Com conjunto de informações que temos hoje ritmo de alta de juros de 1,50 p.p. ainda parece apropriado, diz diretora do BC
Ao participar da conferência Itaú Macro Vision, organizada pelo Itaú Unibanco, ela frisou que o BC sempre deixa claro que a sinalização para os próximos passos é condicional (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)
A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do 💥️Banco Central, Fernanda Guardado, indicou nesta quinta-feira que, com conjunto de informações que a autarquia tem hoje, o ritmo de aperto de 1,50 ponto na 💥️Selic ainda parece apropriado.
Ao participar da conferência Itaú Macro Vision, organizada pelo💥️ Itaú Unibanco (💥️ITUB4), ela frisou que o BC sempre deixa claro que a sinalização para os próximos passos é condicional, mas destacou que hoje a autoridade monetária não observa mudanças “muito drásticas” em relação ao que já havia sinalizado no último 💥️Comitê de Política Monetária (Copom).
A fala de Guardado vem após dados de inflação divulgados na véspera terem aumentado apostas de agentes econômicos acerca de uma ação mais agressiva do BC na próxima e última reunião do ano do Copom, nos dias 7 e 8 de dezembro.
A inflação oficial do 💥️Brasil acumulada em 12 meses chegou a 10,67% em outubro, de 10,25% em setembro, resultado mais forte desde janeiro de 2016 (+10,71%).
Antes mesmo dos dados serem conhecidos, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, disse em entrevista à Nikkei Asia que o BC elevaria os juros básicos em mais de 1,5 ponto percentual se fosse preciso.
Segundo Guardado, contudo, a avaliação ainda é de que o cenário não mudou significativamente após o BC já ter acelerado o ajuste na Selic de 1 ponto em setembro para 1,5 ponto no fim de outubro, levando a taxa a 7,75% ao ano.
Ela frisou que três mudanças importantes ocorreram nesse ínterim, dando respaldo para a postura mais incisiva no mês passado: elevação “bastante acentuada” das próprias projeções de inflação do BC, deterioração no balanço de riscos depois de o governo indicar que apoiaria mudança na regra do teto de gastos para abertura de espaço orçamentário em 2022 e, finalmente, aumento nas expectativas de inflação pelo mercado.
“Foram três grandes drivers de piora que nos levaram a repensar a estratégia. O que a gente percebe hoje é que … com o conjunto de informações que a gente tem hoje, ritmo de 150 basis (pontos básicos) ainda parece apropriado”, afirmou Guardado.
Na linha do que a ata do Copom tinha apontado, a diretora também reforçou que o BC segue acreditando na possibilidade de convergência da inflação ao centro da meta em 2022.
Atualmente, o BC vê 💥️IPCA de 9,5% para 2023, 4,1% para 2022 e 3,1% para 2023, contra expectativas do mercado, de acordo com o último boletim Focus, de 9,33%, 4,63% e 3,27%, respectivamente.
As metas centrais de inflação são de 3,75% este ano, 3,50% em 2022 e 3,25% em 2023, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.
Guardado afirmou que alta nas expectativas do mercado, com projeções “bastante altas” para 2022 e “subindo um pouco” para 2023, não é o tipo de desenvolvimento que o BC gostaria de ver.
Segundo a diretora, internamente a visão é de que a inflação em 2023 está ao redor da meta, e que não há preocupação de o número estar abaixo do alvo central.
“Nossos modelos, nossas projeções e nossas ações vão no sentido de garantir que a gente possa trazer a inflação de 2022 para o mais próximo da meta possível, do centro da meta, porque a gente tem confiança de que dá para fazer isso”, disse ela.
“2023, nos nossos modelos e na própria visão do mercado, está em torno da meta. Então do ponto de vista do Banco Central, uma perda de credibilidade ou percepção pelo mercado de que nós não buscamos atingir o centro da nossa meta (em 2022) tem efeitos muito mais negativos para o longo prazo, tem consequências econômicas muito mais graves”, complementou.
O BC vai continuar com o foco em 2022 e tem confiança de que suas ações podem fazer com que a desinflação para o próximo ano tenha sucesso, afirmou a diretora.
Questionada sobre o cálculo do BC para a taxa neutra da economia brasileira (que não produz aceleração ou desaceleração inflacionária), Guardado afirmou que o que aconteceu com a taxa só será conhecido depois e que, por enquanto, o BC mantém seus números.
Pelas indicações mais recentes da autarquia, o juro neutro se encontra em torno de 3% ao ano, em termos reais.
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