Heverton Peixoto: Do dilema à revolução na gestão do mercado segurador

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Nova aurora: avanço da tecnologia impõe uma verdadeira revolução ao mercado segurador, diz Heverton Peixoto (Imagem: Pixabay/ Joshua Woroniecki)

O mercado segurador brasileiro vive um dilema. Conhecido por processos mais burocráticos e cálculos de danos baseados em modelos conservadores, este setor econômico está cada vez mais confrontado com a demanda por maior agilidade, ousadia e dinamismo próprios do mundo moderno e digital.

Então, qual o caminho a seguir: um pouco mais do mesmo? Não é melhor participar de uma verdadeira revolução, com novas formas de gestão, processos internos e externos, priorizando os anseios principalmente de comodidade do consumidor?

Para uma via de maior progresso, o modelo tradicional de gestão, mais centralizador e focado no comando controle, dá lugar a movimentos de empoderamento do colaborador. Assim, oportunidades, desafios, responsabilidades, ônus e bônus são mais compartilhados. A paixão pela companhia, a pluralidade de ideias e as soluções vêm mais à tona em busca da disrupção.

Essa nova condução dos negócios encontra suporte em lideranças do futuro. Frente ao novo normal, elas estão abertas ao trabalho híbrido e atentas às características da jovem geração profissional, ávida especialmente por mobilizações com caráter social. Isso requer gestores com posicionamento, coerentes, transparentes, liberais, éticos, preocupados de forma genuína com a qualidade de vida do colaborador, a sustentabilidade das sociedades e do planeta.

Novas lideranças

Lideranças que no dia a dia de trabalho transmitem confiança, autonomia, protagonismo e desenvolvem profissionais com maior maturidade e competência para as tomadas de decisões. Em um mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), a liberdade com responsabilidade reforça engajamento, senso de orgulho, pertencimento e de dono do negócio, contribuindo ainda mais para resultados de alta performance.

Nas companhias atualizadas, as metas e os objetivos específicos, mensuráveis e alcançáveis agora se dão por meio da metodologia ágile. Ela inclui investimentos expressivos em tecnologia e um cotidiano de trabalho com fluxos mais maleáveis e interativos, com inteligência coletiva e equipes multidisciplinares capacitadas à auto-organização e com velocidade na conclusão das tarefas.

Esse redesenho da gestão e dos métodos de labor tem elevado o patamar das organizações do setor. Aquelas com propósito pulsando no peito dos colaboradores, forte cultura de inovação e geração de ganhos escaláveis rapidamente se tornam empresas exponenciais.

O mercado segurador leva garantias e proteções para a vida, a saúde, o patrimônio e o futuro dos brasileiros. Uma missão e tanto para 170 mil empregados diretos e seguradoras com riscos estimados em contratos de R$ 1,2 trilhão no último ano. Este setor já representou 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil há alguns anos. Agora, com 3,7% de participação, não faltam sinais de que o mundo mudou e nós precisamos mudar juntos.

Open Insurance

Nesse sentido, a Superintendência de Seguros Privados (Susep) vem liderando a flexibilidade regulatória. Nossa expectativa é que esse sopro de liberdade, os critérios técnicos e a maior proximidade e capacidade de interlocução com o governo federal e o Congresso Nacional, a partir da gestão de Solange Vieira, requisitada recentemente pelo Ministério da Economia para projetos no BNDES, prevaleça nos atos do corpo diretivo da entidade para os próximos anos.

O contexto favorece ao Open Insurance – com início previsto para dezembro. Trata-se do mercado aberto de seguros, que vem na esteira do Open Banking, com o apoio do Banco Central. Ele trará maior competitividade entre os players e dará aos clientes finais mais informações, controle, praticidade, comodidade, agilidade e melhores preços para a decisão de aquisição de produtos customizados, disponíveis em um mesmo ambiente digital.

A inteligência artificial atuará na identificação da jornada dos consumidores na internet e nas sugestões de soluções que realmente façam sentido a eles, dentro dos critérios da Lei geral de Proteção de Dados (LGPD). Há expectativa de aumento do número de consumidores e do consumo, compensando supostas perdas financeiras iniciais.

Dado o histórico do segmento de seguros, há cautela e resistência frente à transformação, seja do ponto de vista de gestão, processos e até mesmo das ações diretas de vendas, tendo em vista o relacionamento consolidado com o cliente quase que exclusivamente em tratativas interpessoais.

Contudo, inércia, bloqueios e subterfúgios levarão players à perda de talentos e clientes. As empresas do segmento que ficarem paradas no tempo, sem abraçar a tecnologia e catapultar as relações, serão ultrapassadas por insurtechs, bancos digitais e até mesmo big techs que ingressam cada vez mais em nosso campo de atuação.

A revolução no setor implica em empresas mais fortes, profissionais melhor preparados e, sobretudo, em consumidores muito mais conscientes e aderentes aos investimentos em produtos de seguridade e financeiros. O que é melhor para a economia e um mundo melhor.

*Heverton Peixoto é CEO da Wiz Soluções (WIZS3), uma das maiores gestoras de canais de distribuição de seguros e produtos financeiros no Brasil – Empresa avaliada em R$ 2,5 bilhões na Bolsa de Valores. Pós-graduado em Corporate Finance pelo Insead França, ele lidera há 4 anos cerca de 2 mil colaboradores na parceria com a Caixa e em contratos fechados durante sua gestão com Itaú, Santander, Banco do Brasil, BMG, Inter e BRB, entre outros. Seus 15 anos dedicados à seguridade incluem passagens pelo Grupo Amil e a Mckinsey & Company, nos quais atuou em projetos estratégicos para a América Latina, além da Caixa Seguros e da Par Corretora de Seguros. 

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