Dólar salta 1,2% com piora externa; receios fiscais e “overhedge” mantêm câmbio pressionado

Dólar

O dólar à vista subiu 1,15%, a 5,4792 reais na venda (Imagem: Pixabay)

O 💥️dólar fechou em firme alta contra o real nesta quinta-feira, revertendo queda expressiva de mais cedo, conforme investidores reagiram à piora de sinal nos mercados externos e a receios de continuidade de gastos relacionados à pandemia no 💥️Brasil em 2023.

O dólar à vista subiu 1,15%, a 5,4792 reais na venda, perto das máximas da sessão, depois de pela manhã cair 1,18%, para 5,3529 reais.

Na 💥️B3 (💥️B3SA3), o dólar futuro, que encerra às 18h15, saltava 1,79%, a 5,4950 reais, às 17h05.

O real teve o pior desempenho entre as principais divisas nesta sessão, mas de forma geral o dia foi de fraqueza para moedas emergentes, conforme outros ativos de risco, como ações, recuavam em meio à disparada de casos de 💥️Covid-19 no mundo e aos potenciais efeitos sobre a economia global decorrentes de novas restrições na Europa e nos Estados Unidos.

Sinal da aversão a risco, o Ibovespa caía 2,6% no fim da tarde, enquanto o índice S&P 500, da Bolsa de Nova York, recuava 1,25%.

O preço do título soberano norte-americano de dez anos considerado o ativo mais seguro do mundo saltava, o que causava um tombo de 10,4 pontos-base em seu rendimento.

Além do fator externo, Joaquim Kokudai, gestor na JPP Capital, chama atenção para o retorno do foco para os problemas fiscais no Brasil.

“O que desanima é que não se vê concretamente nenhum movimento claro na direção de resolução dos problemas das contas públicas. Guedes perdeu credibilidade”, disse, citando o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em evento mais cedo, o líder da equipe econômica disse que o plano do governo para o auxílio emergencial é encerrá-lo ao fim deste ano, com retorno ao Bolsa Família como programa de transferência de renda, mas alertou que, caso haja uma segunda onda de Covid-19 no país possibilidade que classificou como baixa, o auxílio deverá ser mantido e um novo estado de calamidade pública deverá ser decretado.

O mercado já anda às voltas com riscos de manutenção de gastos relacionados à pandemia para 2023, temendo que a extensão dessas despesas provoque o descumprimento do teto de gastos que limita os gastos do governo à inflação do ano anterior. Esse dispositivo é considerado a âncora fiscal do Brasil neste momento e seu rompimento poderia deflagrar uma nova rodada de piora nos preços dos ativos financeiros domésticos.

Operadores avaliam que a pressão de alta sobre o dólar deve persistir no curto prazo, à medida que se aproxima o fim do ano, período tradicionalmente marcado por fluxo cambial negativo. A demanda pela moeda adicionalmente será reforçada por compras relacionadas ao “overhedge”.

O desmonte do “overhedge” proteção cambial adicional adotada por bancos e cuja eficiência foi colocada em xeque diante de mudanças, anunciadas neste ano, em regras tributárias pode implicar compra de mais cerca de 15 bilhões de dólares até o fim do ano, segundo cálculos de algumas instituições financeiras.

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