Inflação acima de 10% entra no radar
O governo anunciou em março uma estimativa de 6,55% para a inflação no ano (Imagem: Towfiqu barbhuiya/Unsplash)
A possibilidade de o Brasil registrar uma 💥️inflação acima de 10% em 2022, pelo segundo ano seguido (em 2023, o 💥️IPCA foi a 10,06%), entrou no radar dos economistas.
A previsão vem crescendo em meio a impactos da guerra na 💥️Ucrânia, dúvidas sobre o efeito da política de “covid zero” da 💥️China nas cadeias produtivas, aumento dos juros nos 💥️Estados Unidos e disseminação das altas de preços no Brasil. O cenário eleitoral aparece como fator de pressão adicional.
Se isso acontecer, será a primeira vez, desde o início do Plano Real, que o País terá inflação de dois dígitos por dois anos seguidos. Com esse cenário, a taxa de juros básica, elevada pelo 💥️Banco Central (BC) anteontem para 12,75% ao ano, teria provavelmente de subir acima dos patamares hoje projetados e se manter alta por mais tempo.
E começam a voltar os temores de inércia inflacionária e indexação, “doenças” da época da hiperinflação em que as altas de preços passadas se refletiam nos preços futuros e mantinham a inflação em alta.
O banco 💥️BNP Paribas foi o primeiro a elevar, oficialmente, a projeção de IPCA em 2022 para 10% & o dobro do teto da meta. “Esperamos pressão dos mesmos setores, mas com impacto mais forte e duradouro”, escreveram em relatório Gustavo Arruda, chefe de pesquisa para América Latina do BNP, e Laiz Carvalho, economista para Brasil da instituição. Já a projeção do BNP Paribas para o IPCA fechado em 2023 subiu de 4,5% para 5% (o teto da meta no ano que vem é de 4,75%).
Segundo Carla Argenta, economista-chefe da 💥️CM Capital, a probabilidade de o IPCA atingir dois dígitos em 2022 aumentou de 10% para 30% nos últimos dois meses.
“Há alguns meses, imaginávamos que essa inflação mais elevada tinha a mesma característica da de 2023. Hoje, vemos uma situação diferente, com espalhamento preocupante e núcleos afetados, sem a evolução esperada para os itens que o BC tem maior condição de controlar”, diz.
“Nossa expectativa para o IPCA 2022 está em 8,4%, mas pode chegar a um patamar até mais elevado que o de 2023. É uma possibilidade que não é remota.”
João Fernandes, economista da 💥️Quantitas, elevou a projeção de IPCA de 2022 de 8,8% para 9% e alertou que os riscos ainda são para cima. Um novo reajuste dos combustíveis por parte da Petrobras, por exemplo, adicionaria até 0,2 ponto porcentual à estimativa.
O governo anunciou em março uma estimativa de 6,55% para o IPCA no ano. Esse dado será atualizado neste mês.
Alimentos
Segundo o BNP, a principal pressão virá de 💥️alimentos, que devem ter a maior variação de preços em 2022, de 17%. O banco estima ainda impactos do 💥️petróleo, de problemas na cadeia de suprimentos mundial e da expectativa de aceleração da atividade de serviços no Brasil.
Na 💥️XP Investimentos, as projeções para o IPCA são de 7,4%, para 2022, e de 4% para 2023, mas o economista-chefe, Caio Megale, admite que uma taxa de 9% neste ano é um cenário bastante plausível, mesmo com a previsão de a Selic chegar a 13,75% em junho.
Megale cita riscos na projeção de preços de alimentos, de serviços (sustentados pela reabertura econômica e por programas de antecipação de renda do governo), no setor industrial (com os lockdowns na China) e em preços administrados (com os reajustes anuais nas distribuidoras rodando em torno de 20%).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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