Caio Mesquita: Paciência
A semana abriu de mau humor, mas o estopim ficou por conta do surpreendente Índice de Preços ao Consumidor nos Estados Unidos (Imagem: Pixabay)
Said woman take it slow and it’ll work itself out fine
All we need is just a little patience
Said sugar make it slow and we’ll come together fine
All we need is just a little patience”
Patience – Guns N’ Roses
“Me acorda depois das eleições.”
Foi com esta mensagem de um velho amigo do colégio que acordei na quinta-feira.
Depois ele completou:
“Nada sobe, nunca vi isso.”
Realmente, foi uma semana duríssima para nós, investidores.
A dor de barriga generalizada provocada pelos temores de 💥️inflação global colocou as telas dos operadores em “carne viva”.
A semana abriu de mau humor, mas o estopim ficou por conta do surpreendente Índice de Preços ao Consumidor nos Estados Unidos, de 4,2% ao ano, anunciado na manhã de quarta (12).
Os preços das ações em todo o mundo desmoronaram, principalmente aquelas ligadas a setores de tecnologia. A perspectiva de taxas de juros mais altas impacta particularmente companhias cuja atribuições de valor decorra de resultados distantes no futuro.
Em contrapartida, os preços da commodities não param de subir. Destaque para o minério de ferro, que continua sua escalada além dos US$ 200 por tonelada. Assim, ações de empresas mineradoras e siderúrgicas foram uma exceção à queda generalizada.
Sobrou até para as criptomoedas, após mais um tuíte bombástico de Elon Musk anunciando que sua Tesla estaria voltando atrás na sua recente decisão de aceitar bitcoins como forma de pagamento por seus carros elétricos.
Musk alegou preocupação com os impactos ecológicos advindos da mineração da criptomoeda.
Enquanto escrevo esta newsletter, na sexta pela manhã, há certo alívio no mercado com alguma recuperação nos preços dos ativos de risco.
Como lembra sempre o Felipe, o problema com a renda variável é que ela varia.
Há, porém, um certo sentido na ideia da sonoterapia do meu amigo inconformado com os mercados.
Frequentemente o melhor a fazer é não fazer nada.
“A paciência rende bons retornos”, diz o colunista (Imagem: Reuters/Luisa Gonzalez)
Muitos citam um suposto estudo realizado pela gigante americana Fidelity Investments que teria concluído que contas de clientes falecidos teriam uma performance melhor do que os investimentos dos vivos.
A razão do sucesso daqueles que se foram estaria na compulsória estabilidade das carteiras dos falecidos, protegidas assim dos fatores emocionais que levam investidores a precipitadamente alterar suas posições.
Aparentemente o estudo nunca existiu. De qualquer forma, há sentido em recomendar cuidado em reações açodadas a variações de mercado de curto prazo.
Daniel Kahneman, psicólogo e prêmio Nobel de Economia por seus estudos em finanças comportamentais, constatou que mulheres têm tido melhor retorno sobre seus investimentos, pois, na média, controlam melhor seus impulsos de traders.
Ainda no campo acadêmico, o professor de finanças da Universidade da Califórnia de Berkeley, Terry Odean, realizou um estudo acompanhando 10 mil contas de investidores individuais ao longo de um período de sete anos.
Odean coletou informações sobre 163 mil negócios com ações, sempre comparando a performance dos papéis vendidos versus a dos papéis comprados imediatamente depois.
Na média, as ações vendidas tiveram um retorno anual 3,2% melhor que as ações compradas — má notícia para os afoitos.
Mais tarde, o mesmo Odean, em conjunto com seu colega Brad Barber, realizou um outro 💥️estudo em que concluiu que investidores mais ativos foram consistentemente superados em seus retornos quando comparados com aqueles mais tranquilos.
A paciência rende bons retornos.
Um abraço,
Caio.
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