Cabo Verde quer clubes e associações concorrem a fundos europeus - Cabo Verde
O Governo cabo-verdiano anunciou hoje que pretende ver as instituições desportivas do país a concorrerem a fundos europeus, como acontece com outros setores, para garantir a sustentabilidade do setor, avançando com a formação de dirigentes para esse efeito.
“Só a título de exemplo, posso-vos dizer que a União Europeia tem vários fundos em que Cabo Verde se candidata com projetos de natureza social, económico, cultural e nunca houve uma única candidatura da parte de qualquer instituição desportiva para financiamento desses fundos. E é isso que queremos mudar”, afirmou no parlamento o ministro-adjunto do primeiro-ministro para a Juventude e Desporto, Carlos Monteiro.
Neste debate na Assembleia Nacional sobre a situação do desporto e de juventude no país, o ministro acrescentou a prioridade de “diversificar as fontes de financiamento” para que clubes, associações ou federações “não possam estar sempre totalmente dependentes daquilo que são os apoios conseguidos através das autarquias locais e do Estado central”.
“Portanto, essa capacidade de mobilização de recursos, essa capacidade de identificar essas fontes, é fundamental para a sustentabilidade do nosso desporto”, explicou, garantindo que já estão em curso formações de dirigentes para esse efeito.
Sublinhou por isso como “domínio fundamental” nesta área a capacitação do capital humano: “Terminamos há poucos dias a primeira ronda de formação de dirigentes desportivos naquilo que são modelos que devem ser aplicados nos clubes, nas associações e federações, a nível também na governança, naquilo que é a capacidade de liderança e naquilo que foi objeto dessa primeira ronda de formação, mas que será tratado de forma muito mais detalhada na segunda ronda de formação que teremos em 2023, que é a identificação, a capacidade de identificar e apresentar projetos e novas fontes de mobilização de recursos”.
“Temos um consultor especializado europeu, que é o mesmo que ministra essas formações, a trabalhar para capacitar dirigentes desportivos em como elaborar projetos para aceder a esses fundos. Falo da União Europeia como posso falar de fundos que existem na UNESCO, de fundos que existem no Governo australiano e que Cabo Verde, enquanto país insular, enquanto pequeno estado insular, pode se candidatar para financiamento de projetos na área do desporto”, acrescentou o ministro Carlos Monteiro.
“O desporto precisa de continuar a sua mudança de paradigma. Mudança de paradigma na abordagem que sempre foi feita ao longo de décadas”, assumiu ainda.
Defendeu que a abordagem do Governo para o desporto em Cabo Verde envolve “dois eixos fundamentais”, com políticas para o crescimento no setor e “naquilo que se designa como políticas para a qualidade”.
“Quando falo de crescimento, falo de como alargar a base, como criar condições para que tenhamos cada vez mais atletas a praticar as diversas modalidades. Falo de atividade física, desporto para todos e da sua relação com a saúde, com a educação”, exemplificou.
“Quando falo de qualidade, falo daquilo que são políticas que o Estado deve implementar para que tenhamos cada vez mais atletas a chegarem a um nível de desporto federado, desporto de elite representando Cabo Verde, tanto a nível de modalidades individuais como de modalidades coletivas”, acrescentou.
Recordou que desde 2018 foi implementada a Bolsa Atleta em Cabo Verde e que já na próxima semana será apresentada a Bolsa de Iniciação Desportiva.
“Temos estado a investir fortemente desde 2017 na infraestruturação desportiva do país e temos também estado a dar condições de dignidade para que todas as representações internacionais do país possam competir e trazer resultados, como se tem vindo a verificar”, disse Carlos Monteiro.
Apontou igualmente como “fundamental” o investimento nas escolas de iniciação desportiva e nos escalões de formação.
“Porque é isso que dará futuro aos clubes, é isso que dará futuro ao desporto de Cabo Verde. E isso trata-se de uma política na área do crescimento. Nós precisamos de alargar a base de recrutamento, mas temos que alargar essa base com critério, com qualidade. Daí, Bolsa de Iniciação Desportiva, enquanto o programa que será lançado na próxima semana, que funcionará através de um edital a lançar pelo IDJ [Instituto do Desporto e da Juventude], para que os projetos das escolas de associação desportiva possam ser objeto de financiamento”, concluiu.
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