Orlando Telles: o que é o metaverso? Compreenda a nova realidade
Em seu terceiro artigo para a coluna, Orlando Telles, sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto, comenta sobre o novo universo criado pelo metaverso (Imagem: Freepik/rawpixel.com)
A ideia de múltiplos universos com realidades, interações e possibilidades distintas sempre foi algo comum no imaginário das pessoas. Nos últimos 50 anos, com o processo de digitalização, isso se tornou ainda mais frequente.
O advento das mídias sociais, a criação de jogos imersivos, e o surgimento de meios de comunicação foram, sem sombras de dúvidas, propulsores deste novo cenário.
Toda essa dinâmica constrói a ideia de “metaverso”, ou seja, ambientes capazes de criar senso de existência no indivíduo, no qual ele pode interagir e desenvolver não apenas dinâmicas econômicas, mas também sociais.
No entanto, até pouco tempo atrás, esses locais eram centralizados e não permitiam interações econômicas tão profundas. A meu ver, essa questão está prestes a mudar, pois estamos cada vez mais próximos da era dos metaversos no mercado de criptoativos.
O que é o metaverso?
“O Metaverso: um universo digital vivo e persistente que proporciona aos indivíduos um senso de agência, presença social e consciência espacial compartilhada, juntamente com a capacidade de participar de uma economia virtual extensa com profundo impacto social.” – Piers Kicks
Jogos como o Axie Infinity (AXS) e The Sandbox criaram uma nova dinâmica no mercado de metaverso ao adicionar a ideia de Web 3.0.
Para entender o potencial de crescimento deste novo mercado, é fundamental compreender, também, este conceito. A ideia de Web 3.0 pode ser facilmente compreendida por meio das seguintes frases destacadas em itálico:
“Sua margem é a minha oportunidade” – Jeff Bezos
A afirmação de Bezos é uma das frases mais famosas em meio ao empreendedorismo, na qual ele afirma que ganha de seu concorrente por reduzir cada vez mais sua própria margem de lucro, sendo esse um dos lemas mais importantes para Amazon, no qual, por meio de sua ideia de foco no cliente, reduz a sua margem para beneficiá-lo.
Podemos compreender a ideia de Web 3.0 aplicando esse mesmo raciocínio através desta outra expressão:
“Sua taxa de ganho é a minha oportunidade” – Chris Dixon
A ideia da Web 3.0 é a seguinte: se observamos jogos como “League of Legends”, 100% do valor gerado pelo game é destinado para a plataforma, contudo, há diversos componentes que agregam valor ao jogo, como os streamers, que ajudam a expandir a comunidade, e os próprios jogadores.
No caso do Axie Infinity, que se trata de uma aplicação de Web 3.0, apenas 4,25% do valor do jogo é destinado para empresa por trás do game, no caso o token AXS. O restante do valor é atribuído aos demais elos do game, neste caso, os jogadores.
“Nossa missão é criar liberdade econômica para os jogadores e fazer isso acontecer transformando jogadores em proprietários de ativos no jogo, ao contrário do modelo tradicional, em que editores, distribuição das plataformas e desenvolvedores de jogos mantêm o controle e se beneficiam ao máximo.” – Trung Nguyen, fundador do Axie Infinity.
Uma nova era de interação social
O setor de games em blockchain foi o segundo mais investido em setembro de 2023, com mais de US$ 1,5 milhão aportados (Imagem: Freepik/pikisuperstar)
O valor que o mercado de criptomoedas entrega para a tendência do metaverso é a construção de formatos econômicos mais sustentáveis e que remuneram todos os elos dentro da aplicação.
O resultado desse formato é a criação de games com maior retenção do usuário e distribuição por parte da própria comunidade, ou seja, um excelente efeito rede, que tem atraído diversos fundos de capital de risco.
“O que Axie Infinity desbloqueou é a capacidade de jogar os jogos que você ama, se divertir, mas também participar do lado financeiro da comunidade. Esta é uma ideia incrivelmente poderosa: significa que os jogos não são mais puro entretenimento, mas passam para o reino do trabalho.” – Arianna Simpson, sócia da Andreessen Horowitz (a16z).
O setor de games em blockchain foi o segundo mais investido em setembro de 2023, com mais de US$ 1,5 milhão aportados.
É válido comentar, também, que somente neste mês foram mais de 100 contratos fechados com valor médio de US$ 3 milhões, o que reforça a possibilidade de se tratar de projetos em estágio inicial, de acordo com dados do The Block Research.
Ainda existe um longo ciclo de desenvolvimento para este setor, especialmente, no que se refere à experiência do usuário e facilidade de acesso às plataformas, dois dos principais pilares para qualquer segmento se tornar mainstream.
O fato é que o mercado de games em blockchain está construindo um grande diferencial competitivo em relação aos demais participantes da indústria e, caso os gargalos de acesso para o grande público sejam resolvidos, este mercado pode ser o grande precursor do metaverso.
Para os investidores que buscam se expor ao mercado de criptomoedas no longo prazo em setores que apresentem um diferencial competitivo significativo, estudar o conceito de Metaverso e Web 3.0 pode ajudar na construção de um bom portfólio.
Apenas lembre-se que este mercado está apenas começando e ainda não está claro quem serão os vencedores deste “novo universo.”
*Orlando Telles é sócio-fundador e diretor de research da Mercurius Crypto, casa de pesquisa em criptoativos.
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