AgroForum: presença do agro na B3 é tímida, mas “Faria Lima” já está entendendo a dinâmica do setor
Agronegócio é pouco representativo na B3 apesar de sua força no PIB (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)
Com o agronegócio ainda pouco representativo na B3 (B3SA3), os três casos de IPOs (oferta pública inicial de ações, da sigla em inglês) de 2023 ajudam a dar a dimensão da importância do setor no mercado de capitais pelo sucesso dessas operações.
Destaque no painel “O Mercado de Capitais e o Agro”, do AgroForum 2022, hora em andamento, Boa Safra (SOJA3), Jalles Machado (JALL3) e Agrogalaxy (AGXY3), tentaram mostrar as dificuldades de “convencer o mercado” e aproximar o agronegócio da “Faria Lima”.
Fábio Nazari, sócio do BTG Pactual, promotora do evento, lembrou que das cerca de 640 operações no mercado acionário, nos últimos 20 anos, apenas 46 vieram de empresas do agronegócio.
Em termos financeiros representativos, no máximo participando com 5% de tudo, entre ofertas, follow-ons e giro. “Muito pouco para o tamanho do setor, com 26% do PIB [2021], disse Nazari, ecoando o chairmam do BTG, André Esteves.
Atuando em segmentos diferentes – Boa Safra em sementes, Jalles em sucroenergia e Agrogalaxy no varejo -, o principal ponto lembrado foi – e ainda é – convencer os investidores a entender as questões inerentes ao agro, como sazonalidade de safras e os reflexos climáticos na produção.
“Foi um trabalho de doutrinação do mercado, enganchou Mauricio Puliti, CFO da Agrogalaxy.
No caso de sua empresa em particular, cujo IPO foi praticamente feito às vésperas do “fechamento do mercado” [a paralisação das ofertas públicas], foi lembrada ainda o desconhecimento ainda das condições do varejo de insumos para o agronegócio.
Ainda o segmento não estava em grande processo de consolidação, em grandes players, como se viu acentuadamente este ano.
E a pulverização acelerada da Agrogalaxy, com aquisições principalmente a partir dos recursos captados com o IPO, acabou catapultando a marca da empresa no mercado, tem fornecido o grau de confiança que a companhia está obtendo dos investidores, analisou Puliti.
O mesmo ponto foi tocado pelo CEO da Boa Safra: “Mostramos o que iríamos fazer com o dinheiro”.
Os investimentos posteriores à oferta da sementeira, com sede em Goiás, garantiram a visibilidade que a companhia vem tendo.
“Destaco ainda que como já estávamos com um perfil de companhia aberta, com balanços trimestrais auditados, acabamos também mostrando a trajetória de solides do nosso negócio”.
Modelo de negócio também é foi o diferencial apresentado pela Jalles Machado, que não está nem entre as 10 maiores empresas do setor sucroenergético, explicou o CFO Rodrigo Penna.
Com forte participação em açúcar orgânico, com premiação superior ao tradicional, e “um histórico de entrega igualmente visível para o mercado financeiro muito antes do IPO”, os participantes da B3 cristalizaram as margens operacionais da empresa traduzida no Ebitda.
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