Odontoprev apresentou um belíssimo balanço, mas pelos motivos errados
Sorriso amarelo: para analistas, Odontoprev não tem o que comemorar (Imagem: Facebook/ Odontoprev)
Quem acompanha o mundo corporativo sabe que, algumas vezes, números bonitos não contam toda a história. A 💥️Odontoprev 💥️(ODPV3), maior operadora de planos odontológicos do país, é o primeiro exemplo da temporada de balanços do segundo trimestre.
O lucro líquido disparou 87%, na comparação com um ano atrás, e somou R$ 116,455 milhões. A margem líquida bateu recorde de 26,9%. O desempenho seria ainda mais impressionante, não fosse a provisão de R$ 15 milhões para cobrir a potencial inadimplência no segmento dos planos individuais.
Sem essa reserva de dinheiro, o lucro seria de R$ 131,8 milhões. Impressionante, para um trimestre que, até onde se sabe, representou o fundo do poço da economia global, na esteira da pandemia de coronavírus. Mas, para o 💥️Credit Suisse e o 💥️BTG Pactual 💥️(BPAC11), não há o que comemorar.
O banco suíço é eloquente, já no título do relatório que encaminhou aos clientes e foi obtido pelo Money Times: “As razões erradas para um bom resultado”. Maurício Cepeda, que o assina, afirma que “os resultados foram uma consequência da redução da utilização [dos planos] devido à Covid, ao lado de uma base de beneficiários que vem diminuindo.”
Para piorar, Cepeda observa que a perda de clientes ocorre em ritmo maior que o esperado.
Pior não passou
Além disso, a empresa ainda não sentiu totalmente o impacto da pandemia sobre a clientela, porque as empresas estão adiando demissões, por conta dos programas de suspensão de contratos de trabalho, ou, então, prorrogando o benefício para quem já foi desligado.
Samuel Alves e Yan Cesquim, autores do relatório do BTG Pactual, observam que a companhia perdeu 274 mil clientes nos últimos três meses. Além disso, o tíquete médio por cliente também recuou 3% na comparação com um ano atrás.
Tudo somado, a dupla do BTG acredita que a situação da Odontoprev ainda inspira cuidados, e os efeitos serão sentidos por mais tempo do que se imaginava. “Cremos que a combinação de nova redução do número de clientes com a pressão sobre o tíquete médio coloca riscos de cortes nas estimativas de consenso para os lucros de 2023”, dizem.
Tanto o BTG Pactual, quanto o Credit Suisse mantiveram a recomendação neutra para as ações, e ambos dão o mesmo preço-alvo de R$ 15 para os próximos 12 meses.
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