China joga contra a difícil harmonia sobre qualidade da soja entre sementeiras, produtores e tradings
Problemas na armazenagem da soja é alvo de críticas da China (Imagem: Reuters/Nacho Doce)
Ao protocolar na Organização Mundial do Comércio (OMC) mudanças no padrão de qualidade dos grãos de soja, a China distribui a responsabilidade entre produtores, sementeiras e tradings.
Se os dois maiores fornecedores globais dos chineses, Brasil e Estados Unidos, aceitarem a proposta, que eleva os níveis de teores de óleo e proteína, e diminui a tolerância a umidade e avarias, estará instalada uma situação que já é bastante discutida no setor.
Leva tempo para uma definição via esse organismo mundial, mas como já apontou a Embrapa e a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), desde 2018, a bola está dividida no setor, enquanto a China busca pressionar por preços menores.
Como também reconhece as dificuldades de consenso com os demais países e, sendo assim, muito improvável que as metas, hora objetos de tentativa de revisão, sejam aceitas, tenta levar alguma coisa extra, desde que a OMC opte por um meio termo.
Começa pela questão da proteína, que bate direto nas grandes marcas desenvolvedoras de sementes.
O teor médio da soja brasileira, superior à americana, tem ficado em 37% nas últimas safras, mas já chegou a ser maior nos dois países, segundo o US Soybean Export Council.
Os chineses querem revisão para de 40% a 44%.
Como se privilegia a produtividade, até por força de atendimento ao apetite chinês, o teor proteico caiu. Esse aspecto científico também é reconhecido.
Para os produtores e tradings, sobram os pontos criticados em relação à umidade, que deveria cair de 14% para 12% nos lotes, quanto também o percentual de exemplares defeituosos teria que diminuir.
Há tempos o Brasil já supera os 8% de tolerância.
Quanto à umidade e grãos defeituosos é de responsabilização dos produtores, diante a deficiência logística de secagem e armazenagem, não resta dúvida.
Mas as tradings teriam que pagar pela melhoria dessas condições. No caso da umidade, o produtor sofre desconto, mas nada recebe a mais de estiver abaixo do índice.
A soja perde até 1,15% de peso para cada ponto percentual abaixo dos 14%, daí que seria vantajoso o produtor exportar menos água, mas ganhar por isso, igualmente como as tradings ganhariam com as vendas aos chineses se aprovadas nos novos padrões.
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