Plantio de trigo deve avançar no Brasil com disparada de preço, apesar de custo maior
Os bons preços do trigo são um incentivo a mais para os produtores gaúchos (Imagem: Reuters/Ilya Naymushin)
Com agricultores planejando a safra de inverno no 💥️Brasil, surge uma forte expectativa de avanço no plantio de 💥️trigo em 2023 diante dos elevados preços do cereal, que subiram mais que os custos de produção, conforme analistas e representantes do setor.
Para o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do 💥️Rio Grande do Sul (💥️FecoAgro/RS), Paulo Pires, a semeadura no Estado deve crescer 10%, aproximando-se da área plantada no Paraná, líder no cereal no país & juntos, os dois Estados respondem por 85% da safra nacional.
“Desde 2014 nós não ultrapassávamos 1 milhão de hectares semeados, e neste ano vamos chegar a pelo menos 1,040 milhão. Os bons preços são incentivadores”, afirmou.
Ele disse que há uma perspectiva de rentabilidade mesmo diante de um cenário de custos 21,77% mais elevados no Estado.
O primeiro levantamento sobre custos de produção para o trigo de 2023 realizado pela federação mostrou que, para cobrir gastos como aquisição de insumos, manutenção de máquinas e equipamentos, 💥️combustíveis, entre outros, será necessário desembolsar 3.997,10 de reais para cada hectare produzido.
Em contrapartida, dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (💥️Cepea) mostram que o preço médio do trigo para o Rio Grande do Sul disparou quase 70% no comparativo anual, de 866,25 reais por tonelada para 1.465,02 reais no fechamento desta segunda-feira.
O gerente de consultoria agro do 💥️Itaú BBA, Guilherme Bellotti de Melo, notou que os bons preços do trigo são um incentivo a mais para os produtores gaúchos, que deverão ser estimulados também por uma grande colheita de soja, antes da semeadura do cereal.
“Combinada a soja com esses bons preços, isso pode recuperar um pouco a saúde financeira desse produtor, que no ano passado sofreu com a soja e depois no trigo”, disse.
Em uma perspectiva ainda mais otimista para o Rio Grande do Sul, o consultor em gerenciamento de riscos da StoneX Roberto Sandoli afirmou que há relatos de aumento de até 30% na área de trigo prevista para esta safra de inverno.
Paraná
No 💥️Paraná, maior produtor do cereal no Brasil, as projeções não estão tão claras, pois ainda dependem dos desdobramentos da semeadura da segunda safra de 💥️milho, grão que concorre com o 💥️trigo em algumas regiões do Estado.
“A projeção deve sair no fim de março, estamos receosos, mas mesmo que parte do trigo seja substituída por milho safrinha, podemos dizer que a área tende a superar o total de 1,1 milhão de hectares que foram plantados com trigo no ano passado”, estimou à 💥️Reuters o analista do Departamento de 💥️Economia Rural (Deral) Carlos Hugo Godinho.
Ele também acredita que os custos com sementes, fertilizantes e agroquímicos estarão maiores em função do aumento na procura, influência das cotações do câmbio e do petróleo, mas o incremento nas despesas não será proporcional à elevação no preço do trigo, em torno de 50%.
No Paraná, maior produtor do cereal no Brasil, as projeções não estão tão claras, pois ainda dependem dos desdobramentos da semeadura da segunda safra de milho, grão que concorre com o trigo em algumas regiões (Imagem: Pixabay)
De acordo com o Cepea, o cereal encerrou a segunda-feira cotado em 1.496,38 reais por tonelada no Paraná, ante 985,49 reais registrados no mesmo período do ano anterior.
“O principal ‘driver’ para plantio é o aumento das margens da própria cultura… Além disso, o que pode contribuir para aumento maior de área no Paraná são produtores que vão plantar mais tardiamente e perderiam a janela do milho, migrando para o trigo”, disse o gerente do Itaú BBA.
Segundo ele, considerando que o Brasil é importador do cereal, os preços estão elevados em função do câmbio, restrições ou preocupações de oferta em grandes produtores como Estados Unidos, Rússia e Ucrânia que afetam as cotações internacionais e impulsionam os valores também da Argentina, principal fornecedor da indústria brasileira.
Pressão nos Moinhos
O resultado da disparada nos preços é um aumento na pressão sobre as margens dos moinhos, visto que há dificuldade de repasse de custos para a farinha devido ao recuo no poder de compra da população após o fim do 💥️auxílio emergencial.
“Para os moinhos, este ano vai ser difícil também, como foi o ano passado. É possível que se atenue um pouco se os preços caírem, mas não vão cair porque na 💥️Argentina a situação está apertada”, disse o presidente da Associação Brasileira da 💥️Indústria do Trigo (💥️Abitrigo), Rubens Barbosa.
Ele acredita que o preço do cereal vai continuar alto e afirmou que o pouco que os moinhos estão conseguindo repassar de custos não tem sido suficiente para melhorar as margens. Ainda que o auxílio emergencial volte, não seria uma medida de efeito direto sobre a indústria.
Sobre a possibilidade de pedir uma cota adicional para compra do produto de fora do 💥️Mercosul sem a tarifa TEC, Barbosa disse que o setor vai aguardar até meados de maio ou junho e, se houver necessidade, a associação vai solicitar ao governo.
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