Tatiana Pimenta: sua saúde mental pode interferir nas suas finanças; saiba como!
Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude (Imagem: Juliana Frug/Reprodução)
Um problema de saúde mental afeta diversas áreas da vida de uma pessoa: vida profissional, vida social, vida afetiva e vida financeira. Essas interferências não acontecem de uma só vez, e sim como um “efeito dominó”.
Quando uma área é afetada e a pessoa não cuida da 💥️saúde mental, é uma questão de tempo para outras áreas sofrerem também.
A partir de então, aparece outro problema. Crises financeiras intensificam o estresse e geram uma série de emoções negativas que agravam o humor.
Preocupar-se constantemente com a possível escassez de seus recursos financeiros também causa insônia e ansiedade, que interferem no funcionamento diário.
A pessoa com saúde mental debilitada e problemas financeiros entra em um ciclo de preocupação, estresse e insatisfação contínua com a sua realidade.
Por se encontrar em uma situação desconfortável, ela também pode ter vergonha ou medo de compartilhar os seus impasses com os outros, optando por se afastar de amigos e familiares.
Sozinha, contudo, ela dificilmente consegue reestruturar as áreas debilitadas de sua vida.
Como a saúde mental interfere nas finanças?
Uma saúde mental debilitada interfere nas finanças de diversas formas.
Crises financeiras intensificam o estresse e geram uma série de emoções negativas que agravam o humor (Imagem: Pixabay/silviarita)
O “X” da questão é que quanto mais problemas com dinheiro uma pessoa possui, mais emoções, sentimentos e pensamentos negativos ela alimenta.
Com o bem-estar psicológico debilitado, mais dificuldade ela tem para controlar os seus gastos. Para reencontrar tanto o equilíbrio mental e emocional quanto o financeiro, é preciso buscar ajuda psicológica.
Depressão
A depressão é uma condição que causa muitos impactos na vida profissional. Ela contribui para dois fenômenos presentes no mercado de trabalho: o presenteísmo, quando profissionais trabalham sem estarem engajados (como se o corpo estivesse ali, e a mente não), e o absenteísmo, quando profissionais não aparecem na empresa ou chegam constantemente atrasados sem justificativa.
Pense assim: se você não consegue trabalhar e o trabalho é a sua principal fonte de renda, como ganhará dinheiro para ter uma vida confortável?
Além disso, a depressão rouba da pessoa a energia para enfrentar os dilemas do dia a dia e ainda interfere na sua capacidade de se concentrar em tarefas simples.
Consequentemente, ela tem dificuldade para tomar decisões benéficas para a sua vida, o que pode impactar em suas decisões financeiras.
Ansiedade
A ansiedade também interfere na capacidade de tomar decisões em razão da apreensão constante, podendo refletir em uma má gestão da vida financeira.
A pessoa ansiosa pode ter domínio sobre áreas específicas de sua vida e ser extremamente ansiosa em relação às outras, incapaz de administrá-las como deveria.
Muitas pessoas sofrem com a chamada “ansiedade financeira”, considerada uma ramificação do transtorno de ansiedade generalizada.
O principal sintoma dessa condição é o comportamento esquivo. A pessoa evita lidar com quaisquer problemas financeiros, contribuindo para o seu agravamento.
Por outro lado, a pessoa ansiosa também pode gastar em excesso na tentativa de proporcionar uma sensação de bem-estar momentânea, ou de ignorar a seriedade de seus problemas financeiros.
Ela normalmente se sente culpada ou frustrada após um episódio de gastos excessivos, mas tem dificuldade para se controlar.
A ansiedade constante e intensa pode estimular o aparecimento da Síndrome do Pânico, da Fobia Social, da Agorafobia e outras condições de saúde mental.
A ansiedade constante e intensa pode estimular o aparecimento da Síndrome do Pânico (Imagem: Pixabay/Sammy-Williams)
Transtorno Bipolar
Um dos sintomas que costumam preocupar quem possui o Transtorno Bipolar, bem como seus familiares, é a má gestão do dinheiro.
Durante a fase maníaca, a pessoa bipolar tende a gastar o seu dinheiro sem pensar, em itens desnecessários, afundando-se em dívidas. Festas, bebidas alcoólicas, objetos decorativos, roupas e alimentos são alguns dos gastos impulsivos costumeiros.
Estresse
O estresse pode tanto ser a causa do agravamento dos problemas financeiros quanto uma consequência da preocupação com o dinheiro.
A pessoa estressada pode recorrer a maneiras pouco saudáveis de lidar com o desgaste emocional do dia a dia, como beber, fumar, gastar ou comer excessivamente.
Do mesmo modo, o estresse causa uma condição chamada “estresse financeiro”. Assim como a “ansiedade financeira”, ela dificulta a gestão das finanças, fazendo com que a pessoa estressada tenha condutas inadequadas com seu dinheiro.
Do mesmo modo, o estresse causa uma condição chamada “estresse financeiro” (Imagem: Pixabay/@annca)
Embora a maioria das pessoas tenha consciência que o dinheiro não resolve todos os problemas e tampouco é uma fonte inesgotável de felicidade, o medo, o estresse e o desespero podem dominar quando se está com dificuldades nesta área.
É preciso cuidar da saúde mental para cuidar das finanças
Como se pode perceber, a saúde mental possui ligação direta com a nossa vida financeira, bem como outras áreas que contribuem para o seu enriquecimento ou enfraquecimento. Para evitar crises financeiras devastadoras e incontáveis dívidas, é preciso cuidar da saúde da mente.
Para isso, você pode avaliar os seus hábitos financeiros e identificar quais são problemáticos e quais são bons, mas podem ser aprimorados.
Por exemplo, você costuma fazer compras quando está ansioso ou triste para se sentir melhor? Esse hábito, além de não aliviar o mal-estar emocional, corrobora para suas dificuldades financeiras.
O autocuidado diário é indispensável para termos uma boa convivência não somente com os outros, mas com nós mesmos. Quando estamos em paz com quem somos e o nosso estilo de vida, dificilmente sucumbimos ao estresse, à tristeza, à ansiedade e à raiva por períodos prolongados.
O autocuidado diário é indispensável para termos uma boa convivência não somente com os outros, mas com nós mesmos (Imagem: Pixabay/geralt)
Todavia, pode ser complicado modificar hábitos e encontrar a origem de comportamentos disfuncionais associados ao dinheiro. É por essa razão que recomendo buscar a terapia.
O psicólogo é apto a identificar se você está convivendo com um problema psicológico sem saber, se está demasiadamente estressado ou se tem traumas e crenças que dificultam a administração das suas finanças.
Com o esclarecimento dessas questões, você pode começar a trabalhar para criar uma vida financeira mais estável e saudável.
Além disso, a terapia auxilia no cuidado com outras áreas da vida, como relacionamentos, carreira e família. Como o desequilíbrio em uma esfera pode facilmente afetar as outras e ocasionar problemas, precisamos cuidar para manter a harmonia entre elas.
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