Previsões climáticas alertam para geadas no Brasil e indicam riscos ao trigo no Sul

Trigo

O analista do Departamento de Economia Rural (Deral) Carlos Hugo Godinho disse à Reuters que quase 60% do trigo do Paraná (Imagem: REUTERS/Ilya Naymushin)

Uma frente fria está se espalhando pelo Sul do país nesta semana, gerou chuvas e deve abrir espaço para geadas entre sexta-feira e sábado, com risco para áreas de cultivos de 💥️trigo em desenvolvimento no 💥️Paraná e 💥️Rio Grande do Sul.

Segundo previsões climáticas divulgadas nesta terça-feira e analistas ouvidos pela Reuters, regiões de 💥️milho segunda safra do Paraná também podem ser atingidas pelo frio intenso, mas como a colheita está adiantada, as chances de danos são menores.

Dados do Climatempo e da Rural Clima indicam frio intenso para os três Estados do Sul.

“As geadas devem ser fortes na madrugada da sexta-feira (19) e do sábado (20), entre o interior gaúcho e a metade sul do Paraná… O fenômeno deve trazer danos para lavouras de cultivos de inverno, como o trigo”, afirmou o Climatempo em boletim.

O 💥️Brasil caminha para colher neste ano uma safra recorde acima de 9 milhões de toneladas, com um clima favorável até aqui e aumento de área plantada. Paraná e Rio Grande do Sul produzem cerca de 90% do cereal do país.

“Há previsões, sim, de geadas generalizadas em grande parte da região Sul do Brasil… o que nos deixa bastante preocupados com o trigo e o milho”, disse o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antônio Santos.

O analista do Departamento de Economia Rural (Deral) Carlos Hugo Godinho disse à Reuters que quase 60% do trigo do Paraná está suscetível a perdas caso seja atingido por frio extremo. No entanto, a localidade que o fenômeno deve ocorrer reduz este percentual.

“As geadas devem se concentrar na metade sul do Estado, onde esse percentual de lavouras suscetíveis cai para em torno de 10% da área”, disse ele, em referência à região que normalmente planta mais tarde.

Para o Rio Grande do Sul, as atenções estão no trigo da região noroeste, a primeira a plantar o cereal, entre o final de junho e início de julho, que mantém lavouras em estágio de desenvolvimento sujeito a danos, segundo a empresa de assistência técnica e extensão rural Emater-RS.

“Sempre que começa a entrar em uma fase de maiores intempéries climáticas há risco, mas diria que ainda é um risco baixo (de perdas)… não é uma geada muito intensa, de acordo com a previsão”, disse o diretor técnico da Emater, Alencar Rugeri.

Segundo ele, o real impacto do frio excessivo para o cereal gaúcho vai depender dos locais em que o fenômeno irá ocorrer.

Milho

No caso do milho, as geadas não têm mais potencial de prejudicar a segunda safra paranaense, “ao contrário, podem acelerar o processo de maturação das lavouras”, acrescentou o especialista do Deral Edmar Gervásio.

Ele ressaltou que a colheita do cereal já está bastante adiantada, em 79% da área do Estado, após avançar 10 pontos percentuais em uma semana.

Para Gervásio, o que pode atrapalhar os trabalhos de campo é a persistência de chuvas que já estão ocorrendo no Paraná.

“Naturalmente, se chover onde há milho pra colher, os trabalham de campo param”, pontuou.

Milho

No caso do milho, as geadas não têm mais potencial de prejudicar a segunda safra paranaense (Imagem: Pixabay/KatarzynaSzulc)

A analista da consultoria AgRural Daniele Siqueira comentou também que a previsão de muito frio esperada para os próximos dias contribuiu para paralisar um plantio de milho primeira safra 2022/23 que vinha sendo antecipado no oeste do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

“Na verdade, eles anteciparam o plantio devido à boa umidade do solo e agora esperam melhores condições para prosseguir”, disse ela, citando que estas regiões costumam iniciar a semeadura em agosto, mas não tão no início do mês como ocorreu neste ano.

Ainda que com menor intensidade, o Climatempo prevê que as geadas têm chance de se espalhar por demais Estados do centro-sul e alcançar outras culturas, como Mato Grosso do Sul e sul de São Paulo.

Na região paulista, algum impacto poderia vir em áreas de cana-de-açúcar, já em Mato Grosso do Sul, o alerta foi indicado para cana e milho segunda safra.

Já a Rural Clima diverge e acredita que o frio extremo não deve atingir áreas de cana, café e citricultura no Sudeste do país.

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