Rodolfo Amstalden: Dividendos gordos para o ano novo
“É saudável depositarmos boas expectativas para este ano, desde que continuemos sendo bastante seletivos”, afirma o colunista (Imagem: Pixabay/Tumisu)
O ano de 2023 foi desafiador para a Bolsa. Porém, mais que sobreviver, foram muito sensatos aqueles que aproveitaram a chance de comprar ações de empresas excelentes e extremamente descontadas.
Não há mal que sempre dure – esse pensamento também é válido para o mercado acionário. Depois de crises, costumam acontecer grandes saltos.
A história já mostrou isso várias vezes, como nos períodos que sucederam as crises do subprime, em 2008, e a do governo Dilma, em 2015, quando o Ibovespa apresentou valorizações expressivas e os papéis de algumas companhias chegaram a gerar retornos exponenciais.
É saudável depositarmos boas expectativas para este ano, desde que continuemos sendo bastante seletivos e revestidos com a “casca grossa” desenvolvida ao longo de 2023 e de 2023.
Nos próximos meses, alguns elementos seguirão em voga: variante ômicron, risco fiscal, Selic alta, inflação ainda se sustentando em patamares elevados. Soma-se isso tudo às incertezas ligadas a eleições.
É um panorama ruim, mas bom ao mesmo tempo. Velhos e conhecidos problemas são melhores do que novos. Se um ou mais desses fatores que mencionei arrefecerem ou saírem de cena, nossos ativos serão prontamente beneficiados.
O mercado sobe tanto por notícias positivas quanto pela supressão de notícias negativas.
Como eu disse, o stock picking é essencial. Aqueles que se posicionarem nos papéis certos agora, terão possibilidade de colher os frutos lá na frente.
Sendo assim, eu gostaria de compartilhar com você, duas ações interessantes e que fazem parte da série que eu conduzo, a Empiricus FIRE – Financial Independence, Retire Early. Na verdade, são duas blue chips com potencial de gerar dividendos gordos no ano: Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4).
Alta produtividade em um ano “normal”
Não é esperada nenhuma explosão do preço do minério de ferro como em meados do ano passado (Imagem: REUTERS/Muyu Xu)
Minha expectativa para a Vale em 2022 é de um ano “normal” & o que já é uma ótima notícia. A mineradora tem feito muito bem a sua lição de casa, o que deve beneficiá-la cada vez mais.
Não é esperada nenhuma explosão do preço do minério de ferro como em meados do ano passado quando atingiu o pico de US$ 230 a tonelada, mas também nenhuma queda abrupta de demanda da commodity.
Enquanto eu escrevo esse artigo, o minério é cotado a US$ 119. Mas considerando sua estratégia competitiva de negócios, a diminuição de custos e o pipeline de baixos investimentos, avalio que a Vale será capaz de entregar um dividend yield acima de 10% em 2022, mesmo se a commodity retornar para o patamar de US$ 90.
A Vale está em transição na sua forma de produzir minério de ferro, reduzindo o processamento a úmido e migrando para o método a seco, no qual não é necessário usar água.
Além de dispensar a necessidade de barragens a montante, que representam riscos ambientais, esse novo processo proporciona maior aproveitamento do minério – 100% da produção é comercializada, ao contrário da via úmida, onde há perdas.
Somado a isso, a companhia mantém o foco em aumentar a qualidade da commodity, tática chamada de value over volume, priorizando as margens. Quanto maior o teor de ferro no minério, maior o prêmio em comparação ao preço médio internacional.
Boa estratégia de longo prazo e a venda da Braskem no horizonte
Em 2023, a Petrobras (PETR4) sofreu sérias ameaças de interferências do governo, mas o ano acabou terminando melhor do que o esperado. A companhia teve resultados muito fortes de janeiro a setembro e a distribuição de dividendos superou R$ 60 bilhões.
2021 acabou terminando melhor que o esperado para a Petrobras (Imagem: REUTERS/Sergio Moraes)
Posso destacar aqui algumas notícias positivas. A Petrobras anunciou investimentos na ordem de US$ 68 bilhões entre 2022 e 2026, 24% a mais do que no plano dos anos anteriores.
Desse total, 84% serão destinados à exploração e produção de petróleo e gás natural, atividades centrais da empresa.
Outro ponto favorável é a tão aguardada venda da Braskem (BRKM5).
Ficou definido que o desinvestimento será via oferta pública, na qual ela poderá se desfazer da sua participação de 36% do capital da Braskem, o que é equivalente hoje a cerca de R$ 15 bilhões na Bolsa.
Esse dinheiro poderá incrementar o potencial de dividendos a serem distribuídos este ano – sendo que o dividend yield estimado já é excepcional, de 23%. Isso sem falar na possibilidade de investir ainda mais nos projetos de pré-sal, a galinha de ovos de ouro da companhia.
Aliás, em meados de dezembro, a Petrobras arrematou os direitos de dois campos importantes: Sépia e Atapu, ficando com participações de 30% e 52%, respectivamente.
Negociando a 3,5x os lucros esperados para este ano, Petro segue muito barata e com grande potencial de valorização.
Enfim, essas são companhias tradicionais na Bolsa para quem almeja dividendos gordos.
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Um abraço!
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