Umberto Eco e a invasão dos imbecis

Umberto Eco (1932-2016)

Umberto Eco (1932-2016) Imagem: JOHN MACDOUGALL/AFP

Entre tantas manifestações irritantes e sem pé nem cabeça que assolam nosso pobre mundinho, uma das mais repetidas e generalizadoras é a tal "mas disso ninguém fala".

Em regra revela ignorância pura e simples, em muitos casos mera papagaiada, em não poucos pura e simples má fé.

Tipo: "Ah, denunciam o Textor, mas ninguém fala dos juros extorsivos da patrocinadora do Palmeiras"; "Batem no Augusto Melo, mas nunca falaram nada do Andrés Sanches ou do Duílio Monteiro Alves"; "Do Rodolfo Landim nunca vi falarem".

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Há sim botafoguenses que nunca viram denúncias sobre a patrocinadora do Palmeiras.

Porque jamais se interessaram por reportagens sobre a Crefisa ou sobre a dona dela, Leila Pereira, presidenta do Palmeiras.

Dessem um google e descobririam dezenas de matérias — e até de processos movidos por ela contra quem fez as reportagens ou as críticas.

No universo apenas corintiano, abalado pelo noticiário policial já há alguns anos, dá-se o mesmo.

Os generalizadores sem escrúpulos são seletivos: se bate num é amigo do outro. Se bate no outro é amigo do um.

O que também uma rápida pesquisa resolveria para mostrar a falsidade da tese porque existem aqueles que batem nos três e não é de hoje.

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Como o conceito sobre uma "Flapress" é maior que o da proteção sobre qualquer outro clube, inventa-se que Landim é poupado. Tão falso como a nota de três reais.

Diz-se também que o caso do incêndio que matou dez crianças no Ninho do Urubu foi abafado, barbaridade contra os fatos.

Nisso tudo há muito daqueles que medem os outros por si mesmos, ou que por não entender bulhufas de jornalismo, imaginam que repórter algum denunciará o clube de coração.

Sempre foi assim.

A diferença, agora, está em que a idiotia está repleta de canais para expressar a mediocridade de seus neurônios ou meramente a desonestidade intelectual de quem não olha para o próprio rabo.

"Ah, mas tem o Luladrão", e disso não se fala.

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Pois é.

Inventaram uma história para tirá-lo de circulação, apareceram juízes e procuradores dispostos a fazer o serviço sujo, vazou a sujeirada que promoveram, o político que presidiu o Brasil por oito anos foi condenado por um triplex mequetrefe que jamais teve, e que jamais poderia frequentar (basta imaginá-lo na praia no Guarujá), e pela reforma de um sítio que o amigo cedia em alguns fins de semana.

Não foi porque ele havia comprado apartamentos em Paris, Londres e Nova York, casa de praia em Mônaco, um jatinho e uma Ferrari, além de ter aberto conta em paraíso fiscal.

Nem muito menos por promover rachadinhas, vender joias do Estado, falsificar certidão de vacina ou tentar dar golpe de Estado.

Os juízes, de primeira à terceira instância, foram desmascarados, considerados parciais, alguns até porque se limitaram a fazer cópia e cola de sentenças, procuradores perderam o rumo de casa, e o cara voltou à presidência da República.

"As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade.

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Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis", declarou o filósofo italiano 💥️Umberto Eco pouco antes de morrer.

Ecoa até hoje e ecoará ainda mais.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do

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