Selic X PIB: esqueça a alta dos juros; o que ameaça a economia é a falta de vacinas
Elogios: economistas gostaram da firmeza do Banco Central ao elevar a Selic para 2,75% (Imagem: Beto Nociti/Banco Central/ Flickr)
A falta de um programa efetivo de imunização em massa contra o 💥️coronavírus é uma ameaça bem maior ao crescimento do Brasil, em 2023, do que o início de um novo ciclo de alta da taxa básica de 💥️juros (💥️Selic), segundo os economistas ouvidos pelo 💥️Money Times.
Como se sabe, o 💥️Copom anunciou, ontem (17), 💥️a primeira alta da Selic em seis anos – e numa intensidade acima do esperado pela maioria do mercado. A taxa subiu 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano, e a autoridade monetária já avisou que outro ajuste, do mesmo tamanho, virá na próxima reunião.
O anúncio ressuscitou o velho debate entre a indústria, que teme pela recuperação da economia, e o mercado financeiro, que defende um combate austero à inflação. A 💥️Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) foi uma das primeiras representantes do setor produtivo a criticar a decisão.
“Entendemos que a elevação da Selic neste momento é precipitada e dificulta o cenário para a atividade econômica em 2023, que já enfrenta inúmeros desafios em razão da persistência da pandemia”, afirmou a entidade em nota distribuída à imprensa ontem (17).
“O ritmo lento de vacinação é um risco maior à economia, do que a Selic”, afirma Elisa Machado, principal economista da gestora 💥️ARX Investimentos no Brasil. “Na prática, a Selic de 2% já não existia”, acrescenta. “As condições financeiras vinham se deteriorando desde o ano passado, e a taxa de 2% já não tinha efetividade para a economia”, explica.
Taxa decorativa
Carlos Lopes, economista do 💥️Banco BV, concorda. “O 💥️Banco Central só confirmou o que o mercado já esperava”, diz. “A Selic é referência apenas para operações de curtíssimo prazo; quando se olha para os juros de longo prazo, a expectativa de alta já estava lá”, acrescenta.
Para Machado e Lopes, alguns exemplos de que o Brasil já havia superado a Selic de 2% há tempos são as taxas de juros praticadas pelo mercado em operações de crédito e contratos futuros.
Quanto mais, melhor: só vacinação em massa permitirá que economia volte a funcionar plenamente (Imagem: Governo de São Paulo/Reprodução)
“A curva de juros já tinha andado, a inflação já estava alta e o crédito já estava mais caro”, resume Machado, da ARX, uma das poucas economistas que já apostavam numa alta de 0,75 ponto na reunião de ontem. “Já era hora; estava muito preocupada com a deterioração das expectativas”, diz. “Havia um risco muito grande de contaminar as expectativas de 2022”.
Para Lopes, do BV, há outro bônus, quando o Banco Central joga duro contra a inflação e mantém sua credibilidade. “Se o mercado percebe que o BC é leniente com a inflação, a taxa de juros da 💥️dívida pública sobe”, explica.
Isso não quer dizer que a decisão de ontem não pese nos cofres públicos, já que parte da dívida é atrelada à Selic. Mas, neste ponto, os economistas são unânimes em dizer que não é papel do Banco Central administrar a dívida pública. Isso compete ao governo e ao Congresso. Os mesmos responsáveis pela letargia da vacinação em massa e, por tabela, da eventual anemia do PIB em 2023.
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