Para onde vai o dólar, já que nem o Banco Central sabe?
A queda do real em 2023 chega a 25%, contra 13% da lira turca, um país muito mais instável e com um déficit de conta corrente crescente (Imagem: Pixabay)
Determinar o rumo de uma moeda é uma das tarefas mais difíceis para qualquer economista, mas deixar de ter projeção alguma também não é uma opção quando se é preciso estimar variáveis que dependem do câmbio.
Tal verdade é bastante conhecida no mercado, mas chamou a atenção dos economistas e investidores a fala do presidente do 💥️Banco Central do Brasil, 💥️Roberto Campos Neto, 💥️que na semana passada disse não saber o que está acontecendo com o dólar no País.
Segundo ele, a autarquia ainda não tem uma boa explicação sobre as causas do aumento da volatilidade do câmbio no país, e continua investigando a questão. Entre as causas examinadas, está o maior volume de trading de contratos de menor volume, de investidores menores.
Outras explicações, que Campos Neto disse também achar ruins, são o overhedge dos bancos e robôs de trading com volumes mais expressivos que estariam aproveitando o cenário de juros baixos no Brasil. “Investigamos isso também, e não é verdade”, afirmou sobre essa segunda hipótese.
A queda do real em 2023 chega a 25%, contra 13% da lira turca, um país muito mais instável e com um déficit de conta corrente crescente.
“A divergência no balanço de pagamentos de ambos os países leva a avaliações muito diferentes. Vemos o real brasileiro substancialmente subvalorizado, na faixa de 15%, enquanto a lira turca está supervalorizada em torno de 10%”, apontam os economistas do 💥️IIF, instituição internacional da indústria financeira.
“O comportamento recente da taxa de câmbio foi plenamente compatível com o comportamento recente dos ativos correlacionados a ela”, diz a MCM (Imagem: Reuters)
Para onde vai a moeda?
Mas, como precisamos de algum norte, vale a pena escutar o que os economistas têm a dizer.
“A elaboração de projeções para a taxa de câmbio é, usualmente, tão difícil que, segundo dizem, possui a virtude de tornar os economistas ‘mais humildes’. Por isso também é dito que ‘a melhor projeção para a taxa de câmbio amanhã é a taxa de câmbio hoje’. No entanto, neste momento, a taxa de câmbio corrente parece ser, efetivamente, a melhor indicação para a taxa de câmbio futura, por diversas razões”, explica a 💥️MCM Consultores em um relatório enviado a clientes.
O primeiro ponto levantado na análise é a avaliação do comportamento dos ativos financeiros que normalmente possuem elevada correlação com ele. “Em outras palavras, o comportamento recente da taxa de câmbio foi plenamente compatível com o comportamento recente dos ativos correlacionados a ela, sugerindo que o câmbio está próximo do ‘lugar correto’ neste momento”.
Roberto Campos Neto, do BC, não sabe o que está acontecendo com o dólar (Imagem:REUTERS/Ueslei Marcelino)
O segundo ponto é a redução da volatilidade de muitos dos ativos financeiros no exterior e no Brasil, incluindo-se nesta lista parte relevante dos ativos que possuem elevada correlação com o câmbio. “A relação entre o 💥️dólar e uma cesta de moedas ponderada pelo comércio exterior dos EUA com os seus parceiros econômicos têm flutuado dentro de um intervalo estreito desde o início de junho”.
Por fim, a terceira explicação é a relativa estabilização do cenário macroeconômico. “O mercado parece estar, por ora, “confortável” em relação ao que sabe e ao que não sabe a respeito do cenário econômico”.
Na visão da MCM, o câmbio também tem flutuado dentro de um intervalo relativamente definido, ainda que largo, desde o final de junho e tal tendência deverá ser mantida por um bom tempo ainda.
“Quanto aos riscos para este cenário, em poucas palavras, o balanço parece pender para o eventual aumento das pressões sobre o câmbio, especialmente por conta das perdas a serem ainda impostas pela pandemia ao redor do mundo e no Brasil, e do ainda conturbado ambiente político doméstico”, concluem os economistas.
O 💥️relatório Focus do BC, que reúne a opinião de uma centena de economistas, está há quatro semanas com a mesma projeção de R$ 5,20 para o dólar em 2023.
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