Garimpo e outras atividades ilegais põe quase 13 da Amazônia sob risco
Extração de madeira, mineração e plantios ilegais compõe uma rede de atividades que devastam a floresta ao mesmo tempo que movimentam milhões de dólares por ano (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)
Nos últimos oito anos, as atividades ilegais na região Amazônica & não apenas no 💥️Brasil, mas também nos países vizinhos& cresceram e aumentaram a pressão sobre a floresta, mostra o Atlas 💥️Amazônia Sob Pressão, feito pela Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg), consórcio de entidades ambientais dos países amazônicos.
Extração de madeira, 💥️mineração e plantios ilegais compõe uma rede de atividades que devastam a floresta ao mesmo tempo que movimentam milhões de dólares por ano.
De acordo com dados levantados pelo Atlas, 27% da floresta sul-americana & além do 💥️Brasil, 💥️Peru, 💥️Bolívia, 💥️Equador, 💥️Colômbia, 💥️Venezuela, Suriname, Guiana, e o território da Guiana Francesa, compõem o território amazônico& estão sob alta pressão de atividades que levam ao desmatamento. Em outros 7%, a pressão é muito alta.
No Brasil, 29% da Amazônia estaria sob alta pressão.
“São três das atividades econômicas que, recrutando milhares de pessoas, proliferam na floresta tropical sustentadas pela demanda de seus produtos finais em mercados internacionais”, diz o estudo. Entre eles a madeira, a cocaína, o ouro e outros metais preciosos.
Apenas este ano, a rede levantou 4.472 pontos de mineração ilegal na Amazônia, a maioria no Brasil e na Venezuela, onde a extração irregular de pedras e preciosos vem numa curva ascendente.
O Brasil concentra 53,8% desses pontos de mineração ilegal detectados pelo Atlas & 2.576& e 95% deles estão em atividade no momento.
No Brasil, 29% da Amazônia estaria sob alta pressão (Imagem: REUTERS/Bruno Kelly)
“Brasil tem visto uma expansão do setor ilegal. Entre as regiões mais afetadas pelo avanço da mineração ilegal estão a bacia do rio Tapajós, terra dos indígenas mundukuru, e a terra indígena Ianomâmi, onde se estima que estejam 20 mil garimpeiros. E também, ao norte, a terra indígena Raposa Serra do Sol, que sofreu em 2023 a primeira invasão de garimpeiros ilegais em larga escala desde sua demarcação, há 11 anos”, diz o Atlas.
Apesar de identificar que as áreas de proteção e as terras indígenas ainda são fatores que conseguem conter o aumento da exploração ilegal e do desmatamento, o estudo mostra que o garimpo ilegal avança também nessas áreas, em toda a região Amazônica. Foi identificado que 17,3% das áreas de proteção e 10% das áreas indígenas hoje sofrem com invasão e garimpo ilegal.
Em junho, um análise de imagens de satélite feito pela 💥️Reuters já mostrava um aumento de 20 vezes da mineração ilegal nos últimos cinco anos na terra Ianomâmi, principalmente ao longo de dois rios, o Uraricoera e o Mucajaí. Somadas, as áreas de mineração cobriam oito quilômetros quadrados & o equivalente a 1.000 campos de futebol.
Em meio à pandemia de 💥️Covid-19, os garimpeiros levam a doença para dentro das aldeias & relatório recente produzido pela Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana apontou um aumento de 259% nos casos entre agosto e outubro& e tiram o ouro que, se sempre foi valioso, neste 2023 bateu recordes históricos no preço internacional.
Economia legal
Apesar do avanço das atividades ilegais, a perda de cobertura florestal ao longo das últimas décadas se deve, também, a atividades legais, especialmente a pecuária.
Desde 2000, em toda a região, a área usada para pecuária aumentou 81,5% & ou seja, mais 647.411 km² dedicados a pastagens. Mais de 70% dessas novas áreas surgidas entre 2001 e 2023 eram, ainda em 2000, cobertas por florestas.
“A atividade agropecuária é responsável por 84% do desmatamento da Amazônia, segundo análise da Raisg e do MapBiomas”, aponta o Atlas.
Com crescimento até 2003, o desmatamento e a abertura de pastagens passou a cair em toda a região até chegar ao ponto mais baixo em 2012. Desde então, voltou a subir.
“A atividade agropecuária é responsável por 84% do desmatamento da Amazônia, segundo análise da Raisg e do MapBiomas”, aponta o Atlas (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)
O desmatamento para produção agrícola aconteceu com força em áreas de proteção ambiental, com crescimento de 220% de pastagens em reservas florestais e 160% em terras indígenas, especialmente em países como Bolívia e Equador.
“Políticas nacionais impulsionaram a atividade agropecuária na região sem considerar o impacto negativo para o ecossistema”, aponta o Atlas.
No Brasil, o mapa mostra o avanço das áreas de agropecuária nos últimos 20 anos concentrados principalmente no 💥️Pará, norte do 💥️Tocantins e 💥️Mato Grosso.
Procurado pela Reuters para comentar as informações do Atlas, o Ministério do Meio Ambiente não respondeu.
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