Presidente de LaLiga rebate Vinicius Junior sobre racismo: "Se informe melhor"
O presidente de LaLiga respondeu a reclamação de Vinícius Jr no Twitter. Após sofrer insultos racistas na vitória do Real Madrid sobre o Valladolid, o atacante afirmou que a liga espanhola "segue sem fazer nada". Javier Tebas rebateu o brasileiro.
– A LaLiga combate o racismo há anos. Vini Jr, é injusto e não é verdade publicar que a LaLiga não faz nada contra o racismo. Se informe melhor. Estamos à sua disposição para que TODOS JUNTOS, possamos caminhar na mesma direção – disse Javier Tebas.
1 de 5 Javier Tebas, presidente de LaLiga, entidade que organiza o Campeonato Espanhol — Foto: AFP
Javier Tebas, presidente de LaLiga, entidade que organiza o Campeonato Espanhol — Foto: AFP
Tebas compartilhou uma nota oficial da liga, na qual a entidade lista uma série de denúncias feitas pela entidade à Comissão Antiviolência e ao Ministério Público das cidades onde casos de racismo tenham ocorrido. O texto lista seis denúncias, três delas envolvendo casos nos quais Vini Jr. foi vítima.
– LaLiga continuará a liderar a luta contra o flagelo que é a violência, o racismo, a xenofobia e a intolerância no esporte, não só com palavras, mas também com ações, como demonstram as ações que têm sido expostas – garante a liga, que se limita a denunciar os casos ao MP.
Neste sábado, Vinicius Junior se posicionou contra os insultos racistas recebidos durante a vitória do Real Madrid contra o Valladolid e acusou LaLiga de não agir contra os atos. Confira abaixo a mensagem publicada pelo jogador brasileiro.
– Os racistas seguem indo aos estádios e assistindo ao maior clube do mundo de perto e a LaLiga segue sem fazer nada… Seguirei de cabeça erguida e comemorando as minhas vitórias e do Madrid. No final a culpa é MINHA – publicou Vinicius.
Na última sexta-feira, Vinicius foi substituído aos 42 minutos do segundo tempo e caminhou pela lateral do campo, sem correr diretamente ao banco de reservas. No trajeto, torcedores atiraram vários objetos contra o jovem atacante. É possível perceber gritos de “negro de merda” e “macaco”, além de sons que imitam macaco.
Vinicius não reage aos insultos, mas chuta um dos objetos atirados pelos torcedores. Ele ainda cumprimenta o goleiro Courtois, que retira vários dos itens arremessados a campo. O Real Madrid, o Valladolid e a LaLiga, que organiza o Campeonato Espanhol, não se manifestaram.
2 de 5 Vini Jr em ação em Valladolid x Real Madrid — Foto: REUTERS/Violeta Santos MouraVini Jr em ação em Valladolid x Real Madrid — Foto: REUTERS/Violeta Santos Moura
O Valladolid pertence ao ex-atacante e ídolo brasileiro, Ronaldo, que também é dono da SAF do Cruzeiro. O Fenômeno estava no estádio José Zorrilla e acompanhou a partida ao lado do presidente do Real Madrid, Florentino Pérez.
3 de 5 Vinicius Junior sofre insultos racistas em Valladolid x Real Madrid — Foto: ReproduçãoVinicius Junior sofre insultos racistas em Valladolid x Real Madrid — Foto: Reprodução
Os insultos racistas de torcidas rivais têm sido constantes contra Vinicius Junior na Espanha. O caso mais grave e mais recente foi no clássico contra o Atlético de Madrid, em setembro, dias depois que o brasileiro também foi alvo de declarações racistas em um programa de TV do país.
Na ocasião, houve grande mobilização na internet de brasileiros e estrangeiros apoiando o jogador, quando surgiu a hashtag #BailaViniJr. Após o ocorrido, Vinícius fez um comunicado e disse: "Aceitem, respeitem ou surtem. Eu não vou parar de bailar".
4 de 5 Rodrygo Vini Vinicius Junior Real Madrid Atlético de Madrid — Foto: Burak Akbulut/Anadolu Agency via Getty ImagesRodrygo Vini Vinicius Junior Real Madrid Atlético de Madrid — Foto: Burak Akbulut/Anadolu Agency via Getty Images
Em setembro, o Congresso dos Deputados da Espanha condenou os insultos racistas contra Vinicius Junior cometidos pela torcida do Atlético de Madrid no clássico espanhol. Na declaração, os parlamentares exigiram medidas da LaLiga, Uefa, Fifa e as autoridades públicas do esporte no governo espanhol.
– Este episódio não é um caso isolado, mas um novo exemplo de uma realidade que já foi denunciada muitas vezes: Marega, Kameni, Williams, Marcelo, Alves ou Eto'o, entre outros, são alguns dos jogadores que sofreram insultos racistas – afirmou a declaração do Congresso.
Na ocasião, o Atlético de Madrid condenou a atitude de seus torcedores e chegou a suspender três sócios por racismo contra Vinícius Jr. A LaLiga denunciou o caso, mas, três meses depois, o Ministério Público de Madri arquivou o inquérito. A entidade afirmou que as ofensas "duraram alguns segundos" e aconteceram em contexto de "máxima rivalidade".
5 de 5 Vini Jr responde sobre arquivamento de caso de racismo — Foto: ReproduçãoVini Jr responde sobre arquivamento de caso de racismo — Foto: Reprodução
Na Espanha, há uma legislação – desde 2007 - para casos de incidentes violentos no esporte, incluindo o racismo. A lei prevê que "infrações graves" de racismo podem gerar multas individuais de 60 mil a 650 mil euros, ou valores mais baixos - entre 3 mil e 6 mil euros. Além disso, os torcedores podem ser banidos e os clubes podem ficar sem seus estádios – por até dois meses a dois anos.
Ao mesmo tempo, há ainda o código de disciplina da Real Federação Espanhola – em que há possibilidade de acusam de omissão por não tomar providências para evitar casos de racismo. Apesar de todas essas previsões, os respectivos órgãos não têm o hábito de aplicar punições severas.
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