Pandemia na Índia, back office do mundo financeiro, começa a afetar Wall Street
O Standard Chartered disse na semana passada que cerca de 800 de seus 20 mil funcionários na Índia estavam infectados (Imagem: REUTERS/Francis Mascarenhas)
Cerca de 13.400 quilômetros a leste de 💥️Wall Street, em um trecho da Outer Ring Road em Bangalore, fica o que já foi o back office central do setor financeiro global.
Antes da pandemia, este conjunto de torres de vidro e aço abrigava milhares de funcionários de empresas como 💥️Goldman Sachs e 💥️UBS que desempenhavam tarefas essenciais, como gestão de risco, atendimento ao cliente e conformidade.
Agora, os prédios estão assustadoramente vazios. E, com o número crescente de casos em Bangalore e em grande parte da Índia, os esquemas de trabalho em casa que mantiveram as operações por meses sofrem intensa pressão. Um número cada vez maior de funcionários está infectado ou com dificuldades para encontrar suprimentos médicos essenciais, como oxigênio, para familiares, parentes ou amigos.
O 💥️Standard Chartered disse na semana passada que cerca de 800 de seus 20 mil funcionários na 💥️Índia estavam infectados. Cerca de 25% dos funcionários de algumas equipes do UBS estão ausentes, disse um executivo do banco que pediu anonimato por medo de perder o emprego. Nos escritórios do 💥️Wells Fargo em Bangalore e Hyderabad, cartões de marca compartilhada, transferências de saldo e programas de recompensa estão atrasados, disse um executivo.
Especialistas alertam que a crise pode piorar nas próximas semanas, e um modelo prevê mais de 1 milhão de mortes até o final de julho (Imagem: Pixabay)
Embora os bancos até agora tenham evitado grandes problemas com a transferência de tarefas para outros centros offshore, a crise de 💥️Covid na Índia expôs uma vulnerabilidade raramente discutida para empresas que passaram décadas terceirizando funções de back office para esse país. O surto na Índia se intensificou mesmo enquanto a vacinação impulsiona a recuperação econômica em outras partes do mundo, aumentando os temores de um gargalo em atividades de back office quando as firmas de Wall Street raramente estiveram tão agitadas.
“Este não é um problema local, apenas da Índia, é uma crise global”, disse DD Mishra, analista da empresa de pesquisa Gartner. A onda atual será “significativamente maior”, e organizações com equipes na Índia “precisarão tomar medidas para planejar e mitigar, se necessário”, escreveram Mishra e colegas em relatório na semana passada.
O Nasscom, principal grupo de lobby do setor de terceirização na Índia, que movimenta US$ 194 bilhões e com quase 5 milhões de funcionários, minimizou a ameaça às operações. Mas Mishra e outros analistas da Gartner dizem que estão recebendo muitas ligações diárias de clientes globais ansiosos sobre a situação da Covid-19.
O total de infecções por coronavírus na Índia ultrapassou 21 milhões, dos quais cerca de 7 milhões foram registrados desde meados de abril. O estado de Karnataka, cuja capital é Bangalore, relatou pela primeira vez mais de 50 mil novos casos nas últimas 24 horas, quase metade deles na cidade. Especialistas alertam que a crise pode piorar nas próximas semanas, e um modelo prevê mais de 1 milhão de mortes até o final de julho, quase quadruplicando a contagem oficial atual de 230.168.
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