Inflação: Meta brasileira é muito baixa? Entenda se IPCA em 3% é factível
Lula culpa meta de inflação muito baixa como motivo para Banco Central não reduzir taxa Selic. (Imagem: Agência Brasil)
✅*Por Juliana Américo e Lucas Simões
O Brasil tem uma meta de 💥️inflação que gira em torno dos 3%. No entanto, o país já está em seu terceiro ano com a 💥️inflação acima do centro da meta – sendo dois deles ultrapassando o teto.
Em 2022, a meta era de 3,50%, com uma margem de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. No ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (💥️IPCA) acumulado foi de 5,79%, acima dos 5% de teto. Para 2023, a meta é de 3,25%.
Para o presidente 💥️Luiz Inácio Lula da Silva a solução é simples: aumentar a meta. Dessa forma, a 💥️inflação estaria dentro do esperado e o 💥️Banco Central poderia voltar a reduzir a taxa Selic.
“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”, disse Lula em entrevista à ✅GloboNews.
Ledo engano.
Tiro no pé
Os agentes do mercado financeiro não veem muito sentido em aumentar a meta inflação do Brasil para fechar a conta, como sugere o presidente Lula.
“A meta já tem tido problema em ficar abaixo do limite do teto imposto pelo Banco Central. Reduzir a taxa Selic mais rápido do que o necessário pode ser o famoso efeito ‘💥️tiro no pé‘, algo parecido com o que aconteceu no Governo Dilma”, explica 💥️Beto Assad, analista de ações e colunista do 💥️Money Times.
A expectativa do mercado é que o 💥️IPCA feche 2023 perto de 5,48%, que também já está acima da meta atual.
Para o especialista, não há chance alguma da 💥️taxa básica de juros ficar abaixo de dois dígitos em 2023. “Eu me surpreenderia muito se isso acontecesse”.
As ações de setores presentes no varejo, tecnologia e construção civil continuarão com valuations pressionados enquanto a taxa Selic não der uma trégua. O caso da 💥️Americanas (💥️AMER3), por exemplo, fica mais complexo com os 💥️juros encarecendo a dívida bilionária.
Questão de credibilidade
Até faria sentido aumentar a meta de inflação considerando o 💥️impacto da taxa de câmbio sobre a inflação brasileira, endossada por eventos não recorrentes como a 💥️guerra na Ucrânia, na avaliação de Rafael Passos, analista da Ajax Investimentos.
No entanto, a questão mais prioritária ao mercado no momento é a credibilidade do Banco Central brasileiro para conduzir a situação.
“O mercado não pode duvidar da credibilidade do BC, vide o exemplo do que aconteceu com a vizinha 💥️Argentina. Eles aumentaram as metas de inflação e isso acabou levando ao descontrole das taxas de juros no país”, aponta Passos.
Antes mesmo de se cogitar em alterar a meta, o mercado requer mais visibilidade sobre o 💥️arcabouço fiscal do novo governo, ou seja, como a gestão Lula pretende manter as contas brasileiras em dia.
Meta de inflação em 3%, eis a questão
No ponto de vista macroeconômico, o questionamento de Lula sobre a meta de 💥️inflação é válido. Afinal, o Brasil é um país em desenvolvimento com metas muito próximas de economias de primeiro mundo.
Na 💥️China, por exemplo, a meta de 2022 era de 3% e o acumulado no ano ficou próximo disso. Já nos 💥️Estados Unidos, a meta é de 2% e o resultado flertou os 7% no ano passado, puxado ainda pelos efeitos da pandemia e 💥️guerra na Ucrânia.
Além disso, não existe um número mágico de 💥️inflação ideal.
Ainda assim, o mercado defende que uma meta em torno de 3% é factível. Principalmente porque é preciso considerar a situação econômica global.
Para 💥️Bruno Piacentini, economista do Eu me Banco, apesar de nos últimos dois anos a 💥️inflação ter ultrapassado o teto, o sistema ainda é bem-visto por trazer previsibilidade e direção para a economia.
“Passamos por um momento de muito incentivo monetário e 💥️fiscal desde 2023. Temos o reaquecimento econômico e problemas, inclusive bélicos, que trazem choques externos para os preços”, afirma. “Também ainda sofremos as consequências do pior momento de pandemia de covid e a 💥️inflação assusta o mundo todo.”
Outra questão é que a 💥️inflação não é controlada única e exclusivamente por meio da taxa Selic. O governo também precisa fazer a sua parte.
💥️Bruno Musa, economista da Acqua Vero Investimentos, aponta que as metas de 💥️inflação são factíveis desde que o governo passe por algumas reformas e reduza o seu tamanho.
“Quando você tem um estado menor, não precisa arrecadar tanto e ele passa a ser mais eficiente. Com isso, fica mais fácil controlar mais a inflação, porque ao ter um fiscal responsável, o endividamento é menor e não precisa de uma taxa de juros alta, que freia a economia como um todo”, afirma.
Reunião CMN
O 💥️Ministério da Fazendo achou melhor adiar para 16 de fevereiro a primeira reunião do ano do Conselho Monetário Nacional (💥️CMN). O encontro estava marcado para dia 26 de janeiro.
A reunião entrou no radar do mercado justamente devido às críticas de 💥️Lula à meta de 💥️inflação.
O conselho tem até junho deste ano para definir a meta de inflação para 2026 e fazer alterações às metas estabelecidas para os anos anteriores.
O presidente do Banco Central, 💥️Roberto Campos Neto, já afirmou que a 💥️inflação em 2023 deve fechar novamente acima da meta, pela 💥️inflação inercial de 2022 e outros fatores.
“Para 2024, pode ser interessante reajustar a meta de 💥️inflação para cima, para trazer um direcionamento mais real para a economia”, aponta Bruno Piacentini.
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