MPF aponta problemas em compras de gado pela JBS no Pará; empresa reforça ações

JBS

Segundo a JBS, o resultado da auditoria foi impactado por uma mudança recente de critério adotado pelo MPF (Imagem: REUTERS/Shannon Stapleton)

Cerca de um terço do gado comprado pela 💥️JBS (💥️JBSS3) entre janeiro de 2018 e junho de 2023 teria vindo de áreas com problemas de desmatamento ou outras inconformidades, de acordo com os resultados de uma auditora de 2023 do 💥️Ministério Público Federal do 💥️Pará.

Segundo a auditora, fábricas da JBS na região amazônica teriam comprado 940.617 cabeças de gado no período, oriundas do Estado do Pará, sendo que 31,99% apresentaram evidência de irregularidade.

Isto representa mais de três vezes o índice de tolerância de 9,95% estipulado pelo MPF-PA para a auditoria de 2023.

A resultado da auditoria reforça a preocupação de que empresas como a JBS poderiam estar contribuindo com o desmatamento da maior floresta tropical do mundo, comprando gado de terras desmatadas ilegalmente na região.

Confrontada com tais acusações, a JBS assinou um Termo de Ajuste de Conduta com o Ministério Público Federal em 2013, no qual a empresa se compromete a não comprar gado de fazendas desmatadas ilegalmente a partir de 2008, ou de propriedades envolvidas em crimes ambientais.

Pelos termos do acordo, a empresa também se compromete a não comprar gado de fazendeiros acusados de trabalho escravo e de avançar ilegalmente em terras indígenas.

Numa auditora de 2023, os procuradores que monitoraram os TACs no Pará constataram que a JBS havia melhorado os indicadores que balizam o acordo, afirmando que 8% do gado comprado pela empresa vinha de fazendas com “irregularidades”, uma queda ante os 19% aferidos numa auditoria de 2018.

No entanto, essa proporção saltou para 32%  para cerca de 301 mil cabeças de gado na auditoria de 2023 apresentada na quinta-feira.

Segundo a JBS, o resultado da auditoria foi impactado por uma mudança recente de critério adotado pelo MPF.

“Com relação aos resultados da auditoria do TAC do Pará para o ano de 2018 e o primeiro semestre de 2023, a JBS esclarece que os resultados decorrem, principalmente, de imprecisões nas definições dos critérios de monitoramento e nas bases de dados utilizadas como referência no processo de auditoria”, afirmou.

Ainda assim, a JBS disse que implementou novas medidas em seu sistema de monitoramento e bloqueou todas as fazendas fornecedoras do Pará com irregularidades apontadas na auditoria.

A empresa também admitiu que “entende ser importante adotar medidas adicionais para reforçar seu trabalho de due diligence no Estado”.

Dessa forma, a companhia anunciou nesta quinta-feira um conjunto de ações com “o objetivo de reforçar a sustentabilidade da cadeia de fornecimento de bovinos no Pará e ampliar a adoção de boas práticas por toda a indústria”.

Investimentos de 5 milhões de reais serão, em comum acordo com o MPF, destinados a um conjunto de iniciativas no Estado, disse a JBS, destacando o projeto CAR 2.0, para automatizar e acelerar a análise e verificação do Cadastro Ambiental Rural e o Programa de Regularização Ambiental no Estado.

A empresa ainda se comprometeu a realizar auditoria de 100% das compras de gado no Pará.

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