O que você ainda não leu sobre o reajuste feito pela Petrobras (e que é bom saber)
Foco nos fundamentos: reajuste dos combustíveis pela Petrobras reduziu defasagem de 45% para 4%, observa Pedro Serra (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)
Nos últimos dias, um dos assuntos mais comentados no mercado 💥️é o aumento de preços auferido pela Petrobras (PETR3; PETR4). Alvo de escrutínio por uma série de classes, o 💥️reajuste foi primordial para diminuir a 💥️defasagem, que na 💥️gasolina beirava os 45%, o maior percentual desde a implantação da 💥️política de paridade de preços, para 4%, o que pode ser considerado uma paridade técnica.
Muitos dos que criticam a política de paridade de preços, pilar fundamental no plano de recuperação financeira que Petrobras vem executando desde 2017, se baseiam no fato do Brasil produzir💥️ petróleo em quantidade superior ao que consome, o que é verídico.
Entretanto, o país não tem condição de processar a totalidade do óleo produzido internamente em função das características técnicas das nossas 💥️refinarias e, mesmo que pudesse, toda a cadeia (contratos etc.) está atrelada ao 💥️dólar e ao 💥️preço do petróleo, ou seja, mesmo que o petróleo seja extraído aqui, boa parte do seu custo de operação está em dólar, sem contar a 💥️estrutura financeira junto aos bancos que, em boa parte, também são realizadas com instituições estrangeiras.
De uma maneira geral, o preço da gasolina na ponta é fruto do preço nas refinarias, do dólar, dos custos com 💥️etanol, dos 💥️impostos e dos ganhos dos 💥️distribuidores. Uma melhora conjuntural no preço final envolve uma💥️ reforma tributária, a revitalização do segmento de refino (como a 💥️privatização do setor) e a manutenção de uma estabilidade por parte do país que torne o💥️ câmbio, fruto de uma série de variáveis exógenas à atividade 💥️óleo & gás, mais estável.
Na impossibilidade de alcançar tais práticas no curto prazo, acredito que a melhor forma de se encontrar um equilíbrio entre os aumentos externos causados pelos choques externos e a saúde financeira da Petrobras seja através de uma discussão com a sociedade sobre a destinação dos recursos oriundos dos💥️ dividendos da companhia.
Ademais, outras medidas que não alterem a estrutura da companhia e não signifiquem o término da política de paridade de preços alinhada à 💥️política internacional, da gestão otimizada de alocação de capital e de sua condição de remunerar adequadamente seus 💥️shareholders também tirariam a pressão sobre a atuação da companhia e não feririam sua saúde, diferentemente de medidas mais extremas, como um eventual 💥️congelamento de preços.
Ajuste da Petrobras se ateve aos fundamentos
Historicamente a Petrobras desempenhou papel importante na nossa economia com os seus investimentos. Isso se intensificou na década de 2010 mas, como ficamos sabendo mais tarde com as revelações da 💥️Operação Lava Jato, esses investimentos não geravam retornos financeiros para a estatal e a conta, mais tarde, acabou aparecendo.
Atualmente, a empresa gera💥️ caixa, possui investimentos com altos retornos e o seu 💥️endividamento está em nível saudável, portanto interferências em sua gestão podem reverter esse quadro negativamente.
O tema é evidentemente sensível e envolve uma série de stakeholders no país. De fato, qualquer solução de curto prazo para o tema envolve uma alta dose de complexidade, sendo que em ano de eleição, os ânimos tendem a ficar ainda mais exacerbados.
O que é importante para o investidor perceber é que, 💥️com o aumento de preços realizado em 11 de março, a Petrobras apenas se ateve ao fundamento e cumpriu aquilo que a sua política de preços atual rege. Ainda que os próximos passos sejam um tanto imprevisíveis, o sinal enviado pelo management da companhia foi positivo, o que infelizmente, não significa que os próximos capítulos da história também sejam.
Isto explica o porquê ainda preferimos ficar de fora de pares estatais e porque Petrobras segue negociando com um desconto frente aos pares, mesmo entregando excelentes resultados financeiros ao longo dos últimos trimestres. Resumindo, quando o assunto é Petrobras, o medo do futuro fala mais alto que os resultados até então alcançados.
✅💥️Pedro Serra é gerente de Research da Ativa Investimentos e tem mais de dez anos de experiência no mercado financeiro, com passagens pela Petros e Fundação Real Grandeza. É formado em Economia pela Universidade Candido Mendes, tem MBA pelo Ibmec e possui certificação CNPI.
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