Thiago Cesar: Armadilha de Tucídides — a moeda digital chinesa e a ameaça ao padrão dólar

China Yuan Dólar

Confira análise sobre o lançamento da moeda digital chinesa no contexto de uma possível disputa de poder com o dólar americano por Thiago Cesar, CEO da Transfero Swiss AG (Imagem: Unsplash/@eprouzet)

Recentemente, a 💥️China iniciou os testes de sua moeda nacional digitalizada, chamada de 💥️e-RMB.

A iniciativa deriva dos recentes avanços tecnológicos introduzidos pelo surgimento das 💥️criptomoedas e do 💥️blockchain e caminha para ser a primeira moeda digital 💥️oficialmente criada pelo governo de um grande país.

A moeda terá controle centralizado e já está sendo testada por diversas 💥️empresas e 💥️bancos chineses. As implicações dessa iniciativa, entretanto, vão muito além do campo da inovação 💥️tecnológica

Uma das principais inovações das criptomoedas foi permitir transações internacionais de valores digitalmente escassos de forma independente.

Sabe-se que o atual sistema SWIFT é fortemente monitorado pelos governos dos 💥️EUA e da 💥️Europa, visando fluxos irregulares para países como 💥️Irã e 💥️Venezuela.

O advento do e-RMB, portanto, não só viabiliza um novo canal de transferência para países controversos, como abre as portas do comércio bilateral chinês para o mundo, sem qualquer ingerência política externa. 

Os anos subsequentes à Segunda Guerra Mundial posicionaram os EUA como a potência econômica dominante. O 💥️dólar foi instaurado como moeda de reserva, forçando os países a manterem estoques dessa moeda para participarem do comércio internacional.

O presidente 💥️francês Charles de Gaulle chamava isso de “privilégio exorbitante”, vantagem que constitui um dos principais alicerces para o status americano de potência global dominante. 

O recente posicionamento da China parece querer atacar esse alicerce. Estaríamos, então, diante de uma Armadilha de Tucídides?

Notas de dólar e iuan EUA China

Desafiar o padrão dólar talvez seja um dos maiores golpes da China em tempos da chamada guerra comercial contra os Estados Unidos (Imagem: REUTERS/Jason Lee)

O termo, cunhado pelo professor de Harvard Graham T. Alisson, descreve o cenário no qual “a expansão de um poder emergente é percebida com temor por uma potência dominante, levando-as ao conflito” e remete às origens e causas da Guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta.

Foram diversas as situações na História onde a rápida mudança no equilíbrio de poderes entre países levaram ao mesmo caminho. Portanto, uma ameaça chinesa ao poder dominante dos EUA poderá gerar a reação descrita por Tucídides, famoso militar e historiador grego do século V a.C? 

O mundo atual, em teoria, não suportaria uma guerra total entre países com capacidades nucleares. Assim, o conflito deve se dar nas esferas política, social e econômica, dando lugar a uma corrida na economia digital, ao controle da informação e ao colonialismo cibernético.

Nessas condições, a escalada de tensões entre Estados Unidos e China, fora da esfera puramente militar, parece ser axiomática, inevitável. 

Desafiar o padrão dólar talvez seja um dos maiores golpes da China em tempos da chamada guerra comercial contra os Estados Unidos.

A disrupção desse sistema poderá ser desastrosa para a 💥️economia americana, uma vez que seu principal veículo de financiamento se dá justamente pela impressão da moeda demandada, obrigatoriamente, pelo mundo inteiro.

A China, por outro lado, parece ter encontrado, na tecnologia dos 💥️ativos digitais, uma nova arma para o grande duelo do século XXI. 

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