Brasil vê onda de ‘washouts’ em contratos de milho e exportações ficam ameaçadas

Milho no Texas

Nesta quinta-feira, o indicador de milho Esalq/B3 fechou em 98 reais por saca, alta de 9,42% na variação mensal e quase o dobro ante os 49 reais registrados um ano antes (Imagem: REUTERS/Adrees Latif)

Problemas climáticos na segunda safra de 💥️milho do 💥️Brasil fizeram com que algumas empresas deixassem seus contratos de 💥️exportação por meio da cláusula de “washout” para vender no mercado interno.

Isto acarretou o que operadores descreveram como, possivelmente, a maior onda de cancelamentos de embarques do país segundo maior fornecedor global do cereal em cinco anos.

De acordo com traders e corretores de grãos ouvidos pela Reuters na condição de anonimato, grande parte do milho que seria destinado à exportação está sendo redirecionada para o mercado doméstico, já que os prêmios estão atraentes devido à quebra de safra, após registros de secas e geadas, e a demanda segue aquecida pela indústria de carnes para ração animal.

“Realmente vai ser muito difícil executar (contratos de) milho”, disse um operador de uma grande companhia norte-americana. “Quebrou toda a safra… As tradings estão fazendo ‘washout’ quando possível.”

Em um contrato de venda antecipada de grãos, uma das partes pode deixar a negociação pagando um valor de liquidação à contraparte, em mecanismo conhecido como “washout”.

Um segundo operador do mercado de grãos, de outra grande 💥️empresa dos 💥️Estados Unidos, disse que o programa de exportações da companhia foi reduzido por temores de escassez de oferta, acrescentando que a onda de “washouts” é comparável à de 2016, quando uma forte seca também afetou a safra de milho brasileira.

Alguns dos negócios de exportação do cereal que agora estão sendo desfeitos haviam sido fechados entre 40 e 45 reais por saca de 60 kg, afirmou um corretor. Porém, compradores domésticos estão dispostos a pagar de 90 a 95 reais por saca, justificando a onda de “washouts”.

O mesmo corretor disse que algumas tradings de grãos, como Cargill e Gavilon, não devem exportar milho pelo porto de Paranaguá (PR) neste ano.

Procurada, a Cargill não quis comentar o assunto.

A Gavilon disse que o atraso no plantio e o 💥️clima desfavorável podem ter afetado negativamente a segunda safra de milho, mas preferiu não fornecer mais detalhes.

Compra e Venda

Na ponta compradora, os frigoríficos têm sido ávidos nas aquisições do produto redirecionado, segundo corretores.

O presidente da 💥️Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirmou à Reuters que as exportações de milho do Brasil foram mais baixas em junho, já sinalizando o movimento de washout.

“Claro que em julho (o Brasil) ainda vai exportar bem menos (milho) que no ano passado”, disse ele, tamanha a demanda do mercado interno pelo cereal.

Em meio à escassez de oferta local, processadoras de carnes suína e de frango também estão importando milho da Argentina, graças ao câmbio favorável, acrescentou Santin.

Ele acredita que, até o fim de 2023, a tendência é que as aquisições do cereal argentino se intensifiquem, além do produto vindo do 💥️Paraguai.

Do outro lado, o presidente institucional da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Cesário Ramalho, afirmou que entre os agricultores o cenário está repleto de incertezas, tanto em relação ao volume que conseguirão colher quanto aos preços que o cereal ainda pode atingir, o que dificulta as vendas aos traders.

“O produtor realmente está inseguro, primeiro porque ele não sabe quanto ele vai colher. E se ele colher pouco, o milho vai a 100 reais por saca, vai a 105 reais, então ele vai esperar 15 a 20 dias para ver o que vai acontecer”, explicou.

Nesta quinta-feira, o indicador de milho Esalq/B3 fechou em 98 reais por saca, alta de 9,42% na variação mensal e quase o dobro ante os 49 reais registrados um ano antes.

A segunda safra de milho do Brasil, que está sendo colhida neste momento, deve ficar 8 milhões de toneladas abaixo da do ano passado, enquanto as importações deverão avançar em 58%, guiadas pela firme demanda doméstica.

As exportações de milho do Brasil, por sua vez, devem recuar cerca de 15%, para 29,5 milhões de toneladas, segundo estimativas da 💥️Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

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