompor margens afetadas pelos impactos do 💥️câmbio sobre os custos de produção.

Investimentos em automatização, maquinário, estocagem, hedge cambial, otimização de portfólio, nas malhas logísticas e operacionais são algumas das medidas adotadas pela empresa, que tem no trigo a principal matéria-prima, muito importada pelo 💥️Brasil.

A estratégia de repasses de custos ao consumidor final foi colocada em prática em duas rodadas, mas o vice-presidente de Investimentos e Controladoria da empresa, Gustavo Lopes Theodozio, disse à Reuters que não será possível repassar 100% do aumento das despesas.

“Fizemos a primeira precificação do portfólio no início do ano e a segunda em junho, o que minimiza um pouco o efeito do câmbio… mas a recomposição de margens é algo muito desafiador”, afirmou o executivo da companhia que é líder nos mercados de biscoitos e massas no Brasil, com mais de 30% de market share.

Ele não detalhou a alta no preço do trigo para a empresa. No mercado de referência do 💥️Paraná, a matéria-prima registra alta de cerca de 40% no acumulado do ano, para patamares nunca vistos de mais de 1.200 reais por tonelada, enquanto o 💥️dólar subiu mais de 30% no período.

Em abril, a associação representante do setor Abimapi disse à Reuters que a indústria brasileira preparava reajustes de 12% a 30% no portfólio durante o primeiro semestre, para repassar o aumento de custos com trigo impulsionado pelo dólar.

Mais recentemente, a entidade reportou alta de cerca de 5% no faturamento do segmento no primeiro quadrimestre.

A cotação do dólar interfere na paridade de preços do trigo, principal matéria-prima dos moinhos do setor, e no valor dos insumos importados que são utilizados na formação de blends para o portfólio da indústria.

Tradicionalmente, o Brasil precisa de trigo importado, em sua maioria da 💥️Argentina, para complementar a oferta nacional e atender a demanda doméstica estimada em mais de 12 milhões de toneladas.

No caso da M. Dias, Theodozio disse que faz parte dos negócios da companhia buscar trigo de diversas fontes e acessar tanto o mercado argentino, quanto o norte-americano, canadense e russo para composição das receitas de seus produtos.

“(Com isso), o grande ofensor (das margens) é o câmbio, em função da instabilidade global e doméstica (atrelada à pandemia), questão política, etc”, afirmou.

Para ele, o dólar perto de 5,50 reais “machuca demais o custo médio” da operação. Na terça-feira, a moeda norte-americana fechou em alta cotada a 5,38 reais.

“Você tem o efeito do aumento de custos, por outro lado, em função da pandemia, você vê uma recessão 💥️econômica grande chegando.

Tem uma queda da renda dos brasileiros acentuada a partir do segundo semestre e o repasse de 100% do custo para o consumidor não é possível. Temos que achar outras ferramentas para neutralizar esse efeito”, explicou.

Medidas

Ele contou que a companhia começou a trabalhar com hedge cambial como medida de proteção e mantém capacidade de estocagem de matéria-prima para, aproximadamente, quatro meses, na tentativa de mitigar as oscilações do dólar e do preço do trigo.

“Além de conseguirmos atuar com portfólio mais rico, estamos fazendo um trabalho de melhoria de produtividade que já vinha desde janeiro. E ele passa por todas as áreas, otimização de malhas logísticas, operacionais”, comentou.

Na área logística, foi integrada a distribuição de produtos da Piraquê, fabricante de biscoitos adquirida pela M.Dias em 2018.

O executivo disse que também foi feito um ajuste na força de vendas da empresa e admite que percebeu uma elevação na demanda interna decorrente das medidas de isolamento social contra o novo coronavírus.

“Produtos das nossas categorias estão bastante demandados em função da pandemia, principalmente farinhas, massas e biscoitos… Houve um pico de consumo entre o fim de março e início de abril, que se normalizou em meados de maio, mas segue forte devido ao aumento da alimentação dentro dos lares”, disse.

Questionado sobre o percentual de aumento na demanda associada à crise da Covid-19, Theodozio afirmou que é difícil mensurar, pois parte do consumo também estaria atrelado a um plano estratégico que vem sendo executado pela companhia desde antes da pandemia.

Autossuficiência em Farinha

Um dos principais elementos deste plano estratégico foi a operacionalização de um novo moinho de trigo em Bento Gonçalves (RS), inaugurado em dezembro de 2023, o que garantiu à empresa autossuficiência em farinha de trigo.

“Com a chegada deste moinho, estamos praticamente sem nenhuma dependência de farinha de terceiros para nossa produção”, afirmou.

Sem revelar valores, Theodozio ressaltou que a M. Dias ainda segue investindo em automatização, em máquinas de produção na planta do 💥️Rio de Janeiro e em um processo de expansão “relevante” na atuação entre as regiões Sul e Sudeste, o que também pode contribuir para baixar custos com matéria-prima nacional.

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