Leclerc chegou aos EUA sonhando com pódio e saiu com vitória dominante

Charles Leclerc, da Ferrari, durante o GP dos EUA de F1

Charles Leclerc, da Ferrari, durante o GP dos EUA de F1 Imagem: ANGELA WEISS / AFP

Antes de ir à pista para o treino livre do GP dos Estados Unidos, Charles Leclerc foi lembrado que a Ferrari tinha andando bem no Circuito das Américas ano passado. "Espero ver a McLaren na frente, Red Bull perto deles e nossa posição vai depender se as novidades que a Mercedes está trazendo vão funcionar". Ainda bem que ele é piloto ao invés de comentarista porque, em uma corrida limpa, decidida pelo ritmo dos carros, o monegasco não só venceu, como comandou uma dobradinha da Ferrari em Austin.

Já tínhamos visto um sinal de que isso poderia acontecer quando as Ferrari terminaram a sprint atacando a McLaren de Lando Norris, mesmo andando no trânsito o tempo todo. Isso chamou a atenção inclusive de Max Verstappen, que tinha vencido a sprint com tranquilidade. Ele sabia que sua tarefa com os pneus tinha sido muito mais fácil, e mesmo assim não tinha conseguido abrir mais de 3s8.

Quando Charles Leclerc aproveitou que Verstappen atacou o pole position Norris e ambos saíram da pista na primeira curva e assumiu a ponta, nem fazia sentido tentar seguir o monegasco, que desapareceu na frente.

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A Red Bull parecia saber que a disputa de Verstappen era mesmo com Norris, e nem defendeu a jogada estratégica da Ferrari quando Sainz, que era terceiro, antecipou sua parada. Era nessa terceira colocação que a McLaren também estava de olho: eles deixaram Norris na pista por seis voltas a mais que Verstappen, criando uma vantagem de pneu nas voltas finais.

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Foi uma disputa bastante técnica entre o líder e vice-líder do campeonato, decidida com uma ultrapassagem por fora da pista, que gerou uma punição para Norris. Levando em consideração que manobras semelhantes tinham sido punidas antes na mesma curva, foi no mínimo estranha a decisão da McLaren de não pedir que Norris devolvesse a posição logo de cara para tentar passar novamente.

Melhor para Verstappen, que teve uma corrida "diferente e difícil" comparada com a vitória da sprint. Mas conseguiu aumentar sua vantagem no campeonato. Com a melhora clara da Red Bull e a consistência de Verstappen, é cada vez mais difícil pensar em uma disputa pelo título indo até o final.

Essa foi a terceira vitória de Leclerc na temporada, a quarta da Ferrari. Não é um carro lento, mas é um carro "especialista" em curvas lentas e também com pouca degradação de pneu. Mas o Circuito das Américas não é uma pista lenta. Para entender o ótimo rendimento ferrarista, é preciso voltar para o GP da Espanha, quando um novo assoalho piorou o desempenho do carro, que voltou a saltar, obrigando a equipe a andar com o carro mais alto, perdendo desempenho especialmente em curvas velozes.

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A solução chegou só no GP da Itália, quando a Ferrari estreou um novo assoalho. Mas é uma pista bastante específica, com apenas uma curva rápida. Depois vieram dois circuitos de rua, Azerbaijão e Singapura, sem curvas rápidas. O grande teste para o novo assoalho viria justamente neste fim de semana.

E veio. A Ferrari continua sendo o melhor carro do grid nas curvas lentas, que existem aos montes no circuito de Austin. E agora não perde tanto quanto antes nos trechos de alta.

Essa atualização da Itália também acabou deixando a Ferrari 'fora de sincronia' com os rivais, pois foi uma novidade apressada justamente pelos problemas que eles apresentavam. E isso foi outra vantagem neste fim de semana, pois eles só tiveram que se preparar para o GP ao invés de avaliar atualizações, como fizeram Mercedes, Red Bull e, em menor escala, McLaren.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do.

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