Combustíveis: Até quando os preços no Brasil serão afetados pela guerra na Ucrânia?

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Petrobras anunciou na semana passada um reajuste de quase 19% no preço da gasolina (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Em meio a negociações turbulentas, não há expectativas no cenário internacional de que o preço do 💥️petróleo volte tão cedo ao patamar anterior à 💥️invasão da💥️ Ucrânia pela Rússia. A má notícia é que, para o Brasil, o cenário indica continuidade na alta no💥️ preço dos 💥️combustíveis.

Na manhã desta segunda-feira (21), o barril de💥️ petróleo do tipo Brent, que em momentos de tensão no conflito ultrapassou a marca histórica dos US$ 130, era negociado no patamar dos US$ 115. Antes da invasão, negociações rondavam os US$ 95.

Com a disparada no preço da 💥️commodity no mercado internacional, a💥️ Petrobras (PETR4) anunciou no dia 11 de março um reajuste de quase 19% no preço da 💥️gasolina e 25% no💥️ diesel, gerando insatisfações por parte do governo e população.

“Imprevisível”

Para Antonio Gelis Filho, professor da FGV e especialista em geopolítica, as sanções 💥️sofridas pela Rússia torna o cenário menos controlado do que qualquer outra 💥️crise de abastecimento no mercado do petróleo já vista.

Comparando o momento atual aos💥️ choques do petróleo dos 💥️anos 1970, quando os 💥️países árabes interromperam a 💥️exportação em meio a um 💥️conflito geopolítico com 💥️Israel, o professor é mais pessimista com o presente.

“Em 73, se alguém quisesse acabar com o choque, poderia naquele exato momento. O resultado era uma decisão sobre a qual se tinha controle potencial. Agora, não”, diz.

Segundo Gelis Filho, a Rússia, ao se preparar para dar início ao conflito, se programou para receber e suportar as💥️ sanções impostas.

Na última sexta-feira (18), 💥️Putin discursou para milhares de pessoas, em um estádio lotado para a comemoração da anexação da Crimeia, e aproveitou para dar sua visão sobre o que está em curso na Ucrânia. Na ocasião, o líder exaltou a “operação especial”.

O especialista acredita que muitas nações, inclusive 💥️europeias, não serão capazes de seguir os 💥️EUA, país com maior 💥️autonomia energética, na esteira de 💥️embargos. “Existe muito espaço pra Rússia agir”, afirma.

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O especialista acredita que muitas nações não serão capazes de seguir os EUA na esteira de embargos (Imagem: REUTERS/Kevin Lamarque)

Política de preços

No 💥️cenário doméstico, as discussões recaem sobre o que a Petrobras pode ou não fazer para atenuar o impacto da flutuação internacional dos preços do petróleo no bolso do consumidor.

O presidente 💥️Jair Bolsonaro, atendendo aos caminhoneiros, uma de suas bases mais fiéis, frequentemente demonstra insatisfação com a 💥️política de preços da empresa, e há a expectativa de que ele troque novamente a chefia da estatal, com a recente 💥️“fritura” pública do General Luna e Silva.

No dia 16 de março, por exemplo, 💥️Bolsonaro disse a jornalistas que “existe a possibilidade” de substituição do general. Em posicionamentos mais recentes, o presidente recuou e chegou a💥️ rechaçar a possibilidade de uma interferência, a qual não é vista com bons olhos por 💥️agentes de mercado.

“Grande erro”

Para Alessandra Ribeiro, sócia-diretora da 💥️Tendências, a 💥️estatal não deveria agir em sentido de 💥️segurar os preços do combustíveis. “Como empresa, ela busca ser mais eficiente o possível para dar retorno a seu 💥️acionista“, diz.

Apesar de ter a União como acionista majoritária, a Petrobras também tem acionistas privados, que, segundo Ribeiro, acabam pagando injustamente pelo financiamento de uma política pública de controle de preços.

Dependência da gasolina

Para Paulo Feldman, economista e professor da USP, o maior problema encontra-se no fato de que o país é dependente da 💥️gasolina, derivada do petróleo, quando poderia ter autonomia no uso do 💥️etanol.

“Somos o único país do mundo que poderia ter evitado cair nessa crise” disse, referindo-se à alta dos preços dos combustíveis.

O economista afirma que o país tem capacidade produtiva e estrutura para expandir o uso do 💥️biocombustível, mas não o faz porque usineiros preferem lucrar exportando 💥️açúcar e mandando etanol para o mercado internacional.

Dados da 💥️União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apontam que a exportação de etanol, na safra de 2023 a 2023, movimentou cerca de R$ 6,8 bilhões, contra R$ 4 bilhões da safra de 2023 a 2023. Para o período de 2023 a 2022, o valor já chega a R$ 5 bilhões.

Para Feldman, caberia ao governo um pacote de estímulos para que donos de usinas voltassem suas produções ao mercado interno.

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O Congresso se mobilizou para aprovar projetos com o objetivo de aliviar o impacto no bolso do consumidor (Imagem: REUTERS/Ueslei Marcelino)

💥️Pacotes legislativos

Desde o início da crise, o 💥️Congresso se mobilizou para aprovar projetos com o objetivo de aliviar o impacto no bolso do consumidor.

Mas, segundo a 💥️Instituição Fiscal Independente do Senado, os pacotes propostos pelo governo para contornar o aumento, como a redução do💥️ Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a isenção do 💥️PIS/💥️Cofins, devem causar perda de arrecadação e promover rombo de mais de R$ 30 bilhões nas contas públicas.

Feldman acredita que a redução dos impostos não vai ser capaz de resolver a situação. “O governo está achando que vai fazer mágica com os impostos, mas vai acabar piorando a situação”, afirma.

O professor lembra que o mercado tende a reagir com desconfiança a rombos nas finanças públicas, o que desvaloriza o 💥️real e deteriora a situação macroeconômica como um todo.

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