Diário da missão portuguesa nos FISU: Eliana Bandeira partilha emoções da conquista

Durante os Jogos Mundiais Universitários, a Missão Portuguesa irá contar a sua aventura na China, num diário para o Desporto. Diário da missão portuguesa nos FISU: Eliana Bandeira partilha emoções da conquista da primeira medalha Desporto

Mais um dia de Jogos Mundiais Universitários, em que a Missão Portuguesa irá contar a sua aventura na China, num diário para o Desporto.

💥️Diário da missão portuguesa nos FISU World University Games, Dia 5 - 01/08/23

Eliana Bandeira conquistou a primeira medalha nestes Jogos Mundiais Universitários, uma medalha de prata no lançamento do peso.

“O meu dia começou de madrugada. Acordei mais cedo que o previsto, talvez devido ao fuso horário. Mas isso não me impediu de aproveitar o dia e competir bem. Principalmente no apuramento, que até me correu um pouco melhor que a final. Apesar da final ter valido uma medalha, o que foi maravilhoso, foi incrível! Em termos de sensações técnicas, com os fatores externos, como a temperatura que estamos a enfrentar aqui. Logo pela manhã, correu melhor nesse aspeto.

Criei alguma expetativa quando me apurei para a final e comecei a preparar-me mentalmente, visualizando como iria ser a competição. E a verdade é que senti bastante a temperatura à tarde, o que acabou por afetar um pouco a minha performance, não consegui estar no meu melhor ao nível de marcas. Comecei a sentir esse factor externo a influenciar. Durante a competição, tentei segurar o segundo lugar, e quando vi que a adversária (nota: a atleta alemã Lea Riedel que ficou em terceiro lugar) passou a minha marca ativei o meu espírito competitivo ainda mais e disse: “não, este terceiro lugar não é para mim, ou primeiro ou segundo tem que dar”. E então ativei o meu espírito competitivo e consegui esta medalha. Foi muito emocionante.

Durante o percurso até à pista, que fiz duas vezes hoje, consegui observar e pensar como este país consegue elevar o nível da competição para uma dimensão surreal. É incrível.

Durante as provas costumo desligar-me das redes sociais, do telemóvel, para não receber nenhum tipo de mensagem ou imprevisto que possa afetar o meu psicológico. Procuro fazer coisas que gosto, como ouvir música, ouvir vídeos motivacionais. Procuro estar concentrada, mentalmente, imaginando como vai ser o meu dia. Costumo deitar-me, com os pés para cima, e começar a mentalizar-me, criando o cenário de como quero viver o meu dia. Hoje foi idealizar a subida ao pódio. Estive bastante concentrada, foi emocionante passar à final. Apesar de não ter sido um apuramento difícil, pois esperava mais dificuldades. Depois na fase final a atleta chinesa (Jiayuan Song) elevou o nível da competição, talvez por estar a “jogar em casa”.

Como tive de acordar cedo, ainda fizemos uma hora para a pista de aquecimento. Tomei um bom pequeno-almoço, gosto de beber o meu cafezinho, gosto de comer algo leve. É curioso. Eu tenho um bom apetite, mas em dia de competição não costumo ter fome. Talvez pela adrenalina, pela emoção, pelo nervosismo da competição. Comi pouco e fui em direção à pista. Fizemos o apuramento, regressámos, um pouco cansada. Tínhamos três horas até à final e aproveitei para reforçar a alimentação com alimentos mais fortes, que me dessem combustível. Aproveitei também para deitar-me um pouco e descansar, fazer um pouco de recuperação muscular. E a final foi aquela festa, uma enorme alegria por conquistar uma medalha para Portugal no meu primeiro mundial universitário… e último.

O que para mim foi ainda mais emocionante porque consegui cumprir o meu objetivo, que era uma medalha. Mas confesso que esperava uma medalha de ouro. Tendo em conta o meu nível e como a época me tem corrido, esperava mais. Porém, uma medalha traz uma história. E uma marca, com o tempo, acabamos por esquecer. Esta medalha representa o esforço que fiz na preparação para este campeonato. É fruto da minha dedicação, de algumas mudanças, em dezembro mudei de treinador, também na transição Leiria – Lisboa, muitos treinos e preparação para a época. Tem sido uma fase difícil. Quando chegamos a este nível competitivo, como é estes Jogos Mundiais Universitários, e estamos convocadas para outros campeonatos importantes, aí vemos que valeu a pena todo o esforço e dedicação.

Ou seja, todo o meu dia fluiu para que corresse bem. Essa é a grande verdade. Estava bastante positiva. Acho que um factor fundamental e importante para esta conquista foi estar mentalmente bem, mentalmente forte. E conseguir lutar, conseguir no último lançamento uma marca que nos colocou no segundo lugar. No penúltimo lançamento estava em terceiro e consegui a ultrapassagem. Foi muito emocionante a competição, nesse aspeto. E partilhar isso com a equipa, com as pessoas que estão à nossa volta, os outros atletas que passam por mim e dão os parabéns, é muito gratificante.”

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