Estamos perto de ver o topo da inflação, diz Campos Neto
O BC imaginava “em algum momento” que o auge da inflação ocorreria em setembro, mas isso não ocorreu em função dos “choques de energia que vieram de forma consecutiva, surpreendendo a todos” afirmou Campos Neto (Imagem: Raphael Ribeiro/BCB)
O presidente do 💥️Banco Central, 💥️Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira que o pico da 💥️inflação está próximo, após o BC ter errado em seus prognósticos de que isso aconteceria em setembro, pontuando que haverá melhora a partir do ano que vem.
Ao participar de evento virtual com empresas do 💥️mercado imobiliário promovido pelo 💥️Secovi-SP, ele afirmou que o BC imaginava “em algum momento” que o auge da inflação ocorreria em setembro, mas isso não ocorreu em função dos “choques de 💥️energia (que) vieram de forma consecutiva, surpreendendo a todos” e do aumento da 💥️gasolina subindo na bomba puxado pelo 💥️etanol.
“A gente acabou tendo elemento de energia … surpreendendo mais e espalhando mais nas cadeias”, disse.
“A gente acha que a gente está perto, olhando 12 meses, de ver o topo (da inflação) e a gente entende que a partir do ano que vem a gente vai ver uma melhora”, complementou.
Durante sua participação, Campos Neto também indicou que o BC deve piorar sua projeção para o crescimento do 💥️Produto Interno Bruto (💥️PIB) em 2022, mas não na magnitude apontada pelo 💥️mercado em suas últimas estimativas.
A última conta do BC, de alta de 2,1%, 💥️será provavelmente revista para baixo, disse, “mas não tão baixo” como a mediana em expectativas de agentes do mercado.
No último 💥️boletim Focus, a 💥️perspectiva do mercado era de crescimento de apenas 0,7% para a economia brasileira no ano que vem.
Reancoragem
Campos Neto voltou a ponderar que os banqueiros centrais podem cometer dois erros: subir excessivamente os 💥️juros básicos, com efeito negativo para a atividade, ou fazer isso de forma lenta demais, o que acarreta desancoragem da inflação e processo de indexação mais rápido.
“E depois, o processo de reancoragem, nós vivemos isso algumas vezes, é um processo muito mais duro porque é uma taxa de juros muito mais alta, por um período muito mais longo, e provavelmente não será feita sem colocar o país numa recessão maior”, disse ele.
O presidente do BC defendeu que a resposta de política monetária no caso brasileiro precisa ser diferente da de outros países pela existência de memória de inflação “logo ali”, em referência aos anos de 2015 e 2016, quando houve percepção de descontrole sobre o avanço de preços na economia.
O BC já elevou os juros básicos em 5,75 pontos este ano, tirando a 💥️Selic da mínima histórica de 2% ao ano que vigorou até março para o patamar atual de 7,75% ao ano.
A perspectiva é de novo ajuste para cima na próxima reunião do 💥️Comitê de Política Monetária (💥️Copom) em 7 e 8 de dezembro, sendo que BC sinalizou em outubro que antevia nova alta de 1,5 ponto na taxa básica.
“A gente entende que a gente tem o instrumento que dá para fazer o trabalho num horizonte relativamente não muito longo e depois a gente consegue voltar a uma normalidade com credibilidade”, disse Campos Neto.
Poupança
Questionado sobre o tema da poupança, o presidente do BC afirmou que a autarquia tem estudado o tema e tem “obviamente” vontade de fazer mudanças, mas pontuou que isso tem que acontecer de forma faseada e bastante lenta para não criar ruptura no financiamento.
Campos Neto disse concordar que em algum momento seria preciso pensar em fórmula de poupança que fosse mais “hedgeável” e casada com destinação dos recursos.
“É coisa que a gente tem olhado”, afirmou ele, ressalvando que o tema provavelmente demandará a realização de consulta pública.
Ainda sobre o assunto, Campos Neto esclareceu que quando o BC comunicou preocupação com o “lower bound” & em referência à existência de um limite mínimo para os juros& se referia à fuga de recursos para a poupança com a Selic em patamares baixos.
“Nosso debate sobre o lower bound não era sobre política monetária, a gente estava preocupado com migração muito excessiva para poupança e engarrafamento que isso podia causar”, disse ele.
Agora, num quadro de subida dos juros básicos, a preocupação é com a migração contrária, destacou ele, acrescentando que o BC irá discutir o impacto dos juros altos para o crédito imobiliário em reunião com CEOs de bancos nesta sexta.
De qualquer forma, Campos Neto afirmou acreditar que, para esse setor, o efeito “não será tão grande”, apesar de algum impacto na margem.
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