Máquina de dividendos: Petrobras pode distribuir até US$ 4 bi neste ano (se Brasília não atrapalhar)
O valor superou com folga a estimativa de analistas feita pela Refinitiv, que previa lucro líquido de R$ 20 bilhões (Imagem: Reuters/Ueslei Marcelino)
A 💥️Petrobras divulgou mais um resultado sólido em meio à alta do petróleo do tipo Brent, que se manteve acima de US$ 80 o barril, compensando os maiores custos de produção, apontaram analistas.
Mesmo assim, os papéis da companhia são destaque negativo na sessão desta sexta-feira (29). Por volta das 13h50, as ações ordinárias (💥️PETR3) caíam 4,33%, a R$ 28,38, enquanto as preferenciais (💥️PETR4) perdiam 3,87%, a R$ 27,82, refletindo 💥️as críticas do presidente Jair Bolsonaro na noite da última quinta.
Entre agosto e setembro, 💥️a companhia lucrou R$ 31 bilhões, revertendo o prejuízo de R$ 1,55 bilhão do ano passado.
O valor superou com folga a estimativa de analistas feita pela 💥️Refinitiv, que previa lucro líquido de R$ 20 bilhões.
Dentre os principais impactos para o lucro, a Petrobras destacou reversão de baixa contábil devido à revisão da curva do petróleo Brent de curto prazo e o ganho com o recebimento pelo acordo de coparticipação referente ao excedente da cessão onerosa do campo de Búzios.
💥️Números
A 💥️Ativa Investimentos destaca o menor efeito positivo do giro de estoques e maiores despesas no refino, bem como maiores custos em gás e energia, “que levaram seu ebitda a ficar próximo aos registrados no segundo trimestre e levemente inferior às nossas expectativas para o corrente trimestre”.
O 💥️BB Investimentos classificou como fortes os números da petroleira. O analista Daniel Cobucci, que assina o relatório, lembra que a empresa tem conseguido diminuir sua dívida líquida para baixo de US$ 60 bilhões.
Ao mesmo tempo, a Petrobras reportou forte ebitda, que mede o resultado operacional, de R$ 61 bilhões e uma “excelente” geração de caixa livre de R$ 47 bilhões.
“No acumulado do ano, o ebitda da companhia chegou a R$ 171,6 bilhões, uma elevação de 79%, superando os ganhos do petróleo tipo Brent, cuja valorização foi de 65,9% ante o mesmo período em 2023”, argumenta.
O 💥️Safra também elogiou o esforço da empresa de manter o controle de gastos e enxugar as dívidas.
“A Petrobras vem cumprindo seu plano de redução do endividamento, com foco em ativos mais rentáveis e aumentando o retorno para o acionista, apoiando nossa postura positiva sobre a empresa”, afirma Conrado Vegner.
Já os analistas do 💥️BTG Pactual, Pedro Soares, Thiago Duarte e Bruno Lima, observam que a surpresa positiva veio dos ganhos de estoque no segmento de refino, que totalizaram R$ 3,6 bilhões, com os preços do petróleo continuando em alta, apesar dos preços domésticos abaixo da paridade.
“Em exploração e produção (E&P), os custos de extração ficaram 5% acima, mas compensados por preços realizados mais elevados, que renderam um prêmio ao Brent e sustentam uma estratégia comercial assertiva”, completam.
A Ágora Investimentos vai pelo mesmo caminho e diz que com a atual geração de caixa, não se pode descartar mais dividendos ainda este ano (Imagem: Agência Brasil/Arquivo)
💥️Máquina de dividendos
Aproveitando a boa geração de caixa, a Petrobras fez outra antecipação de dividendos para 2023 de R$ 31,8 bilhões, representando um dividend yield de 8%.
Isso, combinado com R$ 11 bilhões a serem pagos no anúncio feito no segundo trimestre (R$ 31,6 bilhões), significa um yield atraente de 11% antes do final do ano.
“Com a empresa bem posicionada para entregar resultados sólidos com base nos preços do petróleo favoráveis, não excluiríamos mais dividendos à frente: estimamos que até US$ 4 bilhões ainda poderiam ser anunciados com base nos lucros de 2023 se a política de pagar 60% do fluxo de caixa operacional for obedecida. Para o próximo ano, e assumindo a política atual, estimamos um dividend yield de 20%”, afirma o trio do BTG.
A 💥️Ágora Investimentos vai pelo mesmo caminho e diz que com a atual geração de caixa, não se pode descartar mais dividendos ainda este ano.
O 💥️Credit Suisse calcula em US$ 17 bilhões a distribuição de dividendos por ano, o que dá 24% de rendimento, antes de qualquer entrada de caixa de desinvestimentos, que na visão do banco suíço também será substancial.
Tudo depende, no entanto, da Petrobras manter a política de preços da paridade internacional. O diretor de comercialização e logística da empresa, Cláudio Mastella, afastou nesta sexta-feira💥️ qualquer dúvida em relação à política de preços de combustíveis da estatal.
Na visão do BTG, por mais que os resultados do segundo trimestre atestem o que uma Petrobras disciplinada e ainda independente pode alcançar, barulhos em torno de sua política de preços (Imagem: Reuters/Adriano Machado)
💥️O fator Brasília
Tudo estaria bem, não fosse os barulhos de Brasília. Na noite da última quinta-feira (28), Bolsonaro voltou a criticar a Petrobras e sua política de preços.
“Petrobras é obrigada a aumentar o preço, porque ela tem que seguir a legislação e nós estamos tentando aqui buscar uma maneira de mudar a lei nesse sentido”, disse o presidente.
Na visão do BTG, por mais que os resultados do segundo trimestre atestem o que uma Petrobras disciplinada e ainda independente pode alcançar, ruídos em torno de sua política de preços e o potencial impacto sobre como ela emprega o dinheiro atrapalham a ação.
“O papel poderia oferecer uma das histórias de valor mais fortes que já vimos”, completa.
A Ágora segue o caminho inverso e diz que o valuation da Petrobras já está muito deprimido, enquanto seu rendimento de dividendos deve continuar robusto.
“Isso apoiará suas ações ante o Ibovespa. Um risco de curto prazo é a potencial greve dos caminhoneiros programada para 1º de novembro, que pode levar a um aumento incremental dos riscos caso o governo não consiga negociar”, afirmam os analistas Vicente Falanga e Ricardo França.
Comprar ou vender?
Mesmo recomendando compra, os analistas do Safra alertam que o momento político e o ruído nos preços dos combustíveis aumentam o risco de interferência na empresa e pode causar alguma volatilidade no preço das ações.
O BB diz que a Petrobras está bem posicionada para seguir capturando os ganhos advindos de um cenário de forte apreciação do petróleo e de um real desvalorizado, em adição ao atual patamar de endividamento, muito mais confortável.
Já o Credit Suisse aponta que a Petrobras é uma empresa estatal, o que significa que as eleições são de particular importância para os investidores.
“O Brasil sediará eleições presidenciais em 2022, enquanto a polarização política aumenta. Em nossa opinião, parte da incerteza eleitoral foi antecipada para 2023 e pode continuar a impactar as ações, aumentando a volatilidade”, diz.
Outro ponto que merece atenção é o risco potencial de excesso, uma vez que o BNDES ainda detém cerca de 1 bilhão de ações PETR4.
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