Boa Vista (BOAS3) resiste à pressão de investidores, vai esperar 2023 para novas aquisições

A Boa Vista teve alta consecutiva das receitas por cinco trimestres até junho passado (Imagem: divulgação)

Há dois anos, a 💥️Boa Vista (💥️BOAS3) estreou na 💥️B3 (💥️B3SA3) com uma tese sedutora: comprar 💥️startups e reforçar sua plataforma de serviços para a cadeia de 💥️crédito, que tinha previsões de escalar no país após a 💥️Selic cair ao piso histórico de 2% ao ano.

Agora, na esteira do maior ciclo de alta de juros no país em 23 anos para debelar a 💥️inflação e o medo de recessão global que estancou o fluxo de recursos para negócios de alto crescimento, a companhia tem tentando moderar a ansiedade de investidores, mesmo ainda tendo cerca de 1,2 bilhão de reais em caixa.

“Os investidores puxaram nossa orelha, porque fizemos só duas aquisições”, disse à Reuters o presidente-executivo da Boa Vista, Dirceu Gardel. “Mas avaliamos que devíamos ‘barrigar’ algumas aquisições para o ano que vem, esperando por preços melhores”, acrescentou, lembrando que há chance de ao menos uma aquisição ainda em 2022.

Desde o IPO, a Boa Vista comprou a fintech de renegociação de dívidas Acordo Certo por um valor inicial de 37 milhões de reais, e a fornecedora de soluções antifraude Konduto, por 172 milhões. Segundo Gardel, a Boa Vista vê oportunidades de acrescentar mais soluções antifraude, o que pode vir com mais movimentos não orgânicos.

Dona de uma das maiores bases de dados de crédito no país, a Boa Vista tende a ser uma das instituições com maior potencial de rentabilizar o crescimento do Cadastro Positivo, o sistema com histórico de adimplência de pessoas e empresas que é visto como potencial impulsionador dos 💥️empréstimos no país.

Mesmo com o boom de crédito adiado pelo ciclo de juros altos e com a empresa preferindo aguardar os preços de fintechs caírem ainda mais antes de voltar às compras, analistas veem a Boa Vista com otimismo, avaliando que ela se aproxima de colher os frutos do investimento para ter uma operação 100% na nuvem, o que Gardel disse que deve ser concluída em 2023.

A Boa Vista teve alta consecutiva das receitas por cinco trimestres até junho passado.

Porém, isso foi suficiente apenas para sustentar a estabilidade das ações no acumulado do ano, quase em linha com o Ibovespa.

Segundo a Refinitiv, dos cinco analistas que avaliam a empresa, três têm recomendação de compra para as ações, enquanto outros dois sugerem manter o papel.

O Itaú recentemente reforçou a recomendação de compra para as ações da empresa, apontando para os ganho potencial do caixa cheio para consolidar verticais de negócios, além de ela mesma ser um alvo interessante para bancos e grupos de tecnologia.

Cadastro Positivo

Segundo Gardel, o Cadastro Positivo “ainda não entregou todo o potencial que pode. Criado em 2011, só há 3 anos o sistema passou a ser automático, exceto quando o dono dos dados rejeita. Estima-se que atualmente mais de 140 milhões de pessoas tenham suas informações no ambiente.

Ainda assim, só recentemente o cadastro começou a receber dados das concessionárias de serviços públicos, como de eletricidade, o que incluiu informações de cerca de 12 milhões de pessoas.

Gardel estima que ainda há cerca de outros 10 milhões de CPFs que podem ser agregados nos próximos meses, à medida que empresas de saneamento básico e de gás também ingressem no sistema.

Segundo Gardel, apesar do esforço do Banco Central para incentivar maior competição no sistema financeiro, o chamado “Open Finance”, modelo em que clientes de bancos podem compartilhar suas informações para obter melhores ofertas de crédito, não vai surtir os resultados pretendidos tão rápido.

“Isso só vai acontecer quando houver maior participação dos agregadores de informações, o que dará mais inteligência ao uso das informações coletadas, como acontece no Reino Unido”, disse se referindo às empresas que acumulam dados de clientes de várias instituições e fazem uma análise do conjunto dessas informações para um perfil mais completo de crédito. A Boa Vista e a rival Serasa Experian são exemplos de agregadores.

O executivo também se disse cético quanto a propostas discutidas durante o período eleitoral de renegociação de dívidas de pessoas e empresas, com garantias de bancos públicos.

“Não acredito em campanhas massivas de renegociação”, disse, comentando que é necessário definição de critérios sobre quem pode ter acesso à renegociação e quais seriam as condições.

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