Alta nos juros europeus pode enfraquecer o dólar, mas não salva a Europa da recessão
Na semana passada, pela primeira vez em 20 anos o euro e o dólar atingiram a paridade. (Imagem: Pixabay)
Nesta quinta-feira (21), o 💥️Banco Central Europeu aumentou, pela primeira vez em 11 anos, a sua taxa de 💥️juros. A autoridade monetária surpreendeu o mercado ao promover uma alta de 0,50 ponto percentual – as projeções falavam em um reajuste mais brando de 0,25 pp.
Mas a surpresa foi bem recebida. O consenso geral era de que a 💥️Europa estava muito atrasada em relação ao mundo quanto à alta de 💥️juros. Tanto que a 💥️inflação chegou a níveis recordes. No mês passado, a 💥️inflação anual registrou alta de 8,6%, a mais alta em 40 anos.
“O tom da presidente do 💥️BCE foi razoável e consciente da situação inflacionária, tanto que a alta esperada era de 0,25 pontos e veio 0,50 ponto percentual”, aponta Yuri Landim, Operador de Renda Variável da WIT.
Para piorar, o 💥️euro estava perdendo paridade com o 💥️dólar. Na semana passada, foi a primeira vez em 20 anos que as duas moedas estavam com a mesma cotação.
Com a moeda europeia se desvalorizando, os investidores entenderam que os 💥️Estados Unidos era o país mais seguro para alocar recursos, o que inflou o dólar. Agora, se o BCE for bem sucedido em seu aperto monetário, a escalada do dólar vai perder força.
“O dólar deve enfraquecer um pouco, porque ganhou muita tração devido a esse diferencial de juros. Essa alta ajuda a equilibrar um pouco mais”, afirma Marcelo Oliveira, CFA e fundador da Quantzed. “Para a próxima reunião, o mercado deve precificar uma alta de 0,50 pp ou até 0,75 pp pontos. Mas se o 💥️Federal Reserve subir seus juros em 0,75 pp, a distância entre os juros nos EUA e Europa continuará grande.”
Ainda assim, a Europa está à beira de uma 💥️recessão – e que parece difícil de escapar. Yuri ressalta que o risco da recessão é alto, a 💥️inflação é persistente (puxada, principalmente, pelos preços de energia e alimentos) e a atividade econômica está desacelerando.
Além disso, a 💥️União Europeia precisa lidar com a crise mais acentuada de alguns países membros, como 💥️Grécia, 💥️Itália e 💥️Espanha, que pode aumentar a dívida da região como um todo.
A Itália, por exemplo, além da questão econômica, também enfrenta estabilidade política. O premiê da Itália, Mario Draghi, renunciou hoje após seu governo entrar em colapso.
Por isso, o BCE também anunciou uma nova ferramenta de compra de dívida, batizado de Transmission Protection Instrument (TPI, na sigla em inglês). A ideia é evitar a chamada “fragmentação” da união monetária europeia. O processo se refere à diferença entre taxas de juros soberanos das diferentes economias da zona do euro.
Para Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original, essa medida é importante para esse momento de instabilidade. “A ideia não é nova por lá , mas seu objetivo é justamente controlar a curva de juros mais longa nessas regiões fragilizadas”, afirma. “Seu tamanho não foi pré-determinado pelo comitê e poderia, se necessário, incorporar títulos corporativos, fato que a torna mais poderosa. Mas também deixa claro o tamanho do problema econômico por lá”, afirma Marco Caruso, economista-chefe do Banco Original
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