O que esperar da primeira reunião do CMN do governo Lula
Além de abrir discussão sobre metas de inflação, reunião do CMN ser usada para negociar vagas de diretores do Banco Central. (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Amanhã, o Conselho Monetário Nacional (💥️CMN) realiza a sua primeira reunião do ano e a primeira do novo governo 💥️Lula.
Diferente dos últimos anos, a reunião agora conta com dois representantes do Poder Executivo: estarão presentes o ministro da Fazenda 💥️Fernando Haddad e a ministra do Planejamento 💥️Simone Tebet. O presidente do Banco Central, 💥️Roberto Campos Neto, completa o grupo.
O encontro promete ser tenso. O principal tema é o reajuste das 💥️metas de inflação. Haddad afirmou na noite de terça-feira que o assunto não será pautado nessa primeira reunião, ainda assim, tudo pode mudar em 24 horas.
No cronograma habitual do CMN, o tema é discutido nas reuniões de junho, com três anos de antecedência. Ou seja, a previsão é definir a meta de inflação a ser buscada em 2026 e ratificar a de anos anteriores. No entanto, as metas caíram na boca do povo.
Nas últimas semanas, o presidente 💥️Luiz Inácio Lula da Silva travou uma batalha contra o 💥️Banco Central por causa da taxa 💥️Selic, que está sendo mantida em 13,75% ao ano desde agosto. Para o presidente, a taxa básica de 💥️juros está muito alta e até começou a questionar se a autonomia do Banco Central foi uma boa decisão.
Atualmente, Lula não tem força política para rever a independência do Banco Central. Por isso, ele tenta usar a 💥️meta de inflação para tentar driblar essa autonomia. Em janeiro, em entrevista a ✅GloboNews, o presidente afirmou que a meta de inflação era muito baixa.
“Você estabeleceu uma meta de inflação de 3,7% e quando faz isso é obrigado a arrochar mais a economia para poder atingir a meta. Por que não 4,5%, como nós fizemos?”, disse.
Na teoria, se a meta fica mais alta, a 💥️inflação do país – que está em 5,79% – estaria mais próxima do teto ou do centro e a Selic poderia ser reduzida. As metas de inflação para 2023 e 2024 são de 3,25% e 3%, respectivamente. Na prática, a história é outra.
Rafael Passos, analista da Ajax Capital, aponta que por mais que a elevação das metas esteja sendo avaliada, há ressalvas sobre essa mudança.
“Uma das ponderações é que a revisão deste ano não traria efeito prático sobre a política monetária no curto prazo”, afirma.
O Itaú projeta que o Banco Central pode elevar a taxa Selic para um patamar de 15% caso o presidente insista na ideia de mudar a meta de inflação de 4,5% em 2024.
O banco destaca, em relatório, que elevar a meta de inflação do atual patamar seria percebido como pouco compromisso da política econômica, resultando em inflação mais alta à frente.
Oficilmente, o presidente do CMN é o ministro da Fazenda e não é preciso de unanimidade para aprovar a meta. No entanto, o mercado entende que Tebet pode assumir o papel de “voto de Minerva” e pender para um lado mais técnico e menos político.
Além disso, o governo deve apresentar suas indicações de nomes para os novos diretores do Banco Central. No final do mês acaba o mandato de Bruno Serra (Política Monetária) e Paulo Souza (Fiscalização). A princípio, Lula iria indicar pessoas ligadas ao PT, mas não estão descaradas indicações de servidores de carreira da autoridade monetária.
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