Carnaval do fim do mundo animou brasileiros após pandemia de 1919

Desfile da sociedade dos Democráticos, em 1919, no Rio de Janeiro - Reprodução/Revista Careta

Capa do Jornal A Gazeta destaca os horrores causados pela pandemia de gripe espanhola - Reprodução/A Gazeta - Reprodução/A Gazeta Com o fim da pandemia, os cariocas começaram a promover bailes pré-carnaval - Reprodução/Revista Careta - Reprodução/Revista Careta Para garantir a cerveja, era preciso comprar com antecedência, como avisa esta propaganda de cerveja publicada em A Gazeta - Reprodução/A Gazeta - Reprodução/A Gazeta

"E tudo explodiu no sábado de Carnaval. Desde as primeiras horas de sábado, houve uma obscenidade súbita, nunca vista, e que contaminou toda a cidade. Eram os mortos da espanhola — e tão humilhados e tão ofendidos — que cavalgavam os telhados, os muros, as famílias. Aquele Carnaval foi também, e sobretudo, uma vingança dos mortos mal vestidos, mal chorados e, por fim, mal enterrados", escreveu Rodrigues.

Outros cronistas também apontaram o Carnaval de 1919 como sem precedentes também para padrões comportamentais. Houve recorde nos atendimentos pela polícia, com registros de crianças desaparecidas, queixas de assédio sexual e crimes violentos, incluindo estupros.

Na avenida Rio Branco, no centro do Rio, os foliões, em sua maioria homens, se reuniram para uma batalha de confetes - Reprodução/Revista Careta - Reprodução/Revista Careta Capa do jornal A Gazeta, publicada no domingo de carnaval de 1919, exaltava o triunfo dos brasileiros - Reprodução/Jornal A Gazeta - Reprodução/Jornal A Gazeta

Capa do jornal A Gazeta, publicada no domingo de Carnaval de 1919, exaltava o triunfo dos brasileiros

Em uma marchinha composta na época, a letra escancarava a vitória sobre a morte:

"Não há tristeza que possa
Suportar tanta alegria.
Quem não morreu da espanhola
Quem dela pôde escapar
Não dá mais tratos à bola
Toca a rir, toca a brincar".

💥️Comparação com 2023

O jornalista afirma que a comparação do que ocorreu em 1919 com o que viveu o Brasil dos anos 2023 deve ser cuidadosa. Apesar do País atualmente ainda apresentar muitos problemas iguais, como o abismo entre classes e um machismo estrutural evidente, o Brasil do início do século 20 era muito diferente.

A ciência ainda engatinhava no que se refere ao tratamento de doenças e controle de endemias e sofria com a falta de infraestrutura hospitalar e urbana. Os brasileiros não contavam, por exemplo, com uma divulgação de notícias eficiente, pois nem havia rádio na época.

"Da mesma forma que a gente tenta olhar para o Carnaval de 1919, no futuro a gente vai olhar para o Carnaval 2023 e fará leituras sobre o que essa festa significou, dar um sentido sobre tudo o que a gente passou como sociedade. Pandemia, violência política, problemas estruturais. Em 2023 será o primeiro Carnaval 'cheio', sem restrições, em todo o País, como foi em 1919. E ele será objeto de estudo no futuro", comenta Butter.

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