O blockchain pode solucionar o problema da confiança?
Blockchains permitem que você crie sistemas onde você pode acompanhar as respostas a essas perguntas sem precisar confiar em ninguém (Imagem: Freepik/macrovector)
Na 💥️segunda parte de uma publicação sobre o 💥️valor do blockchain, 💥️Vitalik Buterin, cofundador da rede 💥️Ethereum, fala sobre a principal vantagem da 💥️tecnologia cripto e 💥️blockchain: não dependem de confiança.
Diferente de sistemas tradicionais (financeiros ou outros), onde você precisa confiar que uma entidade específica mantenha a base de dados de quem detém qual quantidade de fundos, quem possui um dispositivo específico alimentado por 💥️Internet das Coisas ou qual o status de um contrato financeiro específico, blockchains permitem que você crie sistemas onde você pode acompanhar as respostas a essas perguntas sem precisar confiar em ninguém (pelo menos em teoria).
Em vez de estar à mercê de uma parte arbitrária, alguém que usa a tecnologia blockchain pode se confortar ao saber que o status de sua identidade, de seus fundos ou da governança de seu dispositivo é mantida de forma segura em um registro distribuído ultrasseguro e sem a necessidade de confiança, apoiado por matemática.
Buterin desmistifica o conceito complicado da palavra “confiança” apresentando três definições, bem como uma quarta definição jurídica:
💥️1. Confiança em ou dependência de alguma pessoa ou qualidade: Ele precisa ganhar novamente a confiança dela se quiser reconquistá-la.
💥️2. Dependência sobre algo no futuro; esperança.
💥️3. Confiança no pagamento futuro de bens ou serviços fornecidos; crédito: Eu estava sem dinheiro, mas a proprietária me deu um crédito.
💥️4. Relação criada na direção de uma pessoa, em que uma ou mais pessoas detém a propriedade individual sujeita a certas tarefas para seu uso e sua proteção para o benefício de outros.
Sistemas “sem confiança” tendem a se esforçar para melhorar a confiabilidade do sistema dado um modelo em que sabemos pouco sobre as motivações das pessoas (Imagem: Freepik/starline)
Buterin afirma que nenhuma das quatro definições é exata, mas que nos aproxima de uma outra definição: “confiança é um modelo de um comportamento específico de uma pessoa ou de um grupo e o ajuste desse comportamento de acordo com esse modelo”.
Assim, ele explica que “confiança é a crença que uma certa parte será afetada por um conjunto específico de objetivos e incentivos em um determinado período”.
Em seguida, apresenta o termo “trustlessness” (algo como “falta de confiabilidade”) que, tecnicamente, não existe em sua forma absoluta, já que um sistema pode ser prejudicado pela má fé de alguns de seus gestores:
Quando um sistema afirma ser “sem confiança” [trustless], o que ele está tentando fazer é expandir o possível conjunto de motivações que pessoas devem ter enquanto mantêm uma probabilidade baixa de fracasso.
Quando um sistema afirma ser “confiável” [trustful], está tentando reduzir a probabilidade de fracasso dado um conjunto específico de motivações.
[…] Sistemas “sem confiança” tendem a se esforçar para melhorar a confiabilidade do sistema dado um modelo em que sabemos pouco sobre as motivações das pessoas, enquanto sistemas “confiáveis” tendem a se esforçar para melhorar a confiabilidade do sistema dado um modelo em que sabemos muito sobre as motivações das pessoas e sabemos que estas têm uma grande probabilidade de serem honestas.
O blockchain é confiável porque um grupo de pessoas é responsável pela manutenção da rede que, por sua vez, é menos suscetível a (Imagem: Freepik/stories)
Buterin usa a Crise Financeira Global de 2008 como exemplo para essa falta de confiança:
Temos medo que bancos realizem uma das armadilhas mais traiçoeiras e prejudiciais, como nos convencer de que determinado produto financeiro possui certo perfil de risco, mas esconder os riscos de um cisne negro.
Embora sempre tenhamos medo de que grandes corporações farão coisas conosco que sejam moderadamente desonestas, estamos, ao mesmo tempo, certos de que não farão nada realmente maldoso — pelo menos grande parte do tempo.
Então onde, no mundo de hoje, precisamos de confiança? Qual é o nosso modelo de objetivos e incentivos pessoais? De quem dependemos, mas não confiamos?
Em quem poderíamos confiar, mas não o fazemos porque não confiamos? De que exatamente temos medo do que poderão fazer? Como a tecnologia descentralizada do blockchain pode nos ajudar?
✅💥️Do ouro ao bitcoin: o que aprendemos
com a crise de 2008?
Blockchain fornece “atalho” para que futuros desenvolvedores dessas aplicações consigam obter resultados mais rápido (Imagem: Freepik/rawpixel.com)
Em vez de focar na falta de confiança, Buterin enfatiza a barreira de acesso.
A confiança em empresas que valem bilhões de dólares é “resultado de séculos de capital social criado sobre um processo que demoraria muitas décadas e muitos trilhões de dólares em investimento para ser replicado.
Geralmente, instituições só pagam de boazinhas porque são regulamentadas por governos e a própria regulamentação também possui altos custos secundários.
Assim, a promessa da tecnologia descentralizada não é criar sistemas que sejam mais confiáveis do que grandes instituições, e sim fornecer um “atalho” para que futuros desenvolvedores dessas aplicações consigam obter resultados mais rápido.
Tradicionalmente, criar um serviço que possui dados importantes de clientes ou altas quantias de fundos de clientes envolve um alto grau de confiança, bem como de esforço — alguns envolvem cumprir com regulamentações, outros convencem uma parte bem-estabelecida a emprestar sua marca, alguns compram ternos extremamente caros e alugam falsos “escritórios virtuais” no coração de Nova York ou Tóquio, e alguns simplesmente começam uma empresa bem-estabelecida que atende bem seus clientes há décadas.
Se você quer que confiem milhões a você, é melhor se preparar para gastar milhões.
O desenvolvimento na infraestrutura blockchain, por outro lado, é uma forma de um desenvolvedor de aplicações se comprometer em não ser um imbecil, para sempre (Imagem: Freepik/rawpixel)
Com a tecnologia blockchain, o caso é exatamente o contrário: desenvolvedores criam uma aplicação para provar que são honestos, programando para que o sistema funcione além de sua interferência, sem que haja o roubo de fundos de usuários que aplicarem dinheiro em sua plataforma.
“Mesmo no mundo desenvolvido, quanto menos esforço você precisar para convencer usuários que você é confiável, mais você estará livre para desenvolver seu produto”, explica ele.
Buterin argumenta que, quando um serviço se torna em um monopólio, tem o incentivo de manter esse monopólio.
Se isso implica o abalo à sobrevivência de empresas que tentam desenvolver na plataforma de forma que compitam com suas ofertas ou restrinja acesso aos dados de seus usuários dentro do sistema ou facilite a integração e dificulte a migração, existem diversas oportunidades para desacelerar e sutilmente afastar as liberdades desses usuários.
Cada vez menos confiamos que empresas façam isso. O desenvolvimento na infraestrutura blockchain, por outro lado, é uma forma de um desenvolvedor de aplicações se comprometer em não ser um imbecil, para sempre.
Ele também menciona um grande problema da internet: a exclusão de documentos importantes que se tornam inacessíveis quando um servidor não está mais disponível.
Isso pode ser solucionado graças ao blockchain, pois é um registro perpétuo de qualquer tipo de informação (ou “permanent web”) que, quando enviadas, não podem ser alteradas nem excluídas.
Por fim, ele afirma que confiança é algo complicado pois, por mais que desejemos viver sem ela, é impossível adivinhar do comportamento de uma outra parte. Reduzir a probabilidade de falhas do sistema é uma tarefa indispensável.
O tipo de descentralização descrito aqui não é prevalente no mundo físico, principalmente porque os custos de duplicação envolvidos são caros e o consenso é difícil: você não vai querer ir para cinco a sete agências governamentais para conseguir emitir seu passaporte e empresas onde decisões são tomadas por um grande comitê executivo tendem a diminuir rapidamente a eficiência.
Porém, no reino cripto, podemos nos beneficiar de quarenta anos de rápido desenvolvimento de hardwares computacionais de baixo custo capazes de executar bilhões de ciclos de processamento por segundo em sílica — e, assim, é lógico pelo menos explorar a hipótese de que intercâmbios ideias serão diferentes.
Isso é, de certa forma, a principal aposta da indústria de softwares descentralizados. Agora, vamos seguir em frente e ver até onde poderemos aguentar.
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