Aumento de lixo eletrônico do bitcoin eleva preocupações ambientais

Segundo pesquisa, cada transação com bitcoin gera 272 gramas de lixo eletrônico, em média, o que equivale ao lixo eletrônico produzido por dois iPhones 12 Mini (Imagem: Unsplash/Michael Förtsch)

A polêmica acerca do impacto ambiental causado pela mineração de bitcoin (BTC) é algo comentado há tempos, mas que aparenta somente ter chegado mais próximo dos mineradores recentemente.

De acordo com o Decrypt, o consumo de energia da mineração cripto foi uma das preocupações mais comentadas durante muito tempo nas comunidades cripto.

Porém, segundo novas pesquisas, é preciso estar atento a um outro ponto: o lixo eletrônico (“e-waste”, em inglês) gerado por máquinas de mineração de bitcoin.

Os equipamentos que realizam o processo de mineração são grandes, caros, com alto consumo de energia, mas com curto tempo útil. Por isso, quando são descartados, viram lixo eletrônico.

Para Alex de Vries, fundador da Digiconomist, a quantidade anual de lixo eletrônico gerado pelo bitcoin é semelhante à quantidade produzida pelos Países Baixos.

Segundo o Decrypt, a pesquisa do fundador afirma que cada transação com a maior criptomoeda do mundo gera 272 gramas de lixo eletrônico, em média. Essa quantia equivale ao lixo eletrônico produzido por dois aparelhos iPhone 12 Mini.

Para de Vries, quando as máquinas atingem o ponto de obsolência, não há nada além que possa ser feito com elas, pois são máquinas que desempenham uma única função.

O fundador da Digiconomist acrescentou, ainda, que essa situação incentiva os fabricantes desses equipamentos a produzirem cada vez mais.

O que pode ser feito?

Segundo o Decrypt, a pegada de carbono do bitcoin tem chamado a atenção de organizações não governamentais (ONGs), as quais pressionaram legisladores para revisarem o impacto da mineração de BTC nas comunidades.

No entanto, de Vries acredita que a solução para a redução da pegada de carbono e do lixo eletrônico deveria vir da própria comunidade cripto.

Segundo ele, a solução ideal seria encerrar o uso do protocolo proof-of-work (PoW) e substituí-lo por uma alternativa mais sustentável. De Vries acrescentou, ainda, que o protocolo de consenso proof-of-stake (PoS) poderia ajudar nessa questão.

“Se essa mudança for feita, então o impacto ambiental não será mais uma preocupação”, apontou de Vries.

Apesar dos apontamentos do fundador do Digiconomist, não há qualquer sinal de que os defensores do bitcoin (ou “bitcoiners”) irão, voluntariamente, mudar o protocolo de consenso usado na rede.

Com isso, segundo de Vries, algumas alternativas externas precisam ser incentivadas, principalmente por parte de legisladores, como a ampliação do conhecimento sobre lixo eletrônico e o reforço e o incentivo a práticas de reciclagem.

O que dizem os bitcoiners?

Bitcoin

Será que a comunidade cripto conseguirá alcançar um modo de conseguir reduzir o lixo eletrônico e a emissão de carbono gerados pelo setor? (Imagem: Unsplash/Michael Förtsch)

Os defensores do bitcoin têm procurado minimizar o impacto ambiental da criptomoeda de dois modos: alegando que a mineração da rede funciona à base de energia renovável – algo que levanta controvérsias – ou elaborando um modo para que a pegada de carbono do bitcoin reduza com o tempo.

Segundo o Decrypt, no início dessa semana, foi divulgado um relatório intitulado “Bitcoin Net Zero”, elaborado por Nic Carter, bitcoiner e sócio da Castle Island Ventures, e Ross Stevens, fundador da NYDIG. 

No documento, ambos os autores indicam que haverá um aumento significativo no consumo energético, na próxima década, o que apontaria para um crescimento do lixo eletrônico do bitcoin.

Porém, Carter e Stevens apresentam algumas soluções que poderiam ser tomadas por mineradores cripto para reduzir as emissões de carbono, como a aquisição de planos de compra de carbono (o que é criticado por ambientalistas), a busca por fontes renováveis e a preferência por operações locais de mineração cripto.

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