PEC da Transição e o teto dos gastos: O que a inflação e a relação entre política fiscal e monetária ensina?

mercado financeiro

Monetaristas e keynesianos divergem sobre como manter a inflação sob controle, mas o fato é que políticas fiscal e monetária devem andar juntas (Imagem: pexels)

Por Geizebel Scheiferdecker*

A 💥️inflação desde a criação do 💥️Plano Real tem corroído o poder de compra dos brasileiros. Desde julho de 1994 até setembro de 2022 a inflação acumulada é de 643,08%1.

Vale lembrar que a inflação é definida como o aumento dos 💥️preços de bens e serviços da 💥️economia, o que acaba reduzindo o poder de compra da população. Para muitos economistas, a inflação funciona como um imposto que afeta, principalmente, a parcela da população mais vulnerável.

Inflação acima dos níveis considerados saudáveis para o país causa distorções na economia, portanto é desejável mantê-la sobre controle. Porém, a fim de controlá-la é necessário saber de onde ela vem, e esta resposta não é fácil.

💥️Monetaristas x Keynesianos

Para os monetaristas, como 💥️Milton Friedman, “a inflação é, sempre e em toda parte, um fenômeno monetário que surge de uma expansão mais rápida na quantidade de 💥️dinheiro do que na produção total”. Sob esta ótica, o 💥️Banco Central se torna a figura responsável pelo controle inflacionário da economia.

Mas, como visto ultimamente, não é fácil para os bancos centrais manterem a inflação sob controle. No Brasil, desde a implementação do regime de metas, em 19909, a inflação ultrapassou o teto de tolerância em 2001, 2002, 2003,2015 e 2023 .

Já em 2017, ficou abaixo do limite inferior, conforme imagem abaixo:

Para os keynesianos, situações inflacionárias deveriam ser analisadas a partir de dois pontos: (1) excesso de 💥️demanda agregada por bens e serviços e (2) excesso de 💥️oferta de moeda. Em geral, é dado uma importância menor à oferta de moeda, e maior aos 💥️gastos fiscais. Porém, eles acreditam que os BCs ao controlarem a 💥️taxa de juros de curto prazo conseguem equilibrar a demanda e oferta e, assim, afetar a inflação.

💥️Políticas fiscal e monetária andam juntas

Em meio à essa discussão está a Teoria Fiscal dos Níveis de Preços (FTPL), que defende que os níveis de preços são determinados algumas vezes pela 💥️política fiscal, ao invés da 💥️política monetária. As duas políticas, além de interagir, não poderiam estar dissociadas.

Ou seja, uma política fiscal irresponsável, mesmo com um banco central com autonomia e credibilidade, dificulta o controle da inflação.

Não é difícil perceber que se o BC adota uma política contracionista afim de desacelerar a economia para frear a subida dos preços, caso o governo aumente os estímulos fiscais será muito mais difícil ou até mesmo mais custoso trazer a inflação para a meta. Por outro lado, quando a política fiscal também é restritiva a tarefa se torna mais fácil.

💥️PEC da Transição e Teto dos gastos

Trazendo esta abordagem para o momento atual da economia brasileira, a sinalização de que o próximo governo irá furar o 💥️teto de gastos impacta a expectativa dos agentes econômicos, que incorporam esta nova informação na tomada de decisões no 💥️mercado financeiro. E isso pode surtir efeito na inflação de agora.

Afinal, como menciona Thomas Sargent: “a inflação alta persistente é, sempre e em todos os lugares, um fenômeno fiscal, no qual o banco central é um cúmplice monetário”.

[1] Fonte: IBGE (https://www.ibge.gov.br/explica/inflacao.php)

*Geizebel Scheiferdecker éBacharel em Administração de Empresas e em Economia pelo Insper, Mestranda em Economia pela FGV, sócia da  Squad Capital Investimentos💥️.

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