Combustíveis: Com a queda do petróleo, Petrobras (PETR4) foi precipitada em aumentar preços?

Petrobras

Petrobras anunciou o aumento nos preços do diesel em cerca de 25% em suas refinarias e o da gasolina em quase 19%

Há uma semana, a 💥️Petrobras (💥️PETR3; 💥️PETR4) anunciava o aumento dos preços da 💥️gasolina e do 💥️diesel nas refinarias em um cenário de altas históricas nas cotações do 💥️petróleo no mercado internacional.

Tudo por conta do conflito entre a 💥️Rússia e Ucrânia, que teve início no final de fevereiro e já dura 20 dias. Desde o início da 💥️guerra, o preço do barril da 💥️commodity foi para as alturas, e chegou a bater quase US$ 140.

A reação da 💥️Petrobras foi anunciar o repasse dessa elevação para os 💥️combustíveis. A medida foi duramente criticada, inclusive pelo 💥️presidente da República Jair Bolsonaro (PL), que chegou a dizer que praticar a paridade do preço internacional com o petróleo naquele patamar era inviável e não podia continuar acontecendo.

O comportamento da commodity, no entanto, tem sido pouco ou nada previsível. Exemplo disso foi a queda nos preços um dia após o presidente 💥️Joe Biden 💥️anunciar um embargo ao petróleo russo como forma de retaliação ao país de💥️ Vladimir Putin. As expectativas eram de uma alta considerável, que não aconteceu.

Passada uma semana, os preços caíram. O barril ainda está caro, de fato, mas encerrou o dia ontem (15), por exemplo, abaixo dos US$ 100. Por volta das 15h desta quarta-feira (16), o petróleo Brent caía 1,39% , cotado a US$ 98,52, enquanto o WTI caía 0,66%, cotado a US$ 95,80.

A cobrança em relação à Petrobras foi imediata. 💥️Bolsonaro disse ainda ontem (15) esperar que a estatal siga a redução do preço internacional do barril, durante discurso no 💥️Palácio do 💥️Planalto.

Nesta quarta-feira (16) ele chegou a dizer, durante entrevista ao SBT, que não tem poderes sobre a empresa, 💥️que poderia ser “privatizada hoje”.

“A Petrobras se transformou na Petrobras Futebol Clube, onde o clubinho lá de dentro só pensa neles, jamais pensam no Brasil”, acrescentou.

Subiu cedo demais?

Para Helder Queiroz, ex-diretor da 💥️Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a questão sobre o reajuste não é tão simples e, tampouco, “mecânica”.

Na opinião do especialista, o reajuste está mais ligado à desorganização no processo de precificação dos combustíveis e à falta de transparência por parte da companhia.

“Antes desse aumento, a Petrobras tinha ficado quase dois meses sem reajustar os preços, mas não avisou ninguém. Ano passado, por exemplo, houve situações da Petrobras reajustar os preços até semanalmente. Começou a dar a entender que queria mudar ao menos a periodicidade, mas isso é feito sem que haja transparência sobre critérios”.

O especialista afirma que os efeitos do último reajuste trouxeram impactos políticos e macroeconômicos “terríveis”, que afetam a competitividade da economia brasileira.

“Os mercados estão muito nervosos. São dois preços que falamos: hoje, o barril a US$ 100, e na semana passada, a US$ 139. É uma diferença de 40%. Volatilidade sempre teve, mas a amplitude é muito grande”.

O ex-diretor da ANP diz que a pressão para que os preços caiam vai começar, mas é algo que não deve acontecer tão imediatamente. “Com a tendência de alta, você repassa o aumento ao longo da cadeia como um foguete. Quando começa a cair, cai como uma pena, devagarinho”.

Petróleo a US$ 200?

Petróleo

Preço do barril do petróleo caiu consideravelmente após superar os US$ 130 (Imagens: REUTERS/Dado Ruvic)

Quando Biden estava prestes a anunciar as sanções ao petróleo russo, o vice-primeiro-ministro Alexander Novak declarou que os preços poderiam subir para mais de US$ 300 por barril.

É difícil pensar se isso pode de fato acontecer, avalia Maurício Canedo, pesquisador do Centro de Economia e Petróleo da FGV e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

É algo que depende muito da forma como o conflito entre os países irá se desenrolar e se vai durar muito mais tempo. Ele lembra, no entanto, que o petróleo já foi de US$ 30 a US$ 130, então tudo é possível, ainda que não se saiba se um aumento acima disso é provável.

Em meio a uma realidade bastante incerta, o governo vem cogitando mecanismos para tentar amortecer de alguma forma esse aumento no bolso do brasileiro. Uma das possibilidades que está sendo avaliada pelo governo é subsidiar os 💥️combustíveis por três meses, em um movimento que pode custar até R$ 30 bilhões aos cofres públicos.

Segundo o último levantamento da ANP, a 💥️Bahia é hoje o 💥️estado brasileiro com o litro mais caro da gasolina comum, levando em conta o preço médio do combustível.

O estado de Rui Costa (PT) lidera o ranking com o litro a R$ 7,691, seguido pelo 💥️Rio Grande do Norte, a R$ 7,150. Para o país, o valor médio é de R$ 6,683.

“O que alguns países fazem é ter algum mecanismo para tentar reduzir a volatilidade [dos preços] ou evitar aumentos muito bruscos dos combustíveis e de outros derivados do petróleo. Mas são políticas que passam pelo Orçamento público. É muito importante a gente ter de forma clara os custos e os benefícios [daquela medida]”, diz.

“Estamos dispostos a gastar aquele valor que poderia ir para a saúde, educação, bolsa família etc? É importante que os custos fiquem claros para que a sociedade tome uma decisão minimamente informada. O mesmo acontece quando se faz controle de preços da Petrobras”.

“A União é a maior acionista da Petrobras e recebe seus dividendos, que se tornam receita pública. Se o governo abre mão disso para subsidiar, o preço fica implícito, não aparece, não passa pelo Orçamento e aí parece que não tem custo. Estamos abrindo mão de quanto?”, avalia.

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