Produção de DDG de milho dispara no Brasil e avança no mercado do farelo de soja

Milho

Segundo levantamento da Scot Consultoria, na segunda quinzena de setembro o preço médio da tonelada do farelo de soja (Imagem: REUTERS/Bryan Woolston)

A produção de DDG, um subproduto da fabricação do 💥️etanol de 💥️milho, crescerá mais de 60% no 💥️Brasil neste ano, substituindo parte do farelo de 💥️soja na composição da ração animal, uma situação que vem ajudando produtores e consumidores numa conjuntura de oferta escassa e preços elevados das matérias-primas.

Para a União Nacional do Etanol de Milho (Unem), a produção de DDG (do inglês, grãos secos por destilação) no Brasil avançará para cerca de 2 milhões de toneladas em 2023, ante 1,2 milhão de toneladas em 2023, à medida que mais usinas de etanol de milho entram em operação, o que se encaixa bem com a demanda de criadores de bovinos, suínos e aves que lidam com custos altos.

“O DDG faz uma substituição do farelo de soja, ele tem um preço mais acessível, ele é mais barato, apesar de ter um nível de proteína menor…”, afirmou à Reuters o presidente da Unem, Guilherme Nolasco.

“Mas neste momento de alta desenfreada do preço do milho e da soja, ele tem sido uma excelente alternativa às cadeias de produção, principalmente dos bovinos, dado o momento histórico de seca que o país atravessa”, acrescentou Nolasco, lembrando que, com pastos secos, o produto complementa a alimentação animal.

Além de ser alternativa para alimentação do gado, que absorve a maior parte da produção de DDG no Brasil, a avicultura e a suinocultura também estão substituindo uma parte do farelo de soja pelo subproduto do milho, uma indicação do potencial dessa matéria-prima, que já é utilizada em grande escala nos Estados Unidos, maiores produtores globais de etanol.

“Os coprodutos das usinas de etanol de milho, DDG (seco) e WDG (úmido), têm ganhado espaço no mercado substituindo ou compondo com o farelo de soja e outras fontes de proteínas. O que tem estimulado isso é a melhor relação custo/benefício, e a inserção na dieta de bovinos, suínos e aves”, comentou Thayná Drugowick de Andrade, zootecnista que atua na Scot Consultoria.

Ela disse ainda que DDG e o WDG ganharam mercado como uma alternativa de fonte proteica, mas também possuem bons níveis de energia em sua composição, o que também interessa aos criadores.

“Esses coprodutos vêm ganhando destaque em função dos preços mais atrativos e por serem adaptáveis a diferentes dietas, podendo entrar tanto como proteico, substituindo o farelo de soja ou farelo de algodão, ou como proteico energético, substituindo o próprio milho grão”, completou.

Segundo levantamento da Scot Consultoria, na segunda quinzena de setembro o preço médio da tonelada do farelo de soja, considerando Mato Grosso como referência, estava em 2 mil reais, enquanto o DDG estava cotado a mil reais. Se a diferença de preço é grande, em termos de proteína bruta o diferencial entre os produtos é menor, com o farelo tendo 48% e o DDG 32%, em média.

Thayná estima um aumento na oferta de DDG este ano no Brasil de cerca de 62% na comparação com 2023, enquanto o consumo de farelo de soja no país, concorrente do subproduto do etanol de milho, deverá cair 3,2%, para 16,7 milhões de toneladas, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

O consumo de farelo de soja no Brasil terá redução apesar da expectativa de aumento de 4% na produção nacional de ração animal este ano, para mais de 80 milhões de toneladas, número que inclui o sal mineral, disse à Reuters o presidente-executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani.

“Levando em conta o preço que o farelo alcançou, e o milho também, o DDG é um ingrediente que se encaixa bem…”, concordou o dirigente do Sindirações, ponderando que o produto complementa a oferta de matérias-primas em momento de grande demanda por carnes brasileiras no exterior, fator-chave para o aumento da produção de ração neste ano.

Compensa Custo

De outro lado, o DDG tem sido muito estratégico para ajudar a compensar o aumento de custo da matéria-prima para a indústria de etanol, já que o milho dobrou de preço, mas o biocombustível não.

“Pelo contrário, o etanol está em recuperação, voltando ao preço de janeiro, e quem segura esse aumento de custo da matéria-prima para a indústria de etanol é o DDG”, disse o presidente da Unem, lembrando que a pandemia afetou o mercado do combustível.

Ele citou que o farelo de soja subiu desde o início do ano de 1.100 para 2.200 reais por tonelada, base Mato Grosso, enquanto o DDG avançou de 600 para 1.100 reais por tonelada, e o milho saiu de 24 para 48 reais por saca de 60 kg.

A Unem, cujas indústrias associadas estão concentradas em Mato Grosso e Goiás, onde também estão grandes consumidores da matéria-prima para ração, incluindo confinadores bovinos e criações de suínos e aves, projeta crescimento de 20% na produção de DDG para o ano que vem, a 2,4 milhões de toneladas, na esteira de um aumento da fabricação de etanol de milho no país, para 3,2 bilhões de litros.

Ainda que a produção de DDG tenha disparado em 2023, a maior parte da oferta já está vendida pelas usinas até o final do ano, revelou Nolasco, acrescentando que contratos de venda estão sendo fechados agora para entrega em 2023.

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