Alto custo do milho faz Brasil olhar para trigo como substituto na ração animal

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A indústria de carne fornece ração para os criadores de animais integrados (Imagem: Pixabay/matthiasboeckel)

Uma alta expressiva no preço do 💥️milho tem feito com que grandes frigoríficos brasileiros se voltem ao 💥️trigo como um substituto do ingrediente na ração animal, de acordo com um representante da Associação Brasileira de Proteína Animal (💥️ABPA).

Francisco Turra, que preside o conselho consultivo da entidade, disse à Reuters na sexta-feira que a demanda das empresas de carne está levando a um aumento nas intenções de plantio de trigo em seu Estado, o 💥️Rio Grande do Sul.

O trigo poderia substituir 100% do milho na alimentação de suínos e aves, disse ele. A indústria de carne fornece ração para os criadores de animais integrados.

Citando dados da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Turra disse que a área a ser plantada com trigo e outras culturas de inverno em 2023, a partir do próximo mês, pode crescer de 1 milhão de hectares para 1,4 milhão de hectares no Estado.

“A 💥️JBS (💥️JBSS3) e a 💥️BRF (💥️BRFS3) já anunciaram que vão comprar safras de inverno como trigo, triticale e cevada para usar como ração”, disse Turra. Ele afirmou que essas empresas já fizeram negócios para entrega futura.

Procurada, a BRF afirmou em nota que “o uso de cereais de inverno na alimentação animal é bem consolidado e amplamente utilizado em outras regiões do mundo, como a Europa”, e já é uma realidade e um diferencial da companhia.

“A BRF segue intensificando os estudos e avançando nas aquisições de ingredientes alternativos para encontrar o melhor equilíbrio na utilização das rações”, disse a empresa à Reuters.

A JBS não quis comentar o assunto.

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A JBS não quis comentar o assunto (Imagem: JBS/Instagram)

Os contratos futuros do milho nos EUA atingiram seu maior nível em quase oito anos esta semana na bolsa de Chicago, impulsionados por preocupações com a produção do milho de segunda safra no Brasil. O tempo frio nos EUA, que afeta a germinação da safra de 2023 do cereal, também ajudou a elevar os preços.

Os altos preços e os atrasos na segunda safra de milho do Brasil têm pressionado as margens dos frigoríficos, levando algumas empresas a buscar suprimentos no Paraguai e na Argentina enquanto a oferta está restrita no Brasil.

Esta semana, o governo 💥️suspendeu temporariamente tarifas de importação de soja e milho de países fora do Mercosul, o que significa que o Brasil também poderia importar milho de nações como EUA e Ucrânia.

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Esta semana, o governo suspendeu temporariamente tarifas de importação de soja e milho de países fora do Mercosul (Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian)

No entanto, com a “paridade de importação” acima de 30 dólares por tonelada, comprar milho de fora do Mercosul ainda não faz sentido economicamente, disse um trader.

Usar o trigo como ração animal é comum no Canadá e na Rússia, que não produzem milho nem o importam, disse Turra, que foi Ministro da Agricultura entre 1998 e 1999.

Além de ser uma alternativa para frigoríficos nacionais, o trigo na ração poderia ainda alavancar o potencial produtivo das lavouras no Rio Grande do Sul, que produz apenas 1,09 safra de grãos por ano, enquanto alguns Estados brasileiros produzem três.

Segundo dados da Farsul, a área plantada com culturas de verão no Rio Grande do Sul monta a 6,6 milhões de hectares, cerca de 6 vezes maior que a área destinada às culturas de inverno.

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