Fique de Olho: Fed, inflação e eleições seguem como principais riscos

Ibovespa

Federal Reserve, inflação e eleições concentram as atenções do mercado financeiro, após alívio com fim do ciclo de alta da Selic (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

O tripé formado pelo Federal Reserve, a inflação e as eleições presidenciais no Brasil permanecem como os principais riscos sobre a mesa para os mercados domésticos. Ainda que a atuação do Comitê de Política Monetária (Copom) na vanguarda do ciclo de alta da taxa de juros tenha trazido certo alívio aos ativos locais, é cedo para comemorar. 

“Quem diria que, ao manter os juros inalterados, em uma taxa altamente contracionista, o 💥️Banco Central traria grande ânimo ao mercado, especialmente se mostrando vigilante em relação à inflação?”, indaga o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira.

Ele se refere à reação do mercado local à decisão do Copom e à perspectiva de Selic estável por tempo indeterminado. No dia seguinte ao anúncio, o 💥️Ibovespa superou a marca dos 114 mil pontos, vista pela última vez em abril, ajudado pelas altas nos preços do petróleo e minério de ferro. 

O movimento foi acompanhado por dólar em queda. “Mesmo em um dia de renovada nas bolsas americanas e forte alta de juros nos Estados Unidos e na Europa, o dia foi de bom desempenho dos ativos locais”, resumiu o CIO da TAG Investimentos, Dan Kawa.

Para ele, a visibilidade do fim do processo de aperto monetário no Brasil ajudar a descomprimir os prêmios de risco locais. “O ciclo de alta de juros era o vetor mais importante para dar maior estabilidade e sustentação às ações locais, especialmente as ações cíclicas domésticas”, emenda.

Tripé arriscado

Embora o mais longo e forte ciclo de aperto da Selic desde a adoção do regime de metas de inflação, em 1999, tenha chegado ao fim no Brasil, países ao redor do mundo continuam aumentando suas respectivas taxas de juros. O movimento global é capitaneado por um Federal Reserve agressivo (“hawkish”).

Mas o movimento dos demais BCs globais ocorre não só pela inflação em si, mas também pela desvalorização cambial. “Em outras palavras, os EUA vêm exportando inflação ao subir os juros e fortalecer o dólar”, comenta o diretor de operações de um banco estrangeiro. 

Basta ver os exemplos das moedas asiáticas, como o iene e o yuan; e europeias, como o euro e a libra. “Porém, enquanto o mercado cambial é importante para países desenvolvidos, para as moedas de países emergentes, o desempenho do dólar é a diferença entre viver ou morrer”, ressalta o profissional citado acima.

Mas o cabo-de-guerra entre BC e inflação só termina se houver soluções viáveis para o crescimento econômico, com responsabilidade fiscal. É por isso que na reta final para o primeiro turno das eleições, o foco dos mercados domésticos se concentra nos desafios que o vencedor nas urnas em outubro terá pela frente, seja quem for o candidato vitorioso.

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