A escada tecnológica do desenvolvimento econômico
“Países ricos fazem produtos complexos, países pobres fazem produtos não complexos”, dizem Paulo Gala e André Roncaglia (Imagem: Unsplash/@daniilvnoutchkov)
O gráfico abaixo retirado desse 💥️paper de Jesus Felipe mostra que o enriquecimento dos países depende do domínio produtivo de produtos sofisticados (índice PCI alto):
No eixo X, temos o 💥️PIB per capita médio dos países que produzem cada um dos 5107 produtos plotados no gráfico; no eixo y a complexidade de cada um dos produtos seguindo a metodologia de Hausmann e Hidalgo (2011).
Países ricos fazem produtos complexos, países pobres fazem produtos não complexos. A pesca de pequeno porte, por exemplo, é uma atividade extrativa que envolve apenas extrair da natureza algo que ela produziu. O esforço criativo é reduzido e as habilidades requeridas envolvem uma combinação de conhecimento dos rios e dos mares para navegação, do funcionamento do barco e como manipular as redes lançadas sobre as águas.
Não se trata de uma atividade fácil ou pouco exigente. Ao contrário, requer muito esforço físico e muita destreza na relação com a natureza: lembremo-nos do filme Mar em Fúria com George Clooney. Mais tempo na água e menos tempo com os livros: é muito esforço sem recompensa garantida.
Salários de pescadores são baixos apesar do gigantesco esforço. Conforme subimos a escada tecnológica em direção a produtos processados, ao queijo e aos cosméticos por exemplo, vamos adicionando camadas de sofisticação e etapas de produção, envolvendo processos mais complicados e que requerem maior conhecimento para que tudo saia como desejado pela sociedade e pelos consumidores; são produtos de baixa e média intensidade tecnológica que em geral pagam maiores salários e trazem mais produtividade aos trabalhadores em processos fabris de produção.
Mais acima na escada encontramos a nata do conhecimento e do conteúdo tecnológico. O último estágio dessa subida é representado por produtos de alta intensidade tecnológica, fortemente industrializados e que em geral demandam também serviços muito sofisticados.
Por exemplo, medicamentos e aparelhos de Raio-X, cujas produções requerem os mais qualificados conhecimentos e máquinas de altíssima precisão.
Nestes exemplos retirados do Atlas da Complexidade Econômica podemos entender por que alguns países conseguem enriquecer e outros não e por que o Brasil parou no tempo.
“A Argentina está no estágio da renda média, produzindo bens de baixa densidade tecnológica (ou low-tech) e de média intensidade (medium tech), como alimentos processados e ceras de sapato”, destacam Paulo Gala e André Roncaglia (Imagem: Pixabay)
A 💥️Holanda, por exemplo, se industrializou muito, e é capaz de produzir bens de média e alta 💥️tecnologia como máquinas de Raio-X e medicamentos (bem não ubíquos). A 💥️Argentina, por outro lado, está no estágio da renda média, produzindo bens de baixa densidade tecnológica (ou low-tech) e de média intensidade (medium tech), como alimentos processados e ceras de sapato; o Brasil também se encontra nesse estágio hoje.
Gana, na 💥️África, é um país muito pobre, onde a pesca ainda constitui importante fonte de renda e de nutrição para a população. A Holanda também faz queijos excelentes, ceras de sapato e tem um razoável setor pesqueiro. Consegue fazer o que todos conseguem fazer, mas também faz mais coisas que poucos países no mundo são capazes de fazer.
✅Trecho do livro “Brasil, uma economia que não aprende”, escrito por Paulo Gala e André Roncaglia.
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