Quer saber se o Ibovespa vai subir ou cair? Fácil: veja as músicas mais tocadas no Spotify

Guitarra, música, artes

Siga a música: quanto mais alegres são as canções, maior é o retorno das ações, dizem pesquisadores (Imagem: Pixabay/ Free Photos)

Há tempos, os pesquisadores colhem evidências de que os investidores não são frios e racionais como um James Bond armado com uma implacável calculadora HP 12C. Quanto mais estudam, mais descobrem que 💥️o mercado é feito de gente de carne, osso e sentimentos bem humanos, como euforia, medo e idiossincrasias.

Nos últimos anos, estudiosos descobriram correlações entre o humor do mercado e resultados de partidas esportivas, condições climáticas e datas festivas, entre outros. Embora relevantes, essas correlações apresentam alguns problemas, como a baixa frequência com que ocorrem (afinal, quem deseja uma vergonhosa derrota de 7×1 para a Alemanha todo ano?) e imprevisibilidade. Outro ponto é que esses fatores são externos ao mercado. São elementos que provocam uma reação do mercado.

Se é verdade que os investidores não são tão racionais, quanto gostariam, o mais interessante seria encontrar um modo de detectar seus mais íntimos sentimentos e, assim, predizer a direção da Bolsa.

A novidade é que um grupo de pesquisadores afirma ter descoberto um modo de fazer isso. Alex Edmans, da London Business School, Alexandre Garel, da Audencia Business School, e Adrian Fernandez-Perez e Ivan Indriawan, ambos da Auckland University of Technology, descobriram que as músicas mais tocadas no 💥️Spotify são capazes de predizer a direção e a intensidade com que as ações vão oscilar.

Na batida do mercado

Suas descobertas foram relatadas no artigo 💥️“Music Sentiment and Stock Returns Around the World”, que deve ser publicado no ✅Journal of Financial Economics. Uma versão preliminar foi disponibilizada recentemente para os interessados.

Segundo o quarteto, a decisão de utilizar as músicas mais ouvidas no Spotify como uma proxy para determinar o sentimento dos investidores e, portanto, predizer o que farão encontra grande amparo teórico. “Esta ideia é baseada na pesquisa da literatura psicológica, segundo a qual os indivíduos refletem seu humor nas suas escolhas musicais”. Essa correlação entre humor e música é chamada de “congruência emocional”.

Com 365 milhões de usuários ativos por mês em junho de 2023, quando a pesquisa começou, o Spotify foi escolhido pelo grupo por sua representatividade mundial. Além disso, 74% dos usuários tinham mais de 24 anos, com uma concentração relevante acima dos 45 anos (30%). Isso deu segurança aos pesquisadores de que os investidores estão representados entre os ouvintes da plataforma de música.

Outros dois fatores ajudaram na escolha do Spotify. O primeiro é que o serviço publica listas diárias das 200 músicas mais tocadas por país. O outro, e mais importante, é que as canções são classificadas por sua valência. Trata-se de uma métrica que indica o sentimento da música e varia de 0 a 1. Quanto mais próxima de 0, mais triste, pessimista e baixo-astral. Quanto mais perto de 1, mais alegre, alto-astral e otimista. A classificação é feita pela inteligência artificial do Spotify.

Bateria, música, artes

Pauleira: estudo analisou quatro anos de dados de 40 países, incluindo o Brasil (Imagem: Pixabay/ StockSnap)

Tristeza não tem fim; felicidade, sim…

A partir dessas informações, os pesquisadores selecionaram 40 países (incluindo os EUA e o Brasil), e analisaram as listas de mais tocadas entre 1º de janeiro de 2017 e 31 de dezembro de 2023. Para cada dia da amostra, o grupo determinou a valência média das 200 canções mais tocadas em cada país. Em seguida, foi determinado um desvio-padrão para cada um – sim, um trabalhão.

Os pesquisadores descobriram que, quanto mais otimistas são as músicas ouvidas em um país, mais as ações tendem a subir. Na média mundial, sempre que a valência da lista do Spotify sobe 1 ponto no desvio-padrão, as ações rendem 8 pontos-base a mais na Bolsa, o que representa um retorno anualizado de 4,3%.

O problema é que, como nos lembra aquela música do Vinícius de Moraes, “tristeza não tem fim; felicidade, sim…”. O grupo constatou que parte dessa alta é devolvida na semana seguinte. Sempre que o desvio-padrão da valência sobe 1 ponto, o retorno das ações cai 7,1 pontos-base na semana seguinte, ou -3,7% em termos anualizados.

Quanto vale a música, maestro?

(Impacto da variação do humor das músicas sobre o retorno das ações)

A maior parte das análises considerou intervalos de uma semana, a fim de evitar problemas de fuso-horário entre os países analisados. O estudo, porém, também encontrou correlações entre o comportamento das ações, num determinado dia, e o humor das músicas ouvidas naquele país cinco dias antes.

Fundo musical

A equipe também investigou o impacto das músicas ouvidas no Spotify sobre o fluxo dos fundos de investimento (aplicações versus resgates) e na demanda por títulos públicos, considerados de menor risco. As mesmas correlações foram encontradas – quanto mais otimistas as músicas, mais investimentos ocorrem.

“O sentimento musical também prediz acréscimos no fluxo líquido dos fundos mútuos e decréscimos nos retornos dos títulos públicos, e o sentimento precede um aumento na volatilidade do mercado acionário”, descrevem os autores.

“Sobretudo, nosso estudo fornece evidência de que uma proxy para o sentimento real dos cidadãos de um país é significativamente correlacionada com o preço dos ativos”, concluem. Quem disse que o mercado não dança conforme a música (mesmo)?

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