Algoritmo identifica bovinos individualmente no campo por meio de imagens
O sistema por imagem poderá agilizar o transporte de animais e a emissão da GTA — Guia de Trânsito Animal (Imagem: Reprodução/Embrapa)
A 💥️pecuária do futuro já está fazendo experimentos para tornar viável a identificação individual de animais no campo com o uso de imagens, o que tornará obsoletos os brincos, as tatuagens e as marcações usadas para esse fim.
A 💥️tecnologia é similar à de reconhecimento facial, empregada em grandes 💥️aeroportos para encontrar criminosos. Com ela, um sistema convencional de câmeras instaladas no campo, cochos, ou mesmo em drones conseguiria captar imagens para identificar em poucos segundos cada animal.
Cientistas foram bem-sucedidos com a raça 💥️bovino Pantaneiro. Utilizando um sistema de redes neurais convolucionais (CNN), o estudo empregou três modelos de arquitetura de redes neurais para a identificação do bovino Pantaneiro.
Os trabalhos foram liderados pelo cientista da computação Fabrício de Lima Weber, durante seu mestrado na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (💥️UEMS).
Weber diz que além do bem-estar animal, uma das vantagens do sistema de identificação por imagens é a economia.
“Hoje, os brincos utilizados são importados e o 💥️dólar anda bastante instável. O produtor que utiliza esse sistema precisa comprar também o bastão de leitura do código impresso nos brincos. Quando o animal perde essa identificação no pasto, é preciso repor”, detalha o especialista.
O estudo empregou três modelos de arquitetura de redes neurais para a identificação do bovino Pantaneiro (Imagem: Reprodução/Embrapa)
“O sistema por imagem poderá agilizar o transporte de animais e a emissão da GTA (Guia de Trânsito Animal)”, explica Weber, já vislumbrando a abertura da Rota Bioceânica, que ligará o 💥️Brasil ao porto do 💥️Chile, facilitando o embarque de animais para a 💥️Ásia. Estudos anteriores já avaliaram a pesagem de animais por imagens do dorso.
De acordo com o pesquisador Urbano Gomes Pinto de Abreu, da 💥️Embrapa Pantanal (MS), coautor da publicação, foram utilizadas imagens capturadas por meio de vídeos por quatro câmeras de monitoramento.
“Depois foram extraídas imagens de determinados quadros que continham o objeto de interesse: o dorso, o perfil, a lateral e a face de cada bovino”, conta.
Os resultados experimentais mostram que modelos de arquiteturas utilizados na pesquisa alcançaram ótimos resultados, chegando a 99,86% de acerto.
“Os resultados indicam que os modelos avaliados podem apoiar pesquisadores e pecuaristas no reconhecimento de bovinos Pantaneiros. É um método que colabora para o bem-estar dos animais”, afirma o cientista da 💥️Embrapa.
Segundo os autores, também ficou evidenciado que modelos de redes neurais convolucionais podem ser base de um sistema de visão computacional, para que a identificação dos animais seja feita automaticamente.
Para esse experimento, foram mobilizados 51 animais da raça, de idades variadas e ambos os sexos. As imagens que formam o conjunto de dados foram coletadas no Núcleo de Conservação de Bovinos Pantaneiros de Aquidauana (Nubopan), na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).
💥️Pecuarista: “Sistema seria um sonho!”
O sistema por imagens traria vantagens imensas (Imagem: Leonardo de Barros)
O pecuarista Leonardo de Barros, da fazenda Santa Clara, no Pantanal da Nhecolândia (Corumbá-MS), diz que esse sistema de identificação por imagens seria ”um sonho”.
“Se pudesse ter um jeito de transmitir esses dados por bluetooth em contato direto com o computador, sem ter que digitar nada, sem ter que passar o bastão, seria um sonho”, afirma.
Segundo ele, os brincos que identificam os animais apresentam algumas dificuldades.
“Às vezes não lê direito, o animal perde o brinco, a gente tem que reaplicar. Sem contar o estresse da contenção desses animais para fazer essa identificação”, explica Barros.
O pecuarista conta que faz as compras de brincos ao menos duas vezes por ano e entre 7% e 8% dos dispositivos acabam se extraviando no campo, com comprometimento dos dados. Ele destaca também que o sistema por imagem iria garantir o bem-estar animal.
“Hoje, com o sistema de brincos, o animal precisa ser contido no mínimo de três a quatro vezes na vida dele. Tem que prender para colocar, depois para ler os dados. Isso causa estresse nos animais e pode machucá-los.”
Outro risco é a ocorrência de enfermidades pela própria colocação dos brincos. “Uma mosca pode pousar e levar larvas para a região. Aí você tem que curar. O sistema por imagens traria vantagens imensas”, reforça.
A expectativa de Barros é que os dados captados por imagens possam ter efeitos comerciais, já que permitiriam uma rastreabilidade com informações precisas sobre cada bovino.
“Imagine uma maneira de você saber quando aquela vaca pariu, quando desmamou, os cuidados que foram tomados com ela. Eu gostaria muito de ter esse sistema na minha fazenda”, relata o pecuarista.
A única preocupação do produtor é em relação ao custo de instalação do sistema de câmeras. “Imagino que não deve ser muito barato, mas tem que ter funcionalidade”, diz. Mesmo assim, para ele, a identificação por imagens teria “tantas vantagens que nem dá para descrever”
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