Pré-mercado: Pibinho ou Pibão?
Mercado contemplando o PIB americano hoje / ✅A Forma da Água (2017)
Bom dia, pessoal!
As ações asiáticas se recuperaram nesta quinta-feira (29), depois que o Federal Reserve manteve suas políticas monetárias acomodatícias e sinalizou que a recuperação econômica estava no caminho certo.
Os gigantes da tecnologia chinesa, que apanharam no início da semana, abriram caminho para a alta, à medida que as autoridades agiram para acalmar os nervos do mercado em relação a suas iniciativas regulatórias visando um movimento antimonopólio e a segurança de dados da indústria.
Enquanto isso, o Fed disse na quarta-feira (28) que a economia fez progressos em direção às suas metas de baixo desemprego e inflação estável, mas manteve sua política inalterada.
Depois de um início de semana conturbado, as Bolsas europeias abrem o dia em alta, acompanhadas pelos futuros americanos.
A ver…
💥️Agenda econômica voltando a ter relevância para ativos de risco
O dia será relevante para o Brasil, principalmente porque teremos continuidade da temporada de resultados, que tem ganhado tração ao passo em que nomes pesados do Ibovespa apresentam seus números do segundo trimestre.
Fora isso, ainda poderemos contar com a inflação de julho, medida pelo IGP-M, marcada para ser divulgada esta manhã (dado veio levemente abaixo do esperado, com alta de 0,78% frente ao mês anterior).
Os juros futuros têm subido na ponta mais curta de olho no encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) marcado para semana que vem — o mercado tem embutido um tom mais agressivo por parte de nosso Banco Central, elevando a probabilidade de a autoridade elevar a taxa Selic em 100 pontos-base na próxima reunião, em vez de 75 bps.
Para tal, acompanhar os dados de inflação será vital.
Como se não bastasse a inflação, a agenda ainda conta com o número de empregos do Caged e o resultado fiscal do governo central em junho – em termos de arrecadação, verificou-se que o ICMS impulsionou superávit em Estados e municípios.
A agenda do dia é relevante e pode impactar ativos de risco a depender de como vier.
💥️Reflexões sobre a conclusão da reunião do Fed
Ontem (28), no final de uma reunião de política monetária de dois dias, o banco central americano deixou sua taxa básica de juros inalterada, ainda posicionada na banda entre 0% e 0,25% ao ano, como esperado.
Também continuará comprando US$ 120 bilhões em títulos do Tesouro e títulos hipotecários mensalmente, até que mais progresso econômico seja feito.
A atenção do mercado se concentrou na declaração do presidente do Fed, que seguiu a decisão. A leitura geral foi de que Jerome Powell teve um posicionamento “dovish” — apesar da liderança do Fed estar tendendo ao expansionismo, a autoridade está dividida, com vários membros defendendo um aperto monetário mais rápido.
Ainda assim, entendemos que o Fed está em vias de reduzir a compra de títulos nos próximos meses, dando início ao processo de normalização da política monetária.
Tal redução do nível de compra não deverá fazer com que o crescimento enfraqueça, apenas evitará um superaquecimento.
💥️E esse crescimento aí?
Por falar em crescimento, hoje (29), os americanos divulgam seus dados preliminares do PIB (a medida mais ampla da atividade econômica) do segundo trimestre, com expectativa de crescimento de 8,5% (dados anualizados), o que representaria uma aceleração frente aos 6,4% do primeiro trimestre — em uma crise como a atual, apresentar dados de crescimento em formato anualizado não nos parece a coisa mais sensata a se fazer.
O trimestre já deve ser marcado com o início do gasto represado dos consumidores, que foram forçados a economizar dinheiro durante a pandemia.
Tal gasto, à medida que as restrições diminuem, aumentará o crescimento.
Há sinais, porém, de que a recuperação pode não ser tão forte quanto alguns esperavam. Algumas entidades, como a IHS Markit, vêm rebaixando marginalmente suas previsões de crescimento global para 2023.
Ao mesmo tempo, a IHS também reduziu sua previsão de crescimento nos EUA em 2023 de 7,4% para 6,6%, principalmente devido aos gastos mais fracos do consumidor e das empresas em maio.
Os dados de hoje funcionarão como um tira-teima para quem ainda aposta em uma economia mais fraca.
💥️Anote aí!
A manhã reservou uma bateria de dados na Europa, com vários índices de sentimento econômico — com exceção do de serviços, que veio marginalmente abaixo do esperado (problemas com o temor sobre a variante Delta ensejaram pressão sobre o setor), os dados vieram acima do consenso de mercado, dando suporte para a alta desta quinta-feira nas principais Bolsa europeias.
A ata do BCE, sobre a sua revisão de estratégia, também pode ser interessante.
Nos EUA, junto com os dados de crescimento do PIB, poderemos também avaliar a inflação do período medida pelo PCE, avaliadores de gasto com consumo (o favorito do Fed para medir a temperatura econômica).
Além disso, não podemos nos esquecer do tradicional dado de pedidos de seguro-desemprego da semana passada, relevante para mensurar a retomada econômica dos americanos.
A temporada de resultados também está aquecida, com Amazon e Gilead no forno para depois do mercado de hoje.
Por falar em resultados, aqui no Brasil poderemos contar com Ambev, Gol, EcoRodovias, Fleury e Localiza impulsionando o mercado.
Confiança dos serviços, Caged de junho (projeção de 267,6 mil novos postos de trabalho criados) e contas do governo (saldo negativo em R$ 66,4 milhões em junho) também estão na agenda.
💥️Muda o que na minha vida?
A temporada de relatórios dos EUA no segundo trimestre caminha para entregar um crescimento de 80% na receita ano a ano e superar as estimativas em 15%.
Para ilustrar, até agora, das empresas que compõem o S&P 500 que já divulgaram os resultados, 89% bateram a mediana para as expectativas para seus lucros, enquanto 86% o fizeram para a expectativa de receita.
Assim, embora as últimas revisões positivas das estimativas de crescimento tenham sido as maiores em 35 anos, ainda podemos acreditar que o mercado não capturou por completo o impulso dos resultados corporativos nos EUA.
Com a demanda crescendo rapidamente, as empresas têm um incentivo poderoso para reabastecer os estoques dos clientes.
Enquanto isso, os custos crescentes de salários, frete e cadeia de suprimentos são mais do que compensados pelo crescimento da receita, abrindo caminho para que as margens de lucro atinjam um recorde histórico no segundo trimestre.
Consequentemente, mais empresas deverão intensificar seus planos de investimento, especialmente considerando que os gastos de capital parecem baixos em relação à depreciação – em torno de 100%, contra cerca de 130% cinco anos atrás.
O cenário econômico de balanços saudáveis, disponibilidade de recursos por parte do consumidor e reabertura deve apoiar o crescimento sustentado dos lucros das empresas, garantindo uma recuperação robusta da economia americana.
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