Ibovespa (IBOV) dividido entre BC, governo e exterior, mas apenas um manda; saiba quem
Ibovespa tem pregão dividido entre trégua entre governo e Banco Central e temor de recessão nos EUA, mas apenas um fator prevalece (Arte: Money Times)
O Ibovespa (IBOV) deixou claro ontem quem manda. A trégua entre governo e Banco Central foi insuficiente para aliviar a pressão nos negócios locais. Como foi dito aqui, haviam três fatores que poderiam influenciar o pregão de terça-feira (14) e só um definiria o rumo do dia.
Dito e feito. O Ibovespa sofreu com o sinal negativo de Wall Street e acabou fechando em queda. O fantasma de uma recessão nos Estados Unidos, após o índice de preços ao consumidor (CPI) mostrar um ritmo lento de desinflação, voltou a assustar. Afinal, essa demora pode exigir juros mais altos por mais tempo.
Dados desta quarta-feira (15) sobre as vendas no varejo e a produção industrial calibram as apostas de que a taxa terminal do atual de ciclo de aperto do Federal Reserve pode ficar acima dos 5%. Ao mesmo tempo, diminuem as chances de cortes ainda neste ano. Ou seja, a convergência da inflação nos EUA à meta de 2% pode exigir um prazo ainda mais longo.
Ibovespa ganha tempo com trégua
No entanto, qualquer semelhança com o cenário no Brasil não é mera coincidência. Até porque já fazem três anos que o país simplesmente não consegue cumprir a meta de inflação. Assim, em meio ao debate sobre mudar o alvo perseguido pelo BC, o que está em jogo é o risco de queda da atividade doméstica diante do nível elevado da taxa básica de juros.
Afinal, à medida que o índice oficial de preços ao consumidor (IPCA) começou a desacelerar, o Brasil voltou a figurar no topo do ranking dos países com maior taxa de juro real do mundo. Mas o problema de mexer nas metas gira em torno de uma grande premissa dos mercados: a ancoragem das expectativas.
Aliás, foi essa a principal linha de defesa do presidente do BC, Roberto Campos Neto, durante o programa Roda Viva, da TV Cultura. Ciente de que a ameaça do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao BC pode ser um tiro no pé, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tratou de retirar o tema da pauta da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), amanhã (16).
Hoje, o Haddad participa de evento do BTG a partir das 9h. Porém, se a água na fervura colocada ontem por Campos Neto teve efeito limitado no mercado nacional, não se deve esperar um impacto muito diferente vindo da fala de Haddad hoje. Ainda que seja um tom igualmente conciliador.
Afinal, apesar do risco fiscal latente, é a realidade dos dados que se impõem nos preços dos ativos globais & e não os “fatos alternativos”, como dizia Nelson Rodrigues, que os mercados antecipam.
Confira o desempenho dos mercados globais por volta das 7h45:
EUA: o futuro do Dow Jones caía 0,26%; o do S&P 500 cedia 0,41% e o Nasdaq tinha queda de 0,52%;
NY: o Ibovespa em dólar (EWZ) ainda não tinha negociação no pré-mercado; entre os ADRs, os da Vale caíam 1,01% e os da Petrobras tinham queda de 1,12%;
Europa: o índice pan-europeu Stoxx 600 oscilava em alta de 0,08%; a bolsa de Frankfurt avançava 0,29% e a de Paris ganhava 0,99%, mas a de Londres tinha leve baixa de 0,06%;
Ásia: o índice japonês Nikkei 255 fechou em queda de 0,37%, enquanto o Hang Seng, em Hong Kong, caiu 1,43% e a Bolsa de Xangai recuou 0,39%;
Câmbio: o índice DXY subia 0,21%, 103.45 pontos; o euro tinha baixa de 0,17%, a US$ 1,0719; a libra cedia 0,82%, a US$ 1,2074; o dólar subia 0,18% ante o iene, a 133,36 ienes;
Treasuries: o rendimento da T-note de dez anos estava em 3,738%, de 3,753% na sessão anterior; o rendimento da T-bill de 2 anos estava em 4,605%, de 4,643% na mesma comparação;
Commodities: o futuro do ouro caía 1,00%, a US$ 1.846,70 a onça na Comex; o futuro do petróleo WTI caía 1,10%, a US$ 78,20 o barril; o do petróleo Brent tinha queda de 0,86%, a US$ 84,86 o barril; o contrato futuro do minério de ferro (maio) fechou em alta de 2,07% em Dalian (China), a 864,50 yuans a tonelada métrica, após ajustes.
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