Do Ameriquinha à Seleção: acervo de camisas de Pelé reúne 25 exemplares utilizados pelo Rei

Maior jogador de futebol de todos os tempos, tricampeão mundial, atleta do século XX e autor de mais de mil gols, o Rei Pelé bateu todas essas marcas vestindo – oficialmente e profissionalmente – apenas três camisas ao longo da carreira: a do Santos (de 1956 a 1974), a do New York Cosmos (entre 1975 e 1977) e, é claro, a da seleção brasileira (de 1957 a 1971).

No interior de São Paulo, porém, mais precisamente na cidade de Marília, a 600 quilômetros de onde foi concebido, na pequena Três Corações-MG, e não muito menos distantes 500 quilômetros de Santos, onde Edson Arantes do Nascimento se tornaria rei, um acervo reúne nada menos que 25 exemplares de camisas utilizadas pelo maior ícone da história do futebol.

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A exposição que acontece no colégio Esmeraldas, na cidade paulista, teve início no último dia 26 de dezembro e segue até o dia 8 de janeiro. As portas ficam abertas ao público de segunda a sexta-feira das 9h às 20h e a entrada é gratuita.

Mas afinal, se Pelé defendeu apenas dois clubes e a Seleção, como é que o acervo é composto por 25 exemplares diferentes? Quem explica é o dentista Pérsio Nicoletti, idealizador da iniciativa. Santista – de coração e naturalidade – e naturalmente fã do Rei, ele vem reunindo o material há quatro anos.

– Em 2018 recebi a visita de Pepe em casa, reuni as camisas que tinha me presenteado e a partir daí iniciei minha coleção, comecei também a escrever a biografia do Rei Pelé. Um capítulo se refere à história do Rei contada através de camisas. São réplicas, pois seria impossível retratar em detalhes desde quando era criança até o final de sua inigualável carreira no futebol – conta.

– A exposição veio ao encontro do pedido de amigos, que elogiaram o conteúdo e os detalhes da história do Pelé materializados em camisas. Inicialmente não tinha essa expectativa, fiz a coleção para eternizar a bela história e passar para meus filhos – completa.

Acervo reúne 25 camisas utilizadas por Pelé em Marílai (SP) — Foto: Acervo pessoal 1 de 6 Acervo reúne 25 camisas utilizadas por Pelé em Marílai (SP) — Foto: Acervo pessoal

Acervo reúne 25 camisas utilizadas por Pelé em Marílai (SP) — Foto: Acervo pessoal

As camisas, conforme explica Nicoletti, não foram de fato utilizadas por Pelé, mas impressionam pela fidelidade. Entre as peças, chama a atenção uma verdadeira relíquia: a camisa usada pelo Rei aos 12 anos quando ele defendeu o extinto América de Bauru. 💥️Esta é considerada a primeira camisa de futebol vestida pelo craque.

Embora não tenha tido a oportunidade de conhecer Pelé pessoalmente, Nicoletti tornou-se próximo de pessoas relacionadas ao rei, casos dos ex-jogadores Pepe, Edu, Lima e do empresário José Fornos Rodrigues, o Pepito, que por mais de 50 anos assessorou o craque. Segundo ele, isso facilitou a empreitada.

Camisa utilizada por Pelé aos 12 anos no Ameriquinha de Bauru — Foto: Acervo pessoal 2 de 6 Camisa utilizada por Pelé aos 12 anos no Ameriquinha de Bauru — Foto: Acervo pessoal

Camisa utilizada por Pelé aos 12 anos no Ameriquinha de Bauru — Foto: Acervo pessoal

Mas a relação de Nicoletti com Pelé tem ainda outras camadas: o dentista é sobrinho de Edevar, goleiro do Santos nas décadas de 1960 e 1970, ou seja, ex-companheiro de equipe do Rei.

– Meu tio Edevar jogou com Pelé nas décadas de 60 e 70. Meu saudoso pai, irmão de Edevar, era amigo de infância do Pepe. Essa amizade perdurou a vida toda e eu tive a felicidade de também desfrutar dessa relação.

Nem só de camisas de Pelé é feito o acervo exposto em Marília. A galeria ainda conta com sete peças utilizadas por Dondinho, o pai do Rei do Futebol, que também atuou profissionalmente no futebol. No livro que está sendo escrito por Pérsio Nicoletti, Dondinho é peça chave para contar a trajetória do maior personagem da história do futebol.

– Durante a redação do livro, percebi que a história de Pelé estava diretamente ligada ao seu pai. Dondinho foi o grande professor e motivador do Rei. Sempre presente, inclusive salientando a necessidade de usar as duas pernas, cabecear com olhos abertos e outros fundamentos, já que era um grande centroavante.

Seção de camisas de Dondinho, pai de Pelé, no acervo exposto em Marília — Foto: Acervo pessoal 3 de 6 Seção de camisas de Dondinho, pai de Pelé, no acervo exposto em Marília — Foto: Acervo pessoal

Seção de camisas de Dondinho, pai de Pelé, no acervo exposto em Marília — Foto: Acervo pessoal

Nicoletti vai além ao resgatar detalhes da vida de pai e filho, que são reforçados através da história das camisas vestidas por Dondinho.

– Um detalhe que poucos sabem, é que Pelé nasceu em Três Corações pelo destino, mas por pouco nasceria em Belo Horizonte. Em março de 1940, seu pai foi contratado pelo Atlético-MG, onde fez apenas uma partida pois lesionou o joelho. Ele teve de voltar a Três Corações, já que naquela época não havia nenhuma garantia profissional.

– Pelé nasceu em outubro do mesmo ano. Dona Celeste, sua mãe, estava grávida de três meses e, caso Dondinho ficasse no Atlético MG, Pelé teria nascido na capital e a história poderia ter sido bem diferente. Será que Pelé teria sua formação inicial nas ruas e nos terrões? Será que respiraria futebol como numa cidade pequena do interior? Nunca saberemos – questiona.

Acervo reúne 25 camisas utilizadas por Pelé em Marílai (SP) — Foto: Acervo pessoal 4 de 6 Acervo reúne 25 camisas utilizadas por Pelé em Marílai (SP) — Foto: Acervo pessoal

Acervo reúne 25 camisas utilizadas por Pelé em Marílai (SP) — Foto: Acervo pessoal

Entre camisas históricas do Santos, as dos títulos mundiais com a seleção brasileira e tantas outras, Pérsio Nicoletti tem entre as suas favoritas algumas das mais peculiares.

As que o eterno fã coloca entre as prediletas estão a utilizada pelo Rei na seleção militar, na equipe de futebol de praia de Santos e na Faculdade de Educação Física.

Pérsio Nicoletti posa ao lado das camisas do acervo de Pelé — Foto: Acervo pessoal 5 de 6 Pérsio Nicoletti posa ao lado das camisas do acervo de Pelé — Foto: Acervo pessoal

Pérsio Nicoletti posa ao lado das camisas do acervo de Pelé — Foto: Acervo pessoal

Uma delas, em particular, sequer reproduz uma das utilizadas pelo Rei, mas tem, sim, uma relação íntima com o seu legado: a vestida pelo goleiro Zaluar, que 💥️levou o primeiro gol marcado por Pelé enquanto profissional, em 7 de setembro 1956.

– Uma das camisas pela qual mais tenho carinho é a do gol 0001. É uma história muito bonita. Todos falam do gol 1000, mas uns anos atrás postei uma homenagem ao Rei e ao saudoso goleiro Zaluar, que sofreu o primeiro gol. Em seguida, a camisa que reproduzi ficou exposta na Vila Belmiro a pedido do Santos, motivo de grande orgulho para mim – conta.

O gol em questão saiu em uma partida comemorativa entre o Santos e o Corinthians de Santo André. O placar final foi de 7 a 1 para o Peixe e o futuro rei marcaria o sexto gol ao entrar no segundo tempo. As curiosidades, porém, não param por aí.

– O curioso é que Zaluar também entrou no segundo tempo e essa foi sua última partida. Pelé faria sua primeira e Zaluar sua última. Dois anos depois, assistindo à Copa de 1958, o goleiro identificou Pelé e disse: ‘Ele fez o seu primeiro gol em mim’. A partir daí, Zaluar confeccionou a camisa e mandou fazer cartões de visita, tamanho o orgulho do fato. Anos depois ele faleceu e não reencontrou Pelé após o jogo de 1956. É uma história fantástica, motivo da minha homenagem aos dois.

Nicoletti exibe réplica da camisa utilizada por Zaluar, goleiro que sofreu o primeiro gol de Pelé — Foto: Acervo pessoal 6 de 6 Nicoletti exibe réplica da camisa utilizada por Zaluar, goleiro que sofreu o primeiro gol de Pelé — Foto: Acervo pessoal

Nicoletti exibe réplica da camisa utilizada por Zaluar, goleiro que sofreu o primeiro gol de Pelé — Foto: Acervo pessoal

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