Quer saber o tamanho da quebra da cana? Se prepare para não saber nunca ao certo

Levantamento da produção de cana está entre os mais difíceis do agronegócio brasileiro (Imagem: Victoria Priessnitz)

Com tamanho volume de produção de 💥️cana, a característica das lavouras, um sistema de levantamento dependente de informações dos agentes e um modelo de comercialização particular, nunca se saberá ao certo a produção mais próxima da realidade da cultura. Daí o mercado já se acostumou com as diferenças de análises que facilmente chegam na casa de milhões de toneladas.

Nas últimas semanas, com as 💥️geadas, tem para todos os gostos as previsões de quebra. De 50 a 100 milhões de toneladas.

Já havia dificuldade de uma régua só pela quebra estimada pela seca de 2023, poucas chuvas no verão e novamente estiagem de março em diante. Com as geadas de fim de junho, depois as de julho e agora as últimas, ficou mais confuso.

E não se chegará a nenhum número definitivo e com o tempo o mercado trabalhará com os dados que a 💥️Unica divulgará, a cada 15 dias, com informações das usinas associadas no centro-Sul.

Só para efeito de comparação, a produção de cana estimada na safra passada chegou a 4,5 vezes o total produzido pela segunda principal cultura em volume, a soja, que ficou em 132 milhões de toneladas aproximadamente.

Semi-perene

Mas com a 💥️soja, o levantamento de campo é mais fácil operacionalmente, assim como do milho e outros setores de ciclo curto.

Nesse ponto, reside a grande dificuldade nas previsões da cana-de-açúcar, segundo o consultor Ricardo Pinto, da RPA Consultoria.

“É uma cultura semi-perene e as fases de crescimento são diferentes para cada cana, ou seja, entre cana cortada no começo, no meio e no fim da safra, safra esta que é de 9 meses, bem longa”, diz, fazendo um contraponto com “as culturas de ciclo curto, como grãos, que têm fases bem definidas, em semanas, para toda uma região”.

A concentração produtiva, com cada vez mais da chamada “cana própria” dos grupos usineiros, é outra dificuldade inerente à cadeia.

Apesar de a produção de soja e 💥️milho, por exemplo, ser infinitamente mais capilarizada por CPFs ou CNPJs, tal horizontalização confere menos dependência de informações de poucos agentes. E a comoditização dos preços internacionais do produto in natura deixa os produtores mais ativos.

Por conta desse perfil, como cana não é vendida crua no mercado, tem que ser processada para virar algo comercializável, em 💥️açúcar e 💥️etanol – em mercado verticalizado -, acentua ainda mais a dificuldade de precisão mínima de levantamento de dados, por mais que haja metodologia para se saber com quantos paus se faz uma canoa. Mas para isso, precisa-se dos números certos.

Com outras culturas nas quais se pulveriza as vendas do grão cru, as rubricas acabam sendo mais reais. Só o corte com exportações, em volume, já é um balizador de produção. Nesse ponto entra até o 💥️café, como cultura perene, embora de regiões mais concentradas.

No ciclo passado, se encontra diferenças em milhões de toneladas de acordo com várias fontes, embora o índice praticamente oficial do setor, da Unica, tenha dado 605 milhões de toneladas.

No atual, já estamos entre 540 e 580 milhões/t.

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